domingo, 25 de dezembro de 2011

Poema Falado: Versos de Natal

Como diria a Simone, então é Natal! Mais uma vez, Natal! Até onde sei nessa data os cristãos se reúnem para celebrar o nascimento do verbo que se fez carne e sangue a fim de nos redimir por meio do amor, o seu maior legado. Esse é o verdadeiro espírito do Natal, ou ao menos deveria ser. Entretanto, o que temos visto ultimamente é uma festa que a cada ano se distancia mais e mais da sua essência, tornando-se uma verdadeira orgia consumista. Orgia esta que pouco a pouco mata o Menino Jesus, assim como todos os meninos e meninas que em cada um de nós existe. Eu digo “mata” porque precisamos crescer com urgência para que, com urgência, nos tornemos consumidores ávidos e eficientes. Não tenho nada contra o consumo, tampouco odeio o bom velhinho. Quero apenas lembrar que o Natal existe porque o Menino Jesus nasceu. E é justamente para celebrar esse nascimento que o Poema Falado deste mês traz os Versos de Natal do Manuel Bandeira, escritos em 1939, que nos dizem: “Espelho, amigo verdadeiro / Tu refletes as minhas rugas, / Os meus cabelos brancos, / Os meus olhos míopes e cansados. / Espelho, amigo verdadeiro, / Mestre do realismo exato e minucioso, / Obrigado, obrigado! / Mas se fosses mágico, / Penetrarias até o fundo desse homem triste, / Descobririas o menino que sustenta esse homem, / Que não morrerá senão comigo, / O menino que todos os anos na véspera do Natal / Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta”. Boa áudio-leitura e Feliz Natal! (por Silvio Benevides)




segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Quantas mães mais deverão chorar a morte de seus filhos até que a homofobia seja criminalizada no Brasil?

A ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - é uma entidade de abrangência nacional que congrega 257 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.

Desta forma hoje, nesse país que mais assassina lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no mundo, nossas lágrimas se juntam às da família de Alexandre Ivo, jovem adolescente de 14 anos, que foi sequestrado, torturado e brutalmente assassinado em 21 de junho de 2010 por três algozes que tinham pelo menos o dobro de sua idade e porte físico muito superior. Torturado por aproximadamente 3 horas e assassinado por simplesmente ser diferente. Exatamente hoje, 30 de novembro de 2011, Alexandre teria completado 16 anos. Conheça mais sobre a história de Alexandre e sua família no blog Alexandre (V)Ivo e no Facebook.


Alexandre Ivo, adolescente de 14 anos, juntamente com centenas de outros assassinados em 2010, não podem voltar mais, porém a sociedade, o Senado e a Câmara de Deputados junto com a ABGLT, junto com as “Mães pela Igualdade” e outras redes LGBT e de direitos humanos podem impedir novos assassinatos e a dor materna da ausência de seus filhos.

A exemplo da Lei Maria da Penha, a lei que será criada para combater a homofobia será batizada de Lei Alexandre Ivo, em homenagem ao adolescente e aos milhares de pessoas LGBT assassinadas no Brasil. A lei visa proteger também heterossexuais vítimas de homofobia, como foi o caso do pai que teve a orelha decepada, pois todo comportamento que foge aos padrões estabelecidos por estes assassinos, correm riscos. Em nosso país, pai não pode beijar seus filhos homens! Conheça mais sobre o projeto de lei - PLC 122.


Somos todos e todas Alexandre Ivo! Sejamos favoráveis à igualdade entre os/as brasileiros/as independente de gênero, identidade de gênero, etnia, confissão religiosa ou orientação sexual. O ódio ao público LGBT não é divino e tampouco humano! Neste dia do aniversário de Alexandre Ivo, vamos todos/as gritar: somos Alexandre Ivo!

No dia 8 de dezembro, a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal deverá votar a Lei Alexandre Ivo. A ABGLT convida a todo/a e qualquer cidadã e cidadão, bem como entidades e órgãos no Brasil, a lutarem por justiça! Temos a chance e contamos com você. Liguem 0800 61 22 11, gratuitamente, inclusive de celular, e deixem seu recado para os senadores do seu estado, pedindo que votem favorável ao PLC 122 - Lei Alexandre Ivo. Lei que criminaliza a homofobia no Brasil. Você deve fazer o cadastro – É rápido, e fácil. O pedido também pode ser feito por meio da Ouvidoria do Senado. [Na mensagem pode ser utilizado o seguinte texto: “Nobres senadores e senadoras. Solicito a aprovação no próximo dia 08 de dezembro da Lei Alexandre Ivo, que visa criminalizar a homofobia no país, crime de ódio que, além de atentar contra a segurança da população, fere a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento do qual o Brasil é signatário. Rogo aos membros da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal que não permitam que a nossa Nação venha a padecer nas trevas do obscurantismo anti-laicista”, ou o texto que você preferir].

Centenas de pessoas já o fizeram no Brasil. Estamos esperando sua vez para o Brasil parar de derramar sangue inocente. Hoje somente quem faz oposição são religiosos homofóbicos fundamentalistas que não têm compromisso com os direitos humanos.



Para a ABGLT, familiares, parentes e amigos, todo APOIO ao projeto de lei ALEXANDRE IVO. Isso pode traduzir os anseios, respostas e demandas de luta pela vida e pela igualdade, cidadania, respeito ao público LGBT no BRASIL.

Em memória de Alexandre Ivo e tantos/as que já foram espancadas/os e assassinadas/os por ódio, discriminação e repulsa pelo simples fato de SER DIFERENTE. Não se cale! Ligue e expresse seu amor: 0800 61 22 11. 14 pesquisas científicas nacionais comprovam que 70% da população LGBT já sofreram discriminação por serem o que são, e 20% já sofreram violência física pelos mesmos motivos. Alexandre Ivo vive em nossos corações e mentes. Sua morte e os pelo menos 3.446 assassinatos de pessoas LGBT de que se tem conhecimento não podem ficar impunes (por ABGLT).



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dia mundial de combate a SIDA/AIDS: a doença no Brasil

Desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2011, O Brasil tem 608.230 casos registrados de AIDS (condição em que a doença já se manifestou), de acordo com o último Boletim Epidemiológico. Em 2010, foram notificados 34.218 casos da doença e a taxa de incidência de aids no Brasil foi de 17,9 casos por 100 mil habitantes.

Observando-se a epidemia por região em um período de 10 anos, 2000 a 2010, a taxa de incidência caiu no Sudeste de 24,5 para 17,6 casos por 100 mil habitantes. Nas outras regiões, cresceu: 27,1 para 28,8 no Sul; 7,0 para 20,6 no Norte; 13,9 para 15,7 no Centro-Oeste; e 7,1 para 12,6 no Nordeste. Vale lembrar que o maior número de casos acumulados está concentrado na região Sudeste (56%).

Atualmente, ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Esse aumento proporcional do número de casos de aids entre mulheres pode ser observado pela razão de sexos (número de casos em homens dividido pelo número de casos em mulheres). Em 1989, a razão de sexos era de cerca de 6 casos de AIDS no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2010, chegou a 1,7 caso em homens para cada 1 em mulheres.

A faixa etária em que a aids é mais incidente, em ambos os sexos, é a de 25 a 49 anos de idade. Chama atenção a análise da razão de sexos em jovens de 13 a 19 anos. Essa é a única faixa etária em que o número de casos de aids é maior entre as mulheres. A inversão apresenta-se desde 1998. Em relação aos jovens, os dados apontam que, embora eles tenham elevado conhecimento sobre prevenção da aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, há tendência de crescimento do HIV.

Quanto à forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade, prevalece a sexual. Nas mulheres, 83,1% dos casos registrados em 2010 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 42,4% dos casos se deram por relações heterossexuais, 22% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante ocorreu por transmissão sanguínea e vertical.

