domingo, 25 de julho de 2010

Sobre Ricky Martin e otras cositas mas

Como todos já sabem e estão cansados de saber o cantor porto-riquenho, ex-Menudo, Ricky Martin, decidiu assumir publicamente a sua homossexualidade. Por ocasião do seu outing ele declarou: “Hoje eu aceito minha homossexualidade como um presente que a vida me dá, sinto-me abençoado por ser quem eu sou”. Como diria a Ana Carolina, é isso aí!

Ao contrário do que muitos infelizes apregoam por aqui, por acolá, não há nenhum problema em ser homossexual, seja do ponto de vista físico, psíquico ou espiritual. Homossexuais, sejam homens ou mulheres, são pessoas como quaisquer outras. Pessoas que amam, que sofrem, que choram, que riem, que gozam, que ficam tristes, deprimidas, alegres, eufóricas, que têm dúvidas, medos, que estudam, que pagam dívidas, impostos, que impulsionam a economia, pois trabalham e consomem, por vezes são perversas e mesquinhas, por vezes generosas e altruístas como qualquer ser humano feito à imagem e semelhança do Criador. Logo, não há nada que desabone o/a homossexual, a não ser as suas qualidades de caráter. Estas sim fazem alguns seres humanos serem melhores ou piores que outros. Nada mais que isso.

A sexualidade humana é dotada de uma diversidade inimaginável e a homossexualidade é apenas uma das inúmeras possibilidades que essa sexualidade encontra para se expressar. Se ela, a homossexualidade (assim como outras expressões sexuais que fogem dos padrões heterossexistas), encontra barreiras, obstáculos e costuma ser alvo de preconceitos de toda espécie, isso ocorre não por conta da homossexualidade em si, mas sim por problemas intrínsecos às sociedades heterossexistas que têm dificuldade em lidar com a pluralidade nelas existentes, especialmente as que dizem respeito aos comportamentos sexuais. Aqui reside o ponto mais intrigante de toda essa história. Por que os heterossexuais se sentem tão incomodados com a homossexualidade? O que há na homossexualidade que provoca tanta ojeriza nos meios heterossexuais? Será que é pelo fato de a homossexualidade, de alguma forma, trazer à tona desejos que os heterossexuais tentam a todo custo esconder ou pelo fato de ela inspirar liberdade, ou, talvez, pelo fato de os heterossexuais não saberem pelejar com a sua própria sexualidade? Estas são questões que merecem uma maior atenção, por isso discorrerei sobre elas numa outra oportunidade. Por hora digo apenas que são questões sobre as quais vale à pena debruçar-se.
Mas voltando ao Ricky Martin, entendo bem o que ele quis dizer quando declarou sentir-se abençoado em ser o que é, ou seja, homossexual. Por meio da sua homossexualidade ele construiu sua visão de mundo, aprendeu a amar a si mesmo, a amar ao próximo como a si mesmo (ou talvez mais que a si mesmo, dependendo de quem seja o próximo) e, também, conheceu as delícias de ser amado. Saber amar e ser amado é, sem dúvida alguma, uma grande benção, não importa como este amor se expresse. Desconfio que grande parte da humanidade desconheça esse fenômeno, caso contrário não haveria tantas desgraças e misérias espalhadas pelo mundo afora. Por essa razão afirmo sem receio de me enganar. Aqueles que sabem o que é amar e tem esse amor retribuído/correspondido são, de fato, abençoados pelos céus, sejam estes homossexuais ou heterossexuais. Quando o amor faz parte de nossas vidas, o ódio, o rancor, o despeito e a inveja não encontram espaço para penetrar nossas almas. E quando nossas almas estão plenas de amor, desejamos um mundo melhor para todos/as (por Coccinelle).
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O amor é lindo e tão bonitinho

