domingo, 27 de setembro de 2009

Por uma reforma gramatical!

Os mais conservadores alegam que as militantes feministas costumam ser radicais, pois se queixam e reclamam de tudo, ou seja, vivem procurando chifre em cabeça de cavalo, piolho em cobra e cabelo em casca de ovo. Será? Então vejamos: o machismo da nossa sociedade se reflete até mesmo na gramática. Quer ver só? Quando a maioria das pessoas presentes em um lugar qualquer é formada por mulheres, como fica o plural? Sempre masculino, mesmo que haja apenas um ou dois homem em um grupo de cinqüenta mulheres. Quer ver de novo? Observe só o tratamento machista (que recebi por e-mail) existente na gramática portuguesa das ruas e digam se as feministas tem ou não razão.

CÃO – melhor amigo do homem.
CADELA – puta.

VAGABUNDO – homem que não faz nada.
VAGABUNDA – puta.

TOURO – homem forte.
VACA – puta.

PISTOLEIRO – homem que mata pessoas.
PISTOLEIRA – puta.

AVENTUREIRO – homem que se arrisca, viajante, desbravador.
AVENTUREIRA – puta.

GAROTO DE RUA – menino que vive na rua.
GAROTA DE RUA – puta.

HOMEM DA VIDA – pessoa letrada pela sabedoria adquirida ao longo da vida.
MULHER DA VIDA – puta.

HOMEM PÚBLICO – políticos ou administradores públicos.
MULHER PÚBLICA – puta.

O GALINHA – o “picudo”, que traça todas.
A GALINHA – puta.

TIOZINHO – irmão mais novo do pai.
TIAZINHA – puta.

FEITICEIRO – profundo conhecedor de alquimias.
FEITICEIRA – puta.

ROBERTO JEFFERSON, ZÉ DIRCEU, PAULO MALUF, JADER BARBALHO, EURICO MIRANDA, JOSÉ SARNEY – políticos (?!).
A MÃE DELES – putas.

PUTO – nervoso, irritado, bravo.
PUTA – puta.

Depois de ler esta postagem:
HOMEM – vai sorrir.
MULHER – vai ficar puta.

Por que o que não presta é sempre atribuído à puta? E por que putaria é sempre sinônimo de balbúrdia e de algo que não se deve levar à sério? E que mal há em ser puta? Ai, ai, viu! Durma com um barulho desses... (por Coccinelle)

domingo, 20 de setembro de 2009

A luz que não se apaga

Luz del Fuego Nasceu em 21 de fevereiro de 1917, ano da Revolução Russa, em Cachoeiro do Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, numa madrugada de carnaval. Fora batizada com o nome de Dora Vivacqua. Era a décima quinta filha de Antônio Vivacqua e Etelvina Vivacqua.

Em 1929, após passar alguns anos morando em Belo Horizonte, sua família decide voltar para a cidade de Cachoeiro. Por essa época, Dora já estava entrando na adolescência e seu gênio forte começava a se revelar, não aceitando ordens ou opiniões de ninguém sobre sua vida.

Em 1932 ocorre o assassinato do seu pai por antigos inquilinos, que dias antes ele havia despejado de um dos seus vários terrenos. Dora estava com quinze anos e se sentia sufocada na pequena cidade de Cachoeiro. Para ela, até mesmo a capital, Vitória, parecia-lhe sufocante. Queria ir para o Rio de Janeiro, então capital federal. Abominava o uso do sutiã. Desfilava pela praia de Marataízes de calcinha e bustiê improvisado com lenços, numa época em que o biquíni sequer era imaginado. Com a morte do esposo, Etelvina decide voltar para Belo Horizonte. Dora vai junto, mas logo em seguida viaja para o Rio de Janeiro sob a tutela de seu irmão Attilio.