Apesar de o número de casos no sexo masculino ainda ser maior entre heterossexuais, a epidemia no país é concentrada. Ao longo dos últimos 12 anos, a porcentagem de casos na população de 15 a 24 anos caiu. Já entre os gays a mesma faixa houve aumento de 10,1% entre os gays da mesma faixa. Em 2010, para cada 16 homossexuais dessa faixa etária vivendo com AIDS, havia 10 heterossexuais. Essa relação, em 1998, era de 12 para 10.

Em números absolutos, é possível ver como a redução de casos de AIDS em menores de cinco anos é expressiva: passou de 863 casos, em 2000, para 482, no ano passado. Comparando-se os anos de 2000 e 2010, a redução chegou a 55%. O resultado confirma a eficácia da política de redução da transmissão vertical do HIV (da mãe para o bebê).

Quando todas as medidas preventivas são adotadas, a chance de transmissão vertical cai para menos de 1%. Às gestantes, o Ministério da Saúde recomenda o uso de medicamentos antirretrovirais durante o período de gravidez e no trabalho de parto, além de realização de cesárea para as mulheres que têm carga viral elevada ou desconhecida. Para o recém-nascido, a determinação é de substituição do aleitamento materno por fórmula infantil (leite em pó) e uso de antirretrovirais.

Atento a essa realidade, o governo brasileiro tem desenvolvido e fortalecido diversas ações para que a prevenção se torne um hábito na vida dos jovens. A distribuição de preservativos no país, por exemplo, cresceu mais de 60% entre 2005 e 2010 (de 202 milhões para 327 milhões de unidades). Os jovens são os que mais retiram preservativos no Sistema Único de Saúde (37%) e os que se previnem mais. Modelo matemático, calculado a partir dos dados da PCAP de 2008, mostra que quanto maior o acesso à camisinha no SUS, maior o uso do insumo. A PCAP é a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas relacionada às DST e AIDS da População Brasileira de 15 a 64 anos de idade.

Em relação à taxa de mortalidade, o Boletim também sinaliza queda. Em 12 anos, a taxa de incidência baixou de 7,6 para 6,3 a cada 100 mil pessoas. A queda foi de 17%.

Questões de vulnerabilidade – O levantamento feito entre jovens, realizado com mais de 35 mil meninos de 17 a 20 anos de idade, indica que, em cinco anos, a prevalência do HIV nessa população passou de 0,09% para 0,12%. O estudo também revela que quanto menor a escolaridade, maior o percentual de infectados pelo vírus da AIDS (prevalência de 0,17% entre os meninos com ensino fundamental incompleto e 0,10% entre os que têm ensino fundamental completo).

O resultado positivo para o HIV está relacionado, principalmente, ao número de parcerias (quanto mais parceiros, maior a vulnerabilidade), à coinfecção com outras doenças sexualmente transmissíveis e às relações homossexuais. O estudo é representativo da população masculina brasileira nessa faixa etária e revela um retrato das novas infecções. Veja também o BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 2011 (Fonte: Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde do Brasil).

Por que usar a camisinha?

A camisinha é o método mais eficaz para se prevenir contra muitas doenças sexualmente transmissíveis, como a aids, alguns tipos de hepatites e a sífilis, por exemplo. Além disso, evita uma gravidez não planejada. Por isso, use camisinha sempre.

Mas o preservativo não deve ser uma opção somente para quem não se infectou com o HIV. Além de evitar a transmissão de outras doenças, que podem prejudicar ainda mais o sistema imunológico, previne contra a reinfecção pelo vírus causador da aids, o que pode agravar ainda mais a saúde da pessoa.

Guardar e manusear a camisinha é muito fácil. Treine antes, assim você não erra na hora. Nas preliminares, colocar a camisinha no(a) parceiro(a) pode se tornar um momento prazeroso. Só é preciso seguir o modo correto de uso. Mas atenção: nunca use duas camisinhas ao mesmo tempo. Aí sim, ela pode se romper ou estourar.

A camisinha é impermeável – A impermeabilidade é um dos fatores que mais preocupam as pessoas. Pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos esticaram e ampliaram 2 mil vezes o látex do preservativo masculino (utilizando-se de microscópio eletrônico) e não foi encontrado nenhum poro. Em outro estudo, foram examinadas as 40 marcas de camisinha mais utilizadas em todo o mundo. A borracha foi ampliada 30 mil vezes (nível de ampliação que possibilita a visão do HIV) e nenhum exemplar apresentou poros.

Em 1992, cientistas usaram microesferas semelhantes ao HIV em concentração 100 vezes maior que a quantidade encontrada no sêmen. Os resultados demonstraram que, mesmo nos casos em que a resistência dos preservativos mostrou-se menor, os vazamentos foram inferiores a 0,01% do volume total. Ou seja, mesmo nas piores condições, os preservativos oferecem 10 mil vezes mais proteção contra o vírus da aids do que a sua não utilização.

Onde pegar – O preservativo masculino é distribuído gratuitamente em toda a rede pública de saúde. Caso não saiba onde retirar, ligue para o Disque Saúde (0800 61 1997). Também é possível pegar camisinha em algumas escolas parceiras do projeto Saúde e Prevenção nas Escolas.

Você sabia... Que o preservativo começou a ser distribuído pelo Ministério da Saúde em 1994?

Como é feita a distribuição – A compra da maior parte de preservativos e géis lubrificantes disponíveis é feita pelo Ministério da Saúde. Aos governos estaduais e municipais cabe a compra e distribuição de, no mínimo, 10% do total de preservativos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e de 20% nas regiões Sudeste e Sul. Veja a distribuição nos estados. Após a aquisição, os chamados insumos de prevenção saem do Almoxarifado Central do Ministério da Saúde, do Almoxarifado Auxiliar de São Paulo e da Fábrica de Preservativos Natex e seguem para os almoxarifados centrais dos estados e das capitais (Fonte: Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde do Brasil).

domingo, 27 de novembro de 2011

Combater a intolerância é uma luta em defesa da vida, da paz e da democracia

Ao ouvir, ver e ler tantas notícias sobre intolerância em geral e sobre homofobia, em particular, eu, Coccinelle, fico a me perguntar o que o Estado brasileiro está esperando para deter e/ou controlar e/ou combater a intolerância de todo tipo. Em nome das liberdades democráticas e da liberdade de expressão fundamentalistas de plantão disseminam o ódio e a violência sem que nenhuma providência seja tomada para coibir esse tipo de ação. O que estamos esperando?! Que nos tornemos uma sociedade, um país, uma nação nazista?!!! Vejam abaixo o absurdo que recolhi do blog do LEONARDO SAKAMOTO e depois me digam se o Estado brasileiro precisa ou não precisa tomar providências urgentes antes que o câncer da intolerância se espalhe e leve à degeneração toda a sociedade brasileira.

Cuidado. Silas Malafaia pode “arrombar” você – Pensei muito antes de ofertar o Troféu Frango ao líder da Igreja Vitória em Cristo. Dois colegas jornalistas de grandes redações que acompanham a sua trajetória me perguntaram se isso não seria redundante, chover no molhado. Sim, o polêmico líder religioso é conhecido por declarações bizarras na defesa de uma visão conservadora, para dizer o mínimo. Seus discursos, não raras vezes, ultrapassam o limite da responsabilidade, confundindo liberdade religiosa e de expressão com uma guerra intolerante de ódio à diferença.

Desta vez, ele (novamente) passou dos limites. Em entrevista à revista Época, disse que iria “funicar” (sic), “arrombar” e “arrebentar” Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Malafaia ameaçou processar Toni por conta de um vídeo em que o pastor aparece dizendo: “É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, baixar o porrete em cima”. Malafaia estaria se referindo ao um grupo de homossexuais que, segundo ele, teriam ridicularizado símbolos católicos na Parada Gay de São Paulo. Na sequência, o vídeo traz uma reportagem a respeito das agressões contra um casal gay que sofreu na avenida Paulista, em São Paulo.