As pessoas que aprenderam a amar e têm esse amor retribuído/correspondido, independentemente da sua orientação sexual, são, de fato, abençoadas, como declarou o Ricky Martin ao falar sobre a sua sexualidade. Elas são abençoadas porque quem ama vive feliz e quem é feliz tem uma alma imune ao ódio, ao rancor, ao despeito, à inveja e tantos outros sentimentos negativos que só nos puxam para baixo. Em outras palavras, pessoas bem amadas possuem uma alma leve, livre e solta. Pois bem, navegando pela internet encontrei o vídeo abaixo. Trata-se do beijo que o goleiro e capitão da seleção espanhola de futebol, Íker Casillas, deu na sua namorada, a bela jornalista esportiva, Sara Carbonero, na ocasião em que ela lhe perguntava como ele se sentia após ajudar a Espanha a conquistar o título inédito de campeã mundial na Copa da África do Sul. Sei que a Copa já acabou faz tempo e que ninguém agüenta mais ouvir falar nisso. Mas como acho o amor lindo (e tão bonitinho!), resolvi postar o vídeo desse beijo aqui nesse cantinho. Os dois formam mesmo um casal muito fofinho! Vale a pena ver e rever esse que foi um dos momentos mais bonitos, talvez o mais bonito, da Copa do Mundo 2010. Ao menos para mim (por Coccinelle).
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domingo, 18 de julho de 2010

Matemática política - Para conquistar evangélicos, Dilma pode contrariar homossexuais

Deu na coluna Radar da revista Veja desta semana: o presidente do Conselho Nacional de Pastores do Brasil, o pastor Manoel Ferreira, aceita ser o coordenador da campanha junto aos evangélicos. O problema é o “desde que”. Ferreira exigiu e Dilma aceitou. Ela prometeu que, se for eleita, não irá estimular a discussão ou tomar iniciativas em prol de causas que desagradam fortemente os evangélicos. São exemplos a legalização do aborto e a união estável entre homossexuais. “Dilma aceitou a proposta do pastor para que esses temas só sejam discutidos no Congresso por iniciativa dos próprios parlamentares, nunca do Executivo”, explica a nota de Lauro Jardim.

Segundo pesquisa do Datafolha, divulgada este ano, 25% dos brasileiros são evangélicos, o que corresponde a mais de 48 milhões de pessoas. Por outro lado, aproximadamente 18 milhões brasileiros são homossexuais, o equivalente a 9,3% da população. Então, pragmaticamente, pode-se dizer que Dilma vai sair no lucro? A matemática não é tão simples. Em 2009, o Ministério da Saúde divulgou “a maior pesquisa já realizada sobre comportamento sexual do brasileiro”. O estudo revelou que 10% dos homens e 5,2% das mulheres, entre 15 e 64 anos, já tiveram relação sexual com pessoa do mesmo sexo. Ou seja, o fator surpresa pode estar “dentro do armário” (por Bárbara Souza para o Política Hoje).

Nas próximas eleições, é preciso analisar bem e só escolher candidatos que, de fato, estejam comprometidos com as causas das minorias sociais e não, apenas, em chegar ao poder. E Para quem pensa que na política se resume a uma disputa inescrupulosa e nojenta pelo poder, favor ler a postagem abaixo, enviada para mim, por uma querida borboletinha que eu, Coccinelle, amo por demais da conta sô.

Argentina é o primeiro país da América Latina a aprovar a união homossexual

A Argentina se converteu na madrugada desta quinta-feira (15/07) no primeiro país da América Latina a autorizar o casamento entre homossexuais, com uma histórica e longa votação no Senado. A lei foi aprovada com 33 votos a favor, 27 contra e 3 abstenções, depois de uma sessão que durou mais de 13 horas e apesar da oposição da Igreja católica, que liderou uma intensa mobilização social para impedir a aprovação do projeto.

A iniciativa, apoiada pelo governo peronista da presidente Cristina Kirchner, acabou por aprovar a lei que autoriza os casamentos gays, fazendo com que a Argentina se converta no primeiro país da América Latina a autorizar esse tipo de união nacionalmente e o décimo no mundo, depois da Holanda, Bélgica, Espanha, Canadá, África do Sul, Noruega, Suécia, Portugal e Islândia.

A nova legislação visa a reformar o Código Civil mudando a fórmula de “marido e mulher” pelo termo “contraentes” e prevê igualar os direitos dos casais homossexuais com os dos heterossexuais, incluindo os direitos de adoção, herança e benefícios sociais. Na América Latina apenas eram reconhecidas até agora as uniões civis (que dão direitos mais ou menos ampliados) entre pessoas de mesmo sexo em dois países, Uruguai e Colômbia, e o casamento gay na Cidade do México.

“Hoje é um dia histórico. Pela primeira vez na Argentina se legisla para as minorias”, afirmou o senador Miguel Pichetto, chefe do bloco do peronismo. Ao apoiar a nova norma, o chefe do bloco da oposição radical, Gerardo Morales, afirmou que “chegou a hora de sancionar normas que se adaptem a novos modelos de vínculos familiares” e recordou a existência de “modelos de famílias diferentes (aos) que tínhamos há 30 ou 40 anos”.