Em 1936, Dora já com 19 anos, inicia um romance com José Mariano Carneiro da Cunha Neto, membro de uma das mais importantes famílias do Rio de Janeiro. Seu irmão Attilio, que era contra o namoro, a despacha de volta para a casa da família em Minas Gerais. Esse retorno vai marcar definitivamente a vida de Dora.

De volta à casa materna, Dora passa a ser assediada e molestada pelo cunhado Carlos, um dos maiores empreiteiros do Brasil à época e esposo da sua irmã Angélica. Certo dia, Angélica flagra seu marido bolinando a irmã no quarto do casal. A maior parte da família preferiu acreditar nas mentiras de Carlos e tomou Dora como esquizofrênica. Isso lhe custou dois meses de internação no Hospital Psiquiátrico Raul Soares, em Belo Horizonte, e dez quilos a menos.

Sabendo do acontecido, seu irmão Achilles proibiu Carlos de freqüentar a casa dos Vivacqua (o que aconteceu até que Achilles morresse em dezembro de 1942). Preocupado com o estado que Dora deixou o hospital, Achilles consegue convencê-la a passar uma temporada na fazenda de Archilau, um dos seus irmãos mais velhos.

Na fazenda do irmão Dora tinha total liberdade. Um dia apareceu estilizada de Eva – com três folhas de parreira presa nos seios e no púbis, além de duas cobras-cipós como braceletes – para o filho do administrador da fazenda, responsável em acompanhá-la onde quer que fosse. Quando repreendida por Archilau, atirou-lhe um vaso de cristal na testa. Toda esta rebeldia causou uma segunda internação, desta vez na Casa de Saúde Dr. Eiras, famosa clínica psiquiátrica do Rio de Janeiro. Mais uma vez seu irmão Achilles intervém, levando-a para morar com a irmã Mariquinhas em Cachoeiro.

Em 1937 Dora decide fugir para o Rio de Janeiro. De volta à capital federal, ela retoma seu romance com Mariano, porém não aceita oficializar a relação. Resolve se tornar pára-quedista, mas Mariano a proíbe. Apaixonada, interpreta a proibição do namorado como uma demonstração de amor. As desavenças e o fim do romance começaram a ocorrer de fato quando Dora decidiu fazer um curso de dança na academia Eros Volúsia.

Em 1944 Dora se torna uma artista. Sua estréia ocorreu no picadeiro do Circo Pavilhão Azul, em companhia do casal de jibóias Cornélio e Castorina. O nome que inicialmente adotava era o de Luz Divina. A figura exótica da personagem de Dora era reforçada pelas chamadas do apresentador do espetáculo: "E atenção, senhoras e senhores! Chegou o momento da grande atração da noite! Com vocês, a única, a exótica, a mais sexy e corajosa bailarina das Américas! Luz Divina e suas incríveis serpentes!". A platéia delirava.

Em 1947 nasce Luz del Fuego, personagem que imortalizaria Dora Vivacqua. Por sugestão do amigo e palhaço Cascudo, Luz Divina se transformou em Luz del Fuego, nome de um batom argentino recém-lançado no mercado. Segundo seu amigo, nomes estrangeirados atraíam mais o público. Dora acatou de imediato a sugestão, pois acreditava que a imagem do fogo marcava o início de uma nova vida e o fim daquela que anteriormente levava.

Por já haver tirado vários circos da falência com seus espetáculos, o casal Juan Daniel e Mary Daniel, donos do Follies, um pequeno teatro em Copacabana, resolveu contratar Luz del Fuego. Suas falas – que nunca decorava – ficavam sob responsabilidade de um jovem membro da família que, aos doze anos, ingressava na carreira artística, o hoje conhecido diretor Daniel Filho.