Sobre o caso, disse: “Eu vou arrebentar o Toni Reis. Eu não tenho advogado de porta de xadrez. A minha banca aqui de advogados é uma das maiores que tem. Eu vou funicar (sic) esse bandido, esse safado.” E completou: “baixaria do movimento gay” é “coisa de bandido” e de “mau caráter”. E depois de falar da queixa crime, completou: “Eu vou arrombar com esses…” No final da matéria no site da revista, é possível ouvir o áudio da entrevista.

Toni e a associacão encaminharam o material ao Ministério Público Federal para checar se o caso configura incentivo à violência e à discriminação. Em nota oficial, a ABGLT afirmou que: “É notória a incitação da violência contra homossexuais perpetrada por Silas Malafaia em seu programa televisivo. Boa parte de suas intervenções extrapolam o limite razoável, porque constituem-se em violações dos direitos humanos, notadamente os princípios da igualdade, da dignidade da pessoa humana e do pluralismo. A liberdade de expressão e a liberdade religiosa devem ser respeitadas. Porém, não devem estar acima dos demais direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal. Canais de televisão são concessões públicas. Não podem dar guarida a conteúdos discriminatórios”. Também disse que “o que o pastor Malafaia faz é agredir milhões de brasileiros, desqualificar seus estilos de vidas, seu modo de amar, sua afetividade e sexualidade. Trata-se de uma verdadeira cruzada que destila ódio. Discursos discriminatórios são dispositivos que alimentam cada agressão homofóbica, cada assassinato, cada violação de direitos que acontece no Brasil”.

De tempos em tempos, homossexuais são espancados e assassinados nas ruas só porque ousaram ser diferentes da maioria. Enquanto isso, seguidores de uma pretensa verdade divina taxam o comportamento alheio de pecado e condenam os diferentes a uma vida de inferno aqui na Terra.

Pessoas como Malafaia dizem que não incitam a violência (“E o senhor Tony Reis que me aguarde. Vai ter que provar na justiça que sou homofóbico”, afirmou em nota). Não é a sua mão que segura a faca, o revólver ou a lâmpada fluorescente, mas é a sobreposicão de seus argumentos ao longo do tempo que distorce o mundo e torna o ato de esfaquear, atirar e atacar banais. Ou, melhor dizendo, “necessários”, quase um pedido do céu. São pessoas como Silas que alimentam lentamente a intolerância, que depois será consumida pelos malucos que fazem o serviço sujo. Afinal, fundamentalismo não é monopólio de determinada religião.


Coloquemos a culpa na herança do patriarcalismo português, no Jardim do Éden e por aí vai. É mais fácil justificar que somos determinados pelo passado do que tentar romper com uma inércia que mantém homens, ricos, brancos, heterossexuais em cima e mulheres, pobres, negras e índias, homossexuais em baixo. A reflexão, aceitar conhecer o outro e entendê-lo, que é o caminho para a tolerância, é difícil para alguns. É mais fácil seguir a manada e dar porrada. Arrebentar, funicar (sic), arrombar… Enfim, expressões de um homem de Deus (por Leonardo Sakamoto).

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Tortura contra mulheres lésbicas no Equador

O mundo está finalmente abrindo os olhos para uma situação horripilante no Equador, onde a população LGBT e grupos de direitos das mulheres estão denunciando há muitos meses a existência de clínicas ilegais no Equador, que estão mantendo em cativeiros mulheres para serem estupradas, torturadas, violentadas e privadas de água e comida, pelas mãos dos chamados “profissionais de saúde ou cuidadores”. O por quê disso? Para curá-las da “doença” que é ser lésbica.

Enquanto o Governo do Equador mostrou ter fechado mais de 30 clínicas nos últimos meses, ativistas afirmam que ainda há mais de 200 clínicas como estas em todo o país, mantendo em cárcere privado centenas de mulheres contra a sua vontade. Muitas pessoas, a maioria mulheres, ainda estão correndo risco.

Estas clínicas que “curam os gays” ainda existem em várias partes do mundo, apesar de não terem nenhum reconhecimento por parte da comunidade psiquiátrica e associações médicas internacionais, tendo estas inclusive afirmado que as clínicas podem prejudicar a saúde das pessoas. Há algumas semanas atrás, uma jovem no Equador disse à imprensa que ficou presa em uma das clínicas por muitos meses, sendo abusada sexualmente e com seguranças jogando água e urinando sobre o seu corpo. Finalmente, com a ajuda da sua mãe, ela foi libertada.

Muitos pais e mães forçam jovens a um regime de “quarentena” nestas perigosas clinicas, mas o fato é que elas são ilegais. O Equador recentemente aprovou uma constituição progressista que apóia os direitos dos gays, incluindo, uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. O país também possui leis robustas para punir a violência contra as mulheres. Mas mesmo com as penalidades previstas em seus códigos essas perigosas clínicas ainda se mantêm.

Ativistas no Equador e os seus parceiros na Change.org tem enviado petições ao Ministro da Saúde para fechar estas clínicas. Mas a responsabilidade para tomar alguma providência também é daquele que foi eleito por meio do voto para que se mantivesse o estado de direito no país – o Presidente Rafael Correa. Divulgue esta carta para que o Presidente Correa saiba que a pressão internacional sobre este assunto é notória e crescente, e ignorar o que está acontecendo em seu país não irá resolver o atual problema.


Caso prefira, assine aqui a carta e nós vamos entregá-la diretamente ao Presidente do Equador, assim como o Presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, exigindo que estas clínicas ilegais sejam fechadas de uma vez por todas. Se o Presidente Correa, um líder que construiu a rua reputação com base em ideais progressistas, souber que existe uma comunidade internacional que está de olho no Equador, ele tomará uma providência CLIQUE AQUI: www.allout.org/pt/ecuadorclinics (Fonte: All Out).

domingo, 6 de novembro de 2011

Poema Falado: O NAVIO NEGREIRO

O mês de novembro é considerado o Mês da Consciência Negra, pois foi no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, que morreu o líder negro Zumbi dos Palmares, ícone da luta negra no Brasil contra a escravidão e a opressão dela decorrente. O Mês da Consciência Negra é também um período para reflexão. A escravidão pode fazer parte do nosso passado, mas o racismo, não. Mesmo que alguns insistam em dizer o contrário, a sociedade brasileira ainda está impregnada de idéias e valores racistas. E esse racismo que insiste em persistir tem suas origens, obviamente, no nosso passado escravocrata, passado este retratado nos versos de um dos maiores poetas românticos da língua portuguesa – e, também, abolicionista – o nosso Antônio Frederico de Castro Alves. Refiro-me ao magistral poema O NAVIO NEGREIRO, que pode ser contemplado no Poema Falado abaixo, mais uma vez na voz do magnífico Paulo Autran. O texto de Castro Alves pode ser acessado na íntegra no sítio DOMÍNIO PÚBLICO. Boa áudio-leitura! (por Silvio Benevides)

“Não podemos fechar os olhos para a veracidade de nossa história. Esta é uma delas” (KellenFMS).




domingo, 30 de outubro de 2011

O Tom do Léo

Que vivemos na era dos descartáveis ninguém duvida. Para a lógica capitalista contemporânea nada deve durar mais do que um ou dois verões. Isso vale para produtos de toda natureza. De eletrodomésticos a automóveis, passando por roupas a utensílios de cozinha, tudo é produzido para não durar ou para durar um pouquinho só. Até mesmo os produtos direcionados para o entretenimento, a exemplo de grupos musicais (?!) como o Parangolé, liderado pelo vocalista Léo Santana.