Centenas de manifestantes que aguardavam o resultado diante do Parlamento na fria madrugada desta quinta festejaram a votação, que apoiou uma decisão da Câmara de Deputados aprovada há algumas semanas. Quando começava a sessão no Senado, foram registrados alguns incidentes entre os manifestantes favoráveis à lei e grupos católicos nas portas do Congresso. A maioria dos senadores rejeitou, além disso, uma moção que promovia a união civil sem direitos como o da adoção.

O projeto de casamento entre pessoas de mesmo sexo dividiu a sociedade, que se expressou nos últimos dias em manifestações a favor e contra a lei, e em fortes polêmicas entre o governo de Cristina Kirchner e a Igreja católica. A Igreja lançou na última semana uma forte ofensiva contra a lei e mobilizou na terça-feira milhares de seus fieis para pressionar contra sua aprovação.

A presidente Kirchner, de visita oficial à China, se colocou à frente das demandas da minoria homossexual, apesar de o projeto ter sido uma iniciativa do opositor socialista, e criticou a autoridade católica por convocar uma “guerra de Deus” contra o reconhecimento do casamento homossexual.
Antes de a lei ser votada, nove casais do mesmo sexo obtiveram desde dezembro passado permissões judiciais para contrair matrimônio por registro civil, alguns dos quais foram anulados por outros juízes, apesar de todos estarem em processo de apelação, inclusive na Suprema Corte (Fonte: FRANCE PRESSE).
PARABÉNS ARGENTINA! Que os ventos dos pampas soprem por toda a América Latina!

domingo, 11 de julho de 2010

Notícias nem um pouco frescas 1

A Primeira-Ministra da Islândia, Johanna Sigurdardottir, casou-se com a escritora Jonina Leosdottir, com quem já vivia há anos. Com a união, ela se tornou em todo o mundo a primeira chefe de governo nacional a oficializar uma união homossexual.

Johanna e Jonina já viviam um relacionamento formal desde 2002 e ingressaram com um pedido para que a união fosse convertida em casamento depois da aprovação da nova lei no Parlamento, ocorrida em 11 de junho. Não houve cerimônia de casamento. Johanna assumiu o posto de primeira-ministra no ano passado, depois da queda de um governo de centro-direita em meio a uma onda de protestos desencadeada pela crise econômica vivida pelo país.

Nascida em 1942, Johanna Sigurdardottir, do Partido Social Democrata, é a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro em seu país, além de ser a primeira chefe de governo declaradamente homossexual da história. A Islândia também teve a primeira mulher chefe de estado do mundo com a eleição da presidente Vigdís Finnbogadóttir em 1980. Sigurdardottir anunciou que a prioridade de seu governo será a economia e a proteção às famílias do país, que foi fortemente atingido pela crise financeira iniciada no final de 2008.

Johanna e Jonina inauguraram no país a lei recém-aprovada que define casamento como união consensual entre duas pessoas, independentemente do sexo e/ou gênero. A notícia foi divulgada na terça-feira 29/06. Johanna já foi hetero e tem um filho do casamento anterior (Fonte: Isto É, 07/07/2010, Agência Estado e Wikipédia).
Isso sim é pioneirismo! O resto é conversa fiada. E por falar em conversa fiada, quando será que os ventos islandeses irão soprar pela cena política e social brasileira? Será que eles chegam até aqui ou será que o nosso conservadorismo é uma geleira inquebrável? São tantas perguntas que eu, Coccinelle, já não sei o que pensar.

Notícias nem um pouco frescas 2

Pouco mais de um mês após entrar em vigor a lei que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal, dezoito casamentos já foram realizados e outros trinta e três estão agendados até ao final do ano, segundo dados do Ministério da Justiça.

No total, dezesseis processos de casamento entre pessoas do sexo feminino, sete já realizados, e trinta e cinco processos de casamento entre pessoas do sexo masculino, onze já efetuados.

O primeiro casamento registrado depois da nova lei foi celebrado entre Teresa Pires e Helena Paixão que são mães divorciadas e estão juntas desde 2003, “É uma grande vitória, um sonho que virou realidade”, disse Teresa, aos beijos e abraços com a parceira.
Com a nova lei, validada em 31 de maio, Portugal se tornou o sexto país da Europa a conceder este direito à população homossexual. Uma grande evolução, visto que até 1982, a homossexualidade era considerada crime na legislação do país. Oxalá os ventos portugueses soprem por aqui (por Cami Melo para Parada Lésbica).