O espetáculo Mulher de Todo Mundo, estrelado por Luz, fez muito sucesso. As notas na imprensa começaram a aparecer com grande freqüência. Mesmo desvinculada do nome Vivacqua, as atividades de Luz causavam incômodo à família. Seu irmão Attilio havia sido eleito senador da república e uma irmã dançarina, de acordo com os padrões vigentes na época, depunha contra a moral de um homem público. Não bastasse isso, Luz resolveu publicar seu diário com o título de Trágico Black-Out. Trechos comprometedores, como a sedução pelo cunhado, e fatos que aludiam a uma prostituição assumida davam o tom do livro. Attilio conseguiu comprar mais da metade da edição (cerca de mil exemplares) para colocar fogo nos volumes. No final da sua autobiografia, Luz anunciava um segundo livro com o sugestivo nome de Rendez-vous das Serpentes.

No início dos anos 50 as idéias naturistas vinculadas à prática do nudismo, apresentadas em Trágico Black-Out, começaram a ser vivenciadas por Luz. Começou a reunir um pequeno grupo de amigas na praia de Joatinga, próximo à sua casa na avenida Niemeyer. Apesar de ser uma praia deserta devido ao difícil acesso, Luz sempre ia à praia acompanhada dos amigos Domingos Risseto, Miss Gilda e Miss Lana (estes últimos, transformistas), alguns cães e o casal de jibóias Cornélio e Castorina, segundo ela, sua maior garantia contra os abelhudos. Na concepção de Luz, "Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder". Assim, ela começou a tornar públicas suas idéias a cerca do nudismo-naturalismo num país onde o uso do maiô de duas peças nas praias não era sequer cogitado e o culto ao corpo se resumia aos concursos de Miss.

Apesar de praticar o nudismo numa praia absolutamente deserta e de difícil acesso, a polícia ainda assim, julgou imoral tal prática e acabou prendendo todos os nudistas. Luz percebeu então que o nudismo colocaria suas idéias em evidência. Publicou mais um livro autobiográfico, A Verdade Nua, no qual lançava as bases de sua filosofia naturista. A família, desta vez, não precisou se preocupar, pois as próprias autoridades se encarregaram de dar sumiço à obra. A segunda edição foi vendida por reembolso postal. A renda seria destinada à aquisição de uma ilha na qual instalaria a sede de seu clube naturista.

Luz del Fuego causava furor onde se apresentava. Do Rio de Janeiro, passou a ser conhecida em todo o Brasil, chegando até mesmo a ser capa da famosa revista norte-americana Life. Seus shows eram garantia de bilheteria certa e levavam todos ao delírio. Era o tempo das vedetes: Mara Rúbia, Virgínia Lane e Elvira Pagã, sua maior rival.

Luz doava rendas de seus espetáculos para instituições beneficentes, fazendo leilões de si mesma. Foi multada e detida para interrogatórios inúmeras vezes. Quando era liberada pela polícia, saía alardeando em praça pública que as autoridades que insistentemente ordenavam sua detenção (delegados, juizes, prefeito) se comportavam de maneira muito duvidosa, porque, segundo ela, um homem de verdade não se ofende com a nudez de uma mulher, pois sabe apreciar a beleza do corpo feminino. Por causa dessas declarações era detida por desacato à autoridade.

Seus irmãos começavam a projetar seus nomes em diversas áreas da vida social, principalmente na política, no comércio e nas artes. O parentesco com a escandalosa Luz del Fuego passou a ser algo incômodo para eles, que passaram a persegui-la sem trégua. Attilio comprava edições inteiras das revistas em que Luz aparecia e a culpou por ter perdido as eleições para governador do Espírito Santo (durante a campanha, seu adversário alardeava pelo interior do Estado que o senador Vivacqua era irmão de uma mulher suja e demoníaca).

Luz se aproveitava da situação. Quando necessitava de dinheiro, ameaçava dançar nua nas escadarias do Senado. Attilio a chamava de chantagista, mas ela retrucava, alegando que estava apenas cobrando a parte da herança paterna que os irmãos lhe haviam surrupiado.