O grupo estourou no verão de 2010 com a música (?!) intitulada Rebolation. Muita gente cantou e rebolou. O verão de 2010 se foi e veio o de 2011 e mais uma vez o Parangolé apareceu com outro estouro do qual não me recordo o nome porque passei o verão desse ano hibernando. Mas tão logo acordei, eu me deparei com um tal de Leite Condensado, vejam só. Convenhamos que por mais que queiramos (se é que queremos mesmo), não dá para desejar vida longa ao rei. Mas isso é outra história, pretexto para chegar onde interessa. O que me chamou a atenção nesse Parangolé verão 2012 que se aproxima certamente não foi o talento artístico da banda, mas, sim, o visual do Léo Santana nas peças publicitárias do grupo. Hum... Sei não... Se não for um revival do Tom of Finland, artista finlandês conhecido pelo fetichismo homoerótico dos seus desenhos, o que é, então? Eis a questão. Mas como eu tenho mais o que fazer, só vendo para crer, vou embora pra Passárgada, porque lá sim eu tenho amigo rei (por Coccinelle).

domingo, 23 de outubro de 2011

Situação-problema que justifica a realização da educação pelo respeito à Diversidade Sexual nas escolas

Estudos publicados nos últimos cinco anos vêm demonstrando e confirmando cada vez mais o quão a homo-lesbo-transfobia (medo ou ódio irracionalmente às pessoas LGBT) permeia a sociedade brasileira e está presente nas escolas. A pesquisa intitulada “Juventudes e Sexualidade”, realizada pela Unesco no ano 2000 e publicada em 2004, foi aplicada em 241 escolas públicas e privadas em 14 capitais brasileiras. Segundo resultados da pesquisa, 39,6% dos estudantes masculinos não gostariam de ter um colega de classe homossexual, 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual, e 60% dos professores afirmaram não ter conhecimento o suficiente para lidar com a questão da homossexualidade na sala de aula.

O estudo “Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas”, publicado em 2009 pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, baseada em uma amostra de 10 mil estudantes e 1.500 professores(as) do Distrito Federal, e apontou que 63,1% dos entrevistados alegaram já ter visto pessoas que são (ou são tidas como) homossexuais sofrerem preconceito; mais da metade dos/das professores(as) afirmam já ter presenciado cenas discriminatórias contra homossexuais nas escolas; e 44,4% dos meninos e 15% das meninas afirmaram que não gostariam de ter colega homossexual na sala de aula.

A pesquisa “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, e também publicada em 2009, baseou-se em uma amostra nacional de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, e revelou que 87,3% dos entrevistados têm preconceito com relação à orientação sexual.

A Fundação Perseu Abramo publicou em 2009 a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais”, que indicou que 92% da população reconheceram que existe preconceito contra LGBT e que 28% reconheceram e declarou o próprio preconceito contra pessoas LGBT, percentual este cinco vezes maior que o preconceito contra negros e idosos, também identificado pela Fundação.

Entre as consequências da homo-lesbo-transfobia na vida adulta, a mais grave sem dúvida é o assassinato desenfreada de pessoas LGBT no Brasil. Através dos meios de comunicação o Grupo Gay da Bahia monitora esse fenômeno, e revelando que de 1980 a 2010, houve 3.446 assassinatos motivados pela orientação sexual ou identidade de gênero das vítimas registrados por esta fonte, uma vez que não são coletados dados oficiais nacionais sobre este tipo de assassinato. A tendência é de aumento, com 260 assassinatos no Brasil no ano de 2010, dando uma média de 0,71 assassinatos por dia.

Essas diversas e conceituadas fontes não deixam dúvidas de que há muito a ser feito para diminuir a homo-lesbo-transfobia, e uma das instituições que mais podem influenciar positivamente nesse processo é a escola. Muito trabalho já vem sendo feito nessa área e é importante destacar as recomendações aprovadas na Conferência Nacional de Educação Básica em relação à diversidade sexual, dentre as quais citamos:


• Evitar discriminações de gênero e diversidade sexual em livros didáticos e paradidáticos utilizados nas escolas;
• Ter programas de formação inicial e continuada em sexualidade e diversidade;
• Promover a cultura do reconhecimento da diversidade de gênero, identidade de gênero e orientação sexual no cotidiano escolar;
• Evitar o uso de linguagem sexista, homofóbica e discriminatória em material didático-pedagógico;
• Inserir os estudos de gênero e diversidade sexual no currículo das licenciaturas.

A Conferência Nacional LGBT (2008) aprovou 561 recomendações para políticas públicas para pessoas LGBT em diversas áreas, as quais foram sistematizadas no Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, lançado em 14 de maio de 2009. O Plano prevê quinze ações a serem executadas pelo Ministério da Educação e é uma importante ferramenta para a promoção da inclusão e do respeito à diversidade nas escolas.

A Conferência Nacional de Educação (2010), no seu Eixo Temático VI, aprovou mais de 20 recomendações relativos a gênero e diversidade sexual.

O Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001), no seu diagnóstico do Ensino Fundamental, afirmou que “a exclusão da escola de crianças na idade própria, seja por incúria do poder público, seja por omissão da família e da sociedade, é a forma mais perversa e irremediável de exclusão social, pois nega o direito elementar de cidadania, reproduzindo o círculo da pobreza e da marginalidade e alienando milhões de brasileiros de qualquer perspectiva de futuro”;

O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, reitera que “o Estado brasileiro tem como principio a afirmação dos direitos humanos como universais, indivisíveis e interdependentes e, para sua efetivação, todas as políticas públicas devem considerá-los na perspectiva da construção de uma sociedade baseada na promoção da igualdade de oportunidades e da equidade, no respeito à diversidade e na consolidação de uma cultura democrática e cidadã”. As pesquisas citadas nesse texto podem ser consultadas CLICANDO AQUI (Fonte: ABGLT).

domingo, 16 de outubro de 2011

São Paulo lidera denúncias de agressão contra gays, diz estudo.

Dados do Disque 100 revelam que, em 39,2% das ocorrências, vítimas são agredidas por desconhecidos e, também, vizinhos. Estes são os que mais praticam violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), dentre os casos denunciados ao Disque 100, o Disque Direitos Humanos. A central de atendimento do governo federal foi criada para registrar abusos contra crianças e adolescentes, mas, desde o início do ano, expandiu o serviço para outros grupos, como a população LGBT.

Levantamento da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) – ao qual o Estado teve acesso e que será divulgado na segunda-feira - aponta que, em 39,2% dos episódios de violação relatados contra a população LGBT, o agressor foi um desconhecido; em 22,9%, vizinhos; e em 10,1%, os próprios amigos.

De janeiro a julho, o Disque 100 recebeu 630 denúncias contra a população LGBT. As vítimas concentram-se na faixa etária de 19 a 24 anos (43%) e de 25 a 30 anos (20%). Os casos mais comuns de violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são os de violência psicológica (44,38%), como ameaça, hostilização e humilhação, e de discriminação (30,55%). Das vítimas, 83,6% são homossexuais, 10,1%, bissexuais e 4,2%, heterossexuais que sofrem algum tipo de violência ao ser confundidos como gays.

No recorte feito por Estado, São Paulo (18,41%), Bahia (10%), Piauí (8,73%) e Minas Gerais (8,57%) lideram as denúncias – o Rio de Janeiro aparece com apenas 6,03% - por já contar com um serviço semelhante oferecido pelo governo estadual. “Isso demonstra que a violência de caráter homofóbico tem um forte componente cultural, é a mais difícil de ser enfrentada porque é justamente a que não fica comprovada por marcas no corpo”, disse ao Estado a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário.

Do total de denúncias recebidas diariamente pelo Disque 100, as que dizem respeito à população LGBT não ultrapassam 1% - um dos motivos do baixo número seria o fato de o módulo de atendimento específico ainda ser pouco conhecido. “Esses números não refletem a realidade do Brasil, que é ainda pior”, afirma Maria do Rosário.

Para o ouvidor Domingos da Silveira, da SDH, os dados do levantamento são reveladores. “Mostram a capilaridade da homofobia, ela vem do interior, das capitais”, diz. “Ela está disseminada e se tornou banal”, completa.

Os casos denunciados ao Disque 100 são ouvidos por uma equipe de teleatendimento e posteriormente encaminhados a órgãos competentes, como o Ministério Público, a Defensoria Pública da União e centros de referência ligados à comunidade LGBT espalhados por todo o País. Em alguns casos, a própria SDH intervém na resolução do conflito. Foi o que ocorreu com um casal de lésbicas, que denunciou o fato de uma das companheiras não ter conseguido incluir a outra no plano de saúde. Após um ofício da SDH ter sido encaminhado ao hospital em contato com o casal, o caso teve uma resolução.