Notícias nem um pouco frescas 3

Terminou a Copa do Mundo 2010. Tudo bem que o Brasil não disputou o título, mas a gente tem ao menos um motivo para comemorar a presença dos quatro times que chegaram às finais do campeonato. Uruguai, Espanha, Alemanha e Holanda estão entre os países onde a população LGBT tem acesso a direitos civis equivalentes aos concedidos aos heterossexuais.

Na Alemanha, por exemplo, as uniões homoafetivas são legalmente reconhecidas desde 2001, dando a casais gays direitos como pensão por morte do companheiro, herança e mudança de nome. Os militares abertamente homossexuais podem servir nas Forças Armadas sem dramas, conforme ordens publicadas em 2000. Já em 2004 foi dada permissão para que o casal homoafetivo adote o filho de uma das partes. Além disso, a Alemanha se orgulha de ter sido o primeiro país a incluir a identidade de gênero em leis nacionais anti-discriminação.

A Holanda é outra pioneira no respeito aos LGBT. O país foi o primeiro a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, isso em 2001. Mas o parlamento holandês já havia aprovado, em 1993, a "Lei dos Direitos Iguais". O texto não só proibiu a discriminação por orientação sexual, mas também abriu caminho para outros avanços. A adoção de crianças por homossexuais casados foi um deles.

Na Espanha, o governo do primeiro-ministro socialista José Luis Zapatero trouxe avanços bastante significativos para os LGBT. Para você ter uma ideia, em 2005 a legislação passou a permitir, de uma só tacada, o casamento e a adoção de crianças por homossexuais. No ano seguinte transexuais receberam sinal verde para trocar de gênero nos documentos sem necessariamente passarem por cirurgia de redesignação sexual. Uma história que virou emblema do caráter gay-friendly da Espanha foi a de um membro da Guarda Civil, que casou-se com seu parceiro logo que a lei do matrimônio foi aprovada. Os dois acabaram sendo autorizados para viverem maritalmente no quartel.

Já nossos vizinhos uruguaios nos colocam no chinelo não só no Mundial 2010, mas também no que tange aos direitos civis homossexuais. Exemplo na América do Sul, a nação descriminalizou a homossexualidade em 1934, reconhece as uniões civis desde 2008 e adoção desde 2009, mesmo ano em que as Forças Armadas abriram suas portas para os assumidos. A gente sabe que apenas um dos quatro países levou o caneco para casa, mas no que se refere ao respeito aos direitos civis de suas comunidades LGBT, todos batem o maior bolão, né? (por Irving Alves para o MixBrasil)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Poema Falado: Pensamentos e Le patrimoine

Os movimentos juvenis urbanos, a exemplo do hip hop, também se constituem, em muitos casos, como uma manifestação político-social expressiva das novas gerações das periferias dos grandes centros urbanos do mundo. Através dos traços coloridos dos grafites como também das rimas e ritmos dançantes do rap, o hip hop, além de uma expressão artística, também possui um acentuado teor de denúncia, protesto e reivindicação de inclusão social, funcionando como auto-falantes de um universo paralelo. Sejam estes os guetos negros de Nova Iorque, os banlieues parisienses ou as periferias das grandes cidades latino-americanas ou africanas, este universo paralelo é marcado por uma realidade social que submete milhares de jovens ao desemprego, à violência, à discriminação por conta dos seus endereços e ao preconceito racial e/ou xenófobo. Mesmo se o considerarmos apenas como expressão de uma arte de rua, percebe-se no hip hop uma demonstração da capacidade de improviso que esses jovens possuem quando se trata de defender seus conceitos ideológicos e sua visão do mundo no qual vivem. Por essa razão o Poema Falado deste mês presta uma homenagem ao movimento hip hop por meio das músicas-poemas Pensamentos, do grupo de rap brasileiro Somos Nós a Justiça (SNJ), e Le Patrimoine, do rapper africano Didier Awadi. Tudo isso embalado pela música do grupo canadense Radio Radio e por imagens broto de grafites produzidos em vários muros espalhados pelo mundo. Boa Leitura (por Sílvio Benevides)!
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