Juntamente com seu amigo e parceiro de palco, Domingos Risseto, Dora, à custa de espetáculos gratuitos que fazia seminua nas escadarias do Teatro Municipal, criou o PNB - Partido Naturalista Brasileiro. Seu irmão Attilio, no entanto, graças à sua influência política, conseguiu impedir o registro do partido.

A fim de conseguir a concessão de uma ilha para a sede de sua colônia naturista, Dora seduziu o Ministro da Marinha, que lhe concedeu uma ilha em Tapuama de Dentro. Dois terços da ilha, de seus oito mil metros quadrados, eram formados por rochas, cactos e arbustos secos. Dora se sentiu enganada. Teve vontade de desistir, mas como isto não era de sua natureza, fundou nesse lugar aparentemente inóspito a famosa e polêmica Ilha do Sol.

A Ilha do Sol foi o primeiro recanto naturista publicamente conhecido no Brasil e, por conseqüência, criticado indiscriminadamente. Passou a ser uma das grandes atrações turísticas do Rio de Janeiro, apesar de não fazer parte dos roteiros oficiais. Várias estrelas do cinema americano conheceram a ilha: Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Tyrone Powel, César Romero, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve MacQueen, que encerrou sua temporada de uma semana na ilha depois de acordar com uma das jibóias de Luz sobre seu peito. Em 1959, Jayne Mansfield e seu marido aportaram na ilha, mas foram proibidos de descer pois Jane não queria ficar nua.

Luz passou a viver exclusivamente para a sua Ilha do Sol, o que acabou consumindo suas economias. Com o avanço da idade, o mito começou a conhecer o ocaso. Seus amantes deixaram de ser homens influentes e ricos.

No dia 19 de julho de 1967 os irmãos Alfredo Teixeira Dias e Mozart, o Gaguinho, armaram uma emboscada para Luz del Fuego para dela se vingarem, pois as ações criminosas de Mozart haviam sido apontadas à polícia por Luz. Os dois atraíram Luz ao seu barco e a mataram. Fizeram o mesmo com o caseiro Edgar. O crime só foi desvendado duas semanas depois, a partir do depoimento que um coveiro deu aos jornalistas Mauro Dias, do jornal O Dia e Mauro Costa, do jornal Última Hora. Alfredo foi preso e confessou a participação nas mortes. Os corpos foram resgatados no dia 01 de agosto. Gaguinho conseguiu escapar, mas após uma troca de tiros com a polícia, que acabou matando um Cabo, ele foi preso. A morte de Luz del Fuego poderia não importar à polícia, mas a de um colega militar, em plena ditadura, era algo imperdoável. Os assassinos de Luz foram condenados à pena máxima, que cumpriram no manicômio judiciário do Rio de Janeiro. Com a morte de Luz, o grupo que a seguia se dissipou, fazendo que o naturismo ficasse restrito a algumas famílias que praticavam a nudez social em pontos isolados do país. Seu nome, no entanto, não foi esquecido pois ficou escrito nas estrelas (por Coccinelle).