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, é enfático na defesa dos direitos da população LGBT. “Não queremos cargos no DNIT (o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que virou foco de corrupção na administração federal recentemente) nem que nos paguem governanta (em referência a um dos escândalos que derrubaram Pedro Novais do Ministério do Turismo), apenas cidadania”, diz. “A homofobia precisa ser criminalizada”, defende Toni Reis (por Rafael Moraes Moura para Estadão.com.br).

domingo, 9 de outubro de 2011

POEMA FALADO: Oração de São Francisco de Assis

No mês de São Francisco de Assis, O cantinho de Coccinelle, por ser um espaço de uma criaturinha alada criada por Deus, também homenageia este que foi, sem dúvida, uma dos maiores homens que a humanidade gerou, o Pobrezinho de Assis. Tal qual Jesus Cristo, o legado de São Francisco é um legado de amor, respeito e paz entre os seres que habitam este planeta, como pode ser visto na sua Oração pela Paz, que traz em seus versos uma mensagem cunhada na era medieval, mas cada vez mais urgente e necessária no mundo contemporâneo. Eis o texto: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado, pois, é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna”. Boa audio-leitura na voz do Chico Anysio!





domingo, 2 de outubro de 2011

Tempestade em copo d’água ou sexismo?

A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República enviou na terça-feira 27/09 um ofício ao Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) pedindo a suspensão de uma campanha da Hope, fabricante de lingerie, estrelada pela super-hiper-mega top model brasileira Gisele Bündchen.

Os vídeos da campanha (vide abaixo), intitulada “Hope Ensina”, mostram a exuberante modelo contando ao marido que bateu o carro dele, que estourou o limite dos cartões de crédito de ambos e, também, avisando ele que sua mãe irá morar com o casal. No início, Gisele revela os problemas ao marido da maneira errada, isto é, vestida com roupa. Na seqüência, apenas de lingerie, ou seja, da maneira correta. Por fim, a Hope incentiva as brasileiras a utilizarem seu charme para, assim, fazer a coisa certa. A SPM não achou graça e pediu que o anúncio fosse retirado do ar por entender que a publicidade “reforça o estereótipo das mulheres como objetos sexuais”.

O comunicado da secretaria acrescenta, ainda, que os vídeos “promovem o estereótipo errado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora grandes avanços que alcançamos para desmontar práticas e pensamentos sexistas”. A Hope, por meio de nota oficial, se explicou dizendo que “os exemplos nunca tiveram a intenção de parecer sexistas, mas, sim, cotidianos de um casal. Bater o carro, extrapolar nas compras ou ter que receber uma nova pessoa em sua casa por tempo indeterminado são fatos desagradáveis que podem acontecer na vida de qualquer casal, seja o agente da ação homem ou mulher”.

O fato, obviamente, gerou reações de todos os lados. Há quem defenda a postura da SPM, como o blogueiro Eduardo Guimarães, alegando que “a campanha estimula a mulher a conseguir o que quer dos homens, sobretudo em termos financeiros, através da sensualidade, ou seja, do sexo. Estimula garotas a conseguirem para si o “coronel” que tantas buscam, hoje em dia. Algum coroa gordão e endinheirado, talvez”, escreveu. E acrescenta: “Não criei minhas filhas para isso. Eu e a minha mulher as ensinamos a não dependerem de homem nenhum, a jamais se fiarem nos intensos poderes de sedução que as mulheres conservam só enquanto são jovens e possuem atributos físicos que se enquadram no padrão de beleza vigente. E a sempre levarem em conta que os padrões de beleza femininos mudaram muito através dos tempos”. Outros, porém, regiram indignados, alegando que o comunicado da SPM é mal-humorado, que a sociedade brasileira está perdendo o bom humor, que não se pode mais brincar ou fazer piadas sobre nada sem gerar reações que beiram a paranóia e que a SPM deveria cobrar dos governos federal, estaduais e municipais, e não da publicidade, políticas públicas de proteção e valorização da mulher brasileira.

Eu, Coccinelle, acho esta campanha ridícula e estúpida, como, aliás, costumam ser os publicitários de uma maneira geral. Tanto é assim que seus criadores tiveram que chamar um nome de peso para estrelá-la. Não fosse a presença da magnífica Gisele Bündchen certamente a Hope não teria nenhuma esperança de emplacar esta campanha. Entretanto, não sei se censurar é a melhor saída. Esta, também, me parece ser uma solução um tanto estúpida. O que fazer, então? Está lançado o debate (pour Coccinelle).












domingo, 25 de setembro de 2011

OAB aprova proposta sobre diversidade sexual e destaca luta contra intolerância

O Pleno do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou no dia 19/09/2011 em sessão plenária projeto de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que será encaminhado ao Congresso Nacional como contribuição da cidadania brasileira, visando o combate à discriminação e a intolerância por orientação sexual ou identidade de gênero. A aprovação foi saudada pelo presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, que conduziu a sessão, como “a reafirmação de que incumbe ao advogado a luta pela paz social, pela defesa dos direitos humanos e dos princípios constitucionais de que todos são iguais perante a lei e, portanto, não podem ser discriminados”. A PEC foi apresentada pela Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB e teve como relator o conselheiro federal Carlos Roberto de Siqueira Castro, do Rio de Janeiro.

Ophir Cavalcante destacou que, ao enviar esse projeto à apreciação do Poder Legislativo, a OAB expressa também seu apoio ao princípio constitucional e mundialmente reconhecido da tolerância. Dessa forma, segundo ele, o envio da proposta tem ainda o objetivo de manifestar ao Parlamento que a entidade exerce pressão legítima por uma demanda da sociedade, ao requerer aprovação de lei de proteção aos direitos de homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros e intersexuais. Uma das principais mudanças é introduzida pela PEC ao artigo 3º, inciso IV da Constituição Federal, que trata dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. Hoje, tal inciso prevê: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de preconceitos”. A proposta da OAB inclui entre eles, “a orientação sexual ou identidade de gênero”.

Quanto à legislação infraconstitucional que necessariamente deve se seguir à aprovação de uma PEC, nesse caso a OAB ficou de examinar em outubro próximo, um anteprojeto contendo as propostas de legislação que “consagram uma série de prerrogativas e direitos a homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, trangêneros e intersexuais e propõe também o reconhecimento das uniões homoafetivas”. A Comissão Especial da Diversidade Sexual já apresentou proposta de um Estatuto regulando essas questões a partir da vigência da Emenda à Constituição. O Estatuto deve ser apreciado em sessão plenária da entidade dia 24 de outubro (Fonte: OAB).

sábado, 24 de setembro de 2011

POEMA FALADO: Poema dos olhos da Amada

Il n'y a pas de Garbo! Il n'y a pas de Dietrich! Il n'y a que Louise Brooks!” (Henri Langlois). O Poema Falado deste mês visa homenagear a mais bela, magnífica e fascinante atriz que o cinema já revelou ao mundo em todos os tempos. Refiro-me a LOUISE BROOKS, estrela maior do cinema mudo e uma personalidade a quem muito admiro. Para lhe render tributos mil, o não menos magnífico texto do Vinícius de Moraes, Poema dos olhos da Amada, traduzido e interpretado pela igualmente fascinante atriz francesa Jeanne Moreau. Diz o poema: “Ó minha amada, que olhos os teus! São cais noturnos cheios de adeus. São docas mansas, trilhando luzes que brilham longe, longe dos breus... Ó minha amada, que olhos os teus! Quanto mistério nos olhos teus! Quantos saveiros, quantos navios, quantos naufrágios nos olhos teus... Ó minha amada, que olhos os teus! Se Deus houvera, fizera-os Deus, pois não os fizera quem não soubera que há muitas eras nos olhos teus. Ah, minha amada, de olhos ateus! Cria a esperança nos olhos meus. De verem um dia o olhar mendigo da poesia nos olhos teus” (Vinícius de Moraes / Paulo Soledade). TRADUÇÃO para o francês: “Ô bien-aimée, quels yeux tes yeux! Embarcadères la nuit, bruissant de mille adieux des digues silencieuses qui guettent les lumières. Loin... si loin dans le noir… Ô bien-aimée, quels yeux... tes yeux! Tous ces mystères dans tes yeux! Tous ces navires, tous ces voiliers… Tous ces naufrages dans tes yeux! Ô ma bien-aimée aux yeux païens… Un jour, si Dieu voulait, un jour... dans tes yeux… Je verrais de la poésie, le regard implorant... Ô ma bien-aimée, quels yeux... tes yeux! (Jeanne Moreau / Dominique Dreyfus). Dito isto, resta-me, então, desejar boa vídeo-leitura!






domingo, 14 de agosto de 2011

Heteroinquisidores - uma reflexão para o dia dos pais

Minhas visitas à Índia são recheadas de descobertas culturais. Uma das que mais me fascina é a cena de homens de mãos dadas nas ruas. Ao contrário de nós, a expressão pública de afeto entre amigos é socialmente autorizada. Assim como meninas escolares no Brasil, os indianos de qualquer idade andam abraçados com seus colegas. A mesma intimidade entre homens, vi em vários países de tradição árabe. Aos homens, é permitido o toque como sinal de amizade. O curioso é que esse traço cultural não elimina a homofobia. Ao contrário, a homofobia é uma prática de ódio que convive com essas redescrições culturais sobre o corpo e o encontro entre os sexos. Entre nós, a novidade parece ser a de que nem mesmo o afeto entre pais e filhos será permitido pela patrulha homofóbica.

Um pai de 42 anos e um filho de 18 se abraçaram. De madrugada, cantavam juntos em uma festa ao ar livre no interior de São Paulo. Consigo imaginá-los felizes, razão para demonstrarem afeto mútuo. Foi o sinal para que dois homens desconhecidos perguntassem se eram gays. Insatisfeitos com a resposta negativa, saíram em busca de outros homens para iniciar a agressão. O pai teve parte da orelha decepada e o filho teve ferimentos leves. Pai e filho têm medo de represálias, pois os agressores estão pelo mundo, talvez orgulhosos da façanha ou, quem sabe, ainda sem entender por que não se pode agredir gays. Se tiverem algum senso de vergonha pelo ato, talvez seja o de ter confundido homens heterossexuais com gays.

A violência foi praticada com um ritual de confissão em dois atos: no primeiro, pai e filho deveriam declarar suas práticas sexuais para homens desconhecidos. Os homens homofóbicos são os inquisidores da heteronormatividade. Pai e filho negaram ser gays. Por alguma razão, a performance de gênero do pai e do filho não convenceu o grupo de homófobos. Eles buscaram reforço e retornaram com mais homens para silenciar aqueles que imaginavam ser representantes dos fora da lei heterossexual. No segundo ato, foram exigidas demonstrações de práticas homossexuais: pai e filho deveriam se beijar na boca para que os agressores vivenciassem a fantasia gay.

O primeiro ato do ritual homofóbico me leva a imaginar quais teriam sido as consequências de um “sim, somos gays” – uma autoafirmação entranhada em dois homens que não suportassem mais o tribunal homofóbico. Com essa resposta, talvez não estivéssemos diante de uma imagem de uma orelha parcialmente decepada, mas de dois cadáveres. Pai e filho foram vítimas da violência homofóbica. O curioso é que os dois não se apresentam como gays, mas como representantes da ordem heterossexual. Para os vigias homofóbicos, não importavam as práticas sexuais dos dois homens, mas a manutenção da ordem pública em que homens não devem se tocar. O interdito homossexual é tão poderoso que deveria impedir, inclusive, o contato físico entre pais e filhos.

Há outro ponto intrigante nessa história que é sobre como os homófobos se formam. Essa é uma inquietação a que qualquer aspirante a sociólogo responderia com uma tautologia: os fenômenos sociais não têm causa única. Mas aqui quero arriscar um caminho de compreensão. Os homófobos deste caso foram incapazes de diferenciar uma expressão de carinho paterno de uma prática erótica entre dois homens. Como hipótese, especularia que os agressores pouco receberam afeto de homens, seja de seus pais ou de outros homens de suas redes afetivas. Uma hipótese alternativa é a de que, se houve afeto paterno, esse foi mediado pelo temor homofóbico. Essa ausência levou os agressores a desconfiar do corpo de outros homens. Ao primeiro sinal de aproximação física, a defesa é a repulsa homofóbica.

Sei que essa explicação pode parecer reducionista para um fenômeno tão complexo e dependente da cultura patriarcal como é a homofobia. Mas é intrigante o erro do radar homofóbico dos agressores, o que sugere haver um equívoco de ponto de partida: eles parecem não ter sido capazes de identificar sinais corporais de algo tão fundamental quanto o amor paterno. Mesmo que não sejam ainda pais, não conseguiram se deslocar para o lugar de filhos que já foram ou ainda são. Aos guardiões da moral heterossexual, esse é um erro de diagnóstico que denuncia uma perturbação simbólica ainda mais fundamental.

Se minha hipótese for razoável, a mediação homofóbica na relação entre pais e filhos ou entre homens que se relacionam por vínculos de amizade ou convivência perpassa a socialização de gênero dos meninos. Os homens seriam treinados para evitar expressões de afeto e carinho por outros homens. Aqui volto à imagem da Índia para lembrar que o desejo de aproximação física entre homens não está inscrito nos corpos sexuados, mas é compartilhado pela cultura em que os homens vivem. Os homófobos se formam em casa, na rua, na escola. Em todos os espaços em que a fantasia homofóbica mediar a relação entre os corpos e afetos dos homens, a violência e a injúria contra os fora da lei heterossexual irão crescer (por Débora Diniz, antropóloga, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da ANIS – Instituto de Bioética, direitos humanos e gênero).

domingo, 7 de agosto de 2011

Direito de resposta contra a estupidez

Em abril passado foi publicado no Salvador na sola do pé o relatório anual divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) sobre a violência praticada no Brasil contra a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros. De acordo com o relatório, em 2010 cerca de 260 homossexuais foram assassinados pelo simples fato de serem o que eram, ou seja, homossexuais. A postagem intitulada “Epidemia do ódio: o extermínio de homossexuais no Brasil” provocou a seguinte reação de um leitor que se identificou como Felipe. Pois bem, o Felipe se expressou nos seguintes termos: “Desculpe mas isso é história para boi dormir...Vítimas de violência existem de todos os tipos, não importando se é gay, negro, branco, gordo ou magro. Compare os numeros...Na verdade o que esta acontecendo é a “héterofobis” (sic) de uma minoria que esta tirando proveito da “moda gay” da mídia e banalizando os princípios da morais (sic) da familia brasileira...Não existe extermínio de gays, existe oportunismo de gays que querem levar vantagem na situação devido a massificação desse assunto na mídia. Se vcs, minoría infima tem direitos, que tal extende-los tbm aos negros, deficientes, menores abandonados, imigrantes ilegais, viciados em drogas...Ora essa, façam-me o favor...basta de desocupados escrevendo besteiras...Oportunistas...

Em primeiro lugar, gostaria de lembrar ao tal Felipe e a quem mais interessar que a postagem em questão não nega nem pretendeu negar que existem “vítimas de violência de todos os tipos”. Logo no início do texto isso fica claro: “A violência é um fenômeno social gerado por múltiplas causas, porque múltiplos são os tipos de violência. Para cada tipo, uma causa distinta. A violência resultante do narcotráfico, por exemplo, não pode ser considerada a mesma coisa que a violência no trânsito ou a violência doméstica, ou, ainda, a violência gerada pela homofobia”. Somente uma mentalidade bem tacanha para imaginar que violência é tudo igual e que somente homossexuais são vítimas dela. Ora essa, façam-me o favor!