domingo, 13 de setembro de 2009

Homofobia na política brasileira

Vítimas da intolerância sexual, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros são caçados diariamente nas comunidades do Rio. Conforme O DIA mostrou em série de reportagens, os homossexuais que moram nas favelas cariocas são alvo do preconceito e da ira de milicianos e traficantes. Muitos acabam assassinados por causa de sua orientação sexual. O aumento dessa violência, que já invadiu até as salas de aula, chamou a atenção da senadora Fátima Cleide (PT-RO). Relatora do projeto de lei que criminaliza a homofobia, ela afirma que o Congresso Nacional é homofóbico. Inconformada com a dificuldade para aprovar a medida, a senadora foi à tribuna mostrar as reportagens e cobrar atitude dos demais parlamentares (por Mahomed Saigg).
O DIA: O que falta para a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia no Brasil?
Fátima Cleide
: Relatei o projeto de lei em março de 2008. Mas até agora ele não pôde ser votado sequer na Comissão de Assuntos Sociais por causa de pedidos de vista e votos em separado feitos por alguns senadores. A verdade é que esta proposta tem enfrentado grande rejeição por parte de parlamentares que compõem a Frente Evangélica no Congresso, que são contra sua aprovação.
E o que esses políticos dizem sobre a violência gerada pela homofobia?
O Congresso Nacional é reflexo da sociedade. Como boa parte dos brasileiros tem preconceito, muitos têm receio político de se posicionar na defesa dos direitos humanos, sobretudo de homossexuais. O Congresso é muito homofóbico.
Por quê?
Por causa das próprias atitudes dos parlamentares. Aqui mesmo no Congresso é comum a gente ouvir piadas sobre a orientação sexual de deputados e senadores.
Quais as principais consequências da demora na aprovação desta lei?
Como não existe punição para quem age de maneira homofóbica no Brasil, o preconceito não para de aumentar. E está ficando cada vez mais violento. Uma das principais consequências dessa falta de punição é o isolamento de lésbicas, gays e travestis, que estão ficando cada vez mais limitados a guetos na sociedade.
Como a senhora vê a homofobia nas salas de aula?
Esse problema é gravíssimo porque aumenta a violência nas escolas e a evasão escolar. Hoje em dia, para um homossexual sobreviver na escola, é preciso que tenha muita determinação e força de vontade, porque o preconceito é muito grande. Mas nem sempre isso é suficiente. Se um aluno homossexual é perseguido no colégio, a tendência é que ele não volte nunca mais. Por isso é importante que os professores estejam preparados para lidar com situações como essa.
Muitos homossexuais dizem que não conseguem ingressar no mercado de trabalho. A senhora acredita que esta dificuldade está atrelada à homofobia?
Não há dúvidas de que sim. Se pessoas com alta preparação têm dificuldade para conseguir um emprego, imagina um homossexual que não consegue concluir sequer o Ensino Fundamental! Esse é o caso de muitos gays e lésbicas que abandonam a escola antes de concluir os estudos por causa da perseguição que sofrem.
A senhora acha que a homofobia é mais grave nas favelas e subúrbios?
O preconceito está em todo lugar. Mas nas favelas e periferias, a homofobia é ainda maior. É onde ela se apresenta da forma mais violenta. É também onde ela é mais consentida pela população, que finge não ver o que está acontecendo.
O que fazer para conseguir reverter este quadro?
A homofobia é uma questão cultural, que só será superada com educação. A escola tem um papel fundamental no processo de superação dessa questão. Mas nós já atingimos um patamar tão grande de violência que só a educação não resolve. Por isso insistimos na criminalização da homofobia.

domingo, 6 de setembro de 2009

Poema Falado: Filosofia do Gesto ou Pernambucobucolismo

Lembro-me bem do que escreveu Fernando Pessoa no seu Palavras do Pórtico. Escreveu ele: Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:Navegar é preciso; viver não é preciso*. Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça. Quero para mim o espírito dessas palavras a fim de transformá-las em minhas e, desta forma, poder dizer: DESCOLAR-SE É PRECISO!

O Poema Falado deste mês discorre sobre o bucólico ato de descolar-se. Reúne quatro poemas: Filosofia do Gesto, de Mel de Carvalho, falado por Sílvio Benevides; Poema para Amsterdam, de Sérgio LDS; Lisboa, de Coimbra de Resende; Vielas de Alfama, belíssimo fado de Maximiano de Sousa e Arthur Ribeiro; e, por fim, Pernambucobucolismo, canção viandante composta por Marisa Monte e Rodrigo Campelo, interpretada pela própria Marisa Monte. Boa Leitura!
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*NOTA: “Navigare necesse; vivere non est necesse”, frase atribuída a Pompeu (106-48 aC.), general romano, dita aos marinheiros que, amedrontados, recusavam viajar durante a guerra.