Segundo ponto. De que família brasileira os falsos moralistas estão falando? De onde eles/elas pensam que saem os gays? De chocadeiras? Creio que não. Homossexuais são fruto de uma união, familiar ou não, como qualquer outra pessoa, seja esta pessoa negro, branco, judeu, evangélico, mulçumano, católico, rico, pobre, gordo, magro, intelectual e até mesmo os estúpidos. Mesmo estes últimos são frutos de uniões familiares ou não. Portanto, para se falar em moral deve-se especificar que moral é essa. Não creio que seja a moral da família brasileira, mas, sim, de algumas famílias brasileiras retrógradas, estúpidas, tacanhas e extremamente egoístas, pois só pensam no bem-estar dos seus, esquecendo-se do bem-estar das demais famílias, especialmente do bem-estar das mães, pais, irmãos, sobrinhos, netos, filhos e filhas de inúmeros homossexuais que são barbaramente assassinados no Brasil todos os anos. Ora essa, façam-me o favor!

Terceiro ponto. Num Estado democrático e laico como o Brasil, todos têm direitos. Mais que isso. Todos têm direitos a ter direitos. Mulheres, negros, deficientes físicos, menores abandonados, imigrantes ilegais, viciados em drogas possuem sim direitos. Se o Felipe e outros como ele não sabem, é preciso que saibam que no Brasil racismo, por exemplo, é crime inafiançável (LEI Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997). O que diz a lei? Que todos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional devem ser punidos com pena de reclusão de um a três anos e multa. Do mesmo modo, praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. E ainda, “se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem”, pena de reclusão de um a três anos e multa.

Perceberam como muita gente tem direitos no Brasil? E o que dizer sobre a Lei Maria da Penha (LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006)? Agora as mulheres possuem um instrumento legal para coibir a violência da qual são vítimas pelo simples fato de serem o que são, ou seja, mulheres. Se vários grupos sociais já possuem instrumentos legais para se defender e/ou coibir a violência da qual são vítimas pelo simples fato de serem o que são, Por que negar esse direito aos homossexuais, travestis e transgêneros? Qual a razão desse suspeitoso ódio e/ou receio? O que não dá é para negar os fatos. Ora essa, façam-me o favor! Informação não tem contra-indicação e é o melhor remédio contra a estupidez.

Por fim, gostaria de levantar duas questões. A primeira diz respeito à acusação de desocupado. A pergunta que não quer calar é a seguinte: quem seria mais desocupado, aquele que escreve “besteiras” ou aquele que lê as besteiras escritas por um suposto desocupado e que, como se não bastasse, se dispõe a tecer comentários estúpidos? Trata-se de uma questão para refletir. A outra questão é a seguinte. Para quem acha que a aprovação do PLC 122/2006 , que visa criminalizar a homofobia no Brasil, é fruto de oportunismo ou uma mera besteira, sugiro que leia a notícia que foi divulgada pela imprensa sobre pai e filho que foram espancados por suspeitosos homofóbicos porque estavam abraçados e, por isso, foram confundidos com homossexuais pelos suspeitosos agressores (vide abaixo). A pergunta que fica é a seguinte: devemos permitir que nossa sociedade continue vivendo tempos de trevas? (pelo desocupado Sílvio Benevides)



Confundidos com casal gay, pai e filho são agredidos em São Paulo - Foi um simples gesto de afeto entre pai e filho que motivou um espancamento. Os dois estavam andando abraçados por uma feira agropecuária no interior de São Paulo, quando foram parados por sete homens. “Eles perguntaram se a gente era gay. Eu disse que não, que éramos pai e filho. Eles ficaram bravos e disseram ‘não, vocês são gays’”, conta o pai.

O grupo foi embora, mas logo voltou. Pai e filho foram abordados novamente, desta vez com chutes e socos. “Não pode nem abraçar o filho. Ainda abracei ele, coisa de um segundo, não sei se abracei para chamar ele para tomar alguma coisa, é algo normal. O coitado veio para cá só para ir na festa, e perdeu a festa”, contou ele sobre o ocorrido na madrugada de sexta-feira (15). O autônomo vive em uma chácara em Vargem Grande do Sul, cidade vizinha, com os pais. O filho mora em São Bernardo do Campo, no ABC, com a mãe, e havia ido para o interior especialmente para o evento.

“Estava eu, meu filho, minha namorada e a namorada dele. Elas foram no banheiro e nós ficamos em pé lá. Aí eu peguei e abracei ele. Aí passou um grupo, perguntou se nós éramos gays, eu falei ‘lógico que não, ele é meu filho’. Ainda falaram ‘agora que liberou, vocês têm que dar beijinho’. Houve um empurra-empurra, mas acabou. Eles foram embora, achamos que tinha acabado ali”, contou o autônomo.

Pouco depois, entretanto, o grupo voltou. “Não sei se eu tomei um soco, o que foi, veio de trás, pegou no queixo, eu acho que eu apaguei. Quando eu levantei achei que tinha tomado uma mordida. Eu senti, a minha orelha já estava no chão, um pedaço.”

Uma mulher que estava no local pegou o pedaço da orelha e colocou em um copo com gelo. O autônomo foi com um amigo até um hospital da cidade, que o encaminhou para um cirurgião plástico. Ao analisar o ferimento, o médico afirmou que não se tratava de uma mordida, e sim um ferimento causado por algo cortante. Devido à complexidade do problema, o médico recomendou que o autônomo se consultasse no Hospital das Clínicas de São Paulo. “Cheguei lá e uma junta de médicos disse que foi algum objeto cortante e muito bem afiado, porque cortou um pedaço”, afirmou a vítima.

Para o psiquiatra Geraldo Balone o ataque mostra que só a intolerância justifica essa agressão. “Isso oferece um risco muito grande para o comportamento das pessoas em sociedade, porque pode ser interpretado como homossexual ou como pedófilo e ter uma punição desse tipo com tanta intolerância”, diz.

Um casal gay que mora em Porto Alegre sofre com a agressão dos vizinhos. Eles já registraram seis ocorrências na polícia em um ano. “Eu estava de manhã em casa, ele invadiu meu pátio, só que achou que não tinha ninguém. Quando abri a janela, me deparei com ele dizendo que ia me matar. Aí atirou um tijolo em mim”, relata.
 
O Brasil é o país com o maior número de crimes contra gays no mundo e muitos casos acabam em mortes. Uma pesquisa identificou que o estado com mais casos registrados é a Bahia, seguido por Alagoas e São Paulo. Em 2007 foram 147 mortes. Em 2010 foram 260, de acordo com o levantamento do Grupo Gay da Bahia. Um aumento de mais 70% em três anos. Na semana passada, o estudante de psicologia Isac Matos, de 24 anos, foi encontrado morto no apartamento onde morava com o namorado na orla de Salvador.

Segundo o psiquiatra, a intolerância aos homossexuais é gerada pelo medo do diferente. Mas ele explica que o problema está mesmo na forma como as pessoas encaram manifestações de afeto. “Isso tira a espontaneidade do relacionamento humano, do carinho, da afeição, do amor, do afeto e pode causar uma consequência séria no sentido dessa vigilância do comportamento alheio, das atitutes carinhosas em público. Isso pode trazer um constrangimento muito grande”, afirma o psiquiatra. A polícia ainda não encontrou os agressores. O caso foi registrado no 1º Distrito Policial de São João da Boa Vista, onde foi aberto inquérito para apurar o caso. As vítimas não conhecem os suspeitos. A polícia tentará identificar os autores da agressão. Eles também poderão responder por discriminação. O autônomo pretende procurar um advogado para saber o que pode ser feito. Ele está sem trabalhar e ainda apresenta hematomas em um dos braços e nas costas. Seu filho também foi agredido e teve ferimentos no corpo, mas já retornou para o ABC. “Segundo o cirurgião plástico, se eu for fazer a reconstrução vou gastar de R$ 25 mil a R$ 35 mil. Vai ter que tirar cartilagem da costela. Não saio muito. Fui um dia só, para agradar a namorada e o filho, e acontece isso.” (por Juliana Cardilli para o Portal G1 São Paulo e Marcelo Ferri para o Jornal Hoje).

domingo, 31 de julho de 2011

Homossexuais sofrem com onda de “estupros corretivos” na África do Sul

Enquanto os homens exercem seus podres poderes, pobres, adolescentes, crianças, negros, mulheres e homossexuais são vítimas do descaso, do desprezo e da intolerância. Quando a gente pensa que já se viu de tudo, a realidade nos dá uma rasteira, nos joga no chão e nos deixa de queixo caído a perguntar por quê? Na África do Sul, país símbolo da luta contra a intolerância racial no mundo agora nos surpreende pela perseguição estúpida e covarde contra mulheres homossexuais. A mentalidade machista e por isso mesmo tacanha de alguns sul-africanos faz com que muitos homens (homens?!!) creiam na idéia de que um falo pode convencer as lésbicas a deixarem de ser o que são. Para isso elas apenas precisam conhecer o tão afamado e idolatrado membro sexual masculino. E se para isso for preciso usar a força, então, que a força seja usada. Graças a essa abominável idéia, inúmeras mulheres homossexuais do país do Nelson Mandela estão sendo barbaramente estupradas e surradas. Muitas já morreram e só Deus sabe quantas vão morrer. A sociedade internacional precisa pressionar a África do Sul das mais variadas maneiras para que essa prática intolerável cesse. Se for preciso boicotar o país, então, boicotemos. Tudo isso lembra a mim, Coccinelle, uma frase do Albert Einstein: “Tristes tempos os nossos! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”.

Cresce número de agressões cometidas por homens que querem mudar orientação sexual das vítimas; poucos casos são punidos – Uma onda de casos de estupros e assassinatos cometidos por homens contra mulheres homossexuais, aparentemente com o objetivo de “corrigir” suas orientações sexuais, está assustando a África do Sul. Segundo estimativas, pelo menos 31 mulheres já morreram no país vítimas desse tipo de ataque nos últimos dez anos.

Mais de dez homossexuais mulheres são estupradas – por indivíduos ou coletivamente – por semana apenas na Cidade do Cabo (sul do país), segundo a Luleki Sizwe, uma organização de apoio a vítimas de violência sexual. Muitos outros casos não são relatados ou porque as vítimas têm medo que a polícia as ridicularize ou que seus agressores voltem a procurá-las, explicou Ndumie Funda, fundadora da Luleki Sizwe. “Os casos reportados pela imprensa não são nem a ponta do iceberg. Lésbicas têm sido atacadas em municípios sul-africanos diariamente”, disse.

Vítimas – Noxolo Nkosana, 23, da Cidade do Cabo, foi vítima recentemente desse tipo de agressão. Certa noite, quando retornava para casa com sua namorada, ela foi esfaqueada por dois homens – um deles morador da mesma comunidade que ela. “Eles estavam andando atrás de nós. Começaram a me xingar e a gritar: ‘Ei, sua lésbica, vamos te mostrar’”, relatou Nkosana à BBC. Antes que pudesse reagir, ela foi atacada com uma faca em suas costas – dois golpes rápidos, que a derrubaram. Semi-consciente, sentiu mais duas facadas. “Tinha certeza de que eles iam me matar”.

Em abril, Noxolo Nogwaza foi estuprada por oito homens e morta no município de KwaThema, perto de Johanesburgo. Sua face e sua cabeça ficaram desfiguradas por conta das pedradas que recebeu. Ela foi atacada também com pedaços de vidro.

Em 2008, um outro caso teve forte repercussão. A ex-jogadora de futebol e ativista dos direitos homossexuais Eudy Simelane foi estuprada por uma gangue e esfaqueada 25 vezes no rosto, no tórax e nas pernas. Dois dos acusados foram condenados pela Justiça, e outros dois foram absolvidos.

Relatos de vítimas que foram ridicularizadas por policiais também são constantemente relatados pela comunidade gay do país. “Alguns policiais dizem: ‘Como você pode ser estuprada por um homem se não se sente atraída por eles?’ Eles pedem que você explique como se sentiu ao ser violentada. É humilhante”, contou Thando Sibiya, homossexual da comunidade de Soweto, em Johanesburgo. Ela disse também conhecer duas pessoas que denunciaram terem sido estupradas à polícia, mas desistiram do caso por terem sido maltratadas pelas autoridades.

“Não-africano” – Para alguns, a origem do problema está nos bolsões conservadores da sociedade africana que não aceitam a homossexualidade, em especial entre mulheres. “As sociedades africanas ainda são patriarcais. Ensinam às mulheres que elas devem se casar com homens, e qualquer coisa que escape disso é vista como errada”, declarou Lesego Tlhwale, do grupo de defesa dos direitos dos homossexuais africano Behind the Mask. “O casamento entre duas mulheres é visto como algo não-africano. Alguns homens se sentem ameaçados por isso e tentam ‘consertar’ (a situação)”.

Ela notou que as mulheres que foram mortas nos ataques recentes são descritas como masculinizadas. “(Os agressores) dizem que elas estão roubando suas namoradas. É um senso distorcido de posse e uma necessidade de proteger sua masculinidade”.

A África do Sul é o único país do continente – e um de apenas dez no mundo – que legalizou o casamento homossexual. A Constituição proíbe especificamente qualquer tipo de discriminação por orientação sexual. Mas, na prática, o preconceito permanece comum. Nas ruas de Johanesburgo, é fácil encontrar homens que apóiem a ideia do “estupro corretivo”. “É como se (as lésbicas) estivessem dizendo a nós, homens, que não somos bons o suficiente”, opinou Thulani Bhenu à BBC.

Registros – Pouquíssimos casos de agressões contra lésbicas resultaram em condenações judiciais. Ninguém sabe ao certo quantos dos 50 mil casos de estupro reportados anualmente na África do Sul são cometidos contra homossexuais, já que a orientação sexual das vítimas não é registrada.

Mas, após a morte de Nogwaza – e de um abaixo-assinado com 170 mil assinaturas de todo o mundo pedindo o fim dos “estupros corretivos” – o Departamento de Justiça local começou a montar uma equipe cuja missão é desenvolver uma estratégia de combate a crime homofóbicos. Também está em debate a adoção de penas mais duras para casos em que a orientação sexual da vítima seja um fator determinante no crime.

Noxolo Nkosana teme ser atacada novamente, mas se recusa “a voltar para o armário”, ou seja, de fingir que é heterossexual. “Fizeram de mim uma vítima em meu próprio bairro, mas não vou deixar que eles vençam”, disse. “Não podem impedir que eu seja quem eu sou”.

Lesego Tlhwale, do grupo Behind the Mask, diz que as homossexuais estão, em geral, bastante preocupadas. “Estamos observando um aumento nos ataques contra lésbicas nos meses recentes. Todas estão com medo de ser a próxima vítima” (Fonte: BBC Brasil).

domingo, 24 de julho de 2011

Homofobia e o Congresso Nacional

O Congresso Nacional entrou em recesso neste mês de julho, fazendo este momento propício a fazermos uma análise e uma avaliação desta nova legislatura e sua atuação em relação à comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).

O dia 05 de maio de 2011 ficará na história como a data em que o Supremo Tribunal Federal reconheceu por unanimidade a união estável homoafetiva, com base nos preceitos constitucionais da igualdade, da dignidade humana, da liberdade e da segurança jurídica. Passamos a ser o 34º país no mundo a ter esse direito reconhecido. 2011 também será lembrado como o ano em que o Conselho de Diretos Humanos das Nações Unidas aprovou com 23 votos a favor e 19 contra uma resolução que reconhece os direitos humanos das pessoas LGBT e pede ação por parte da ONU em caso de violação desses direitos.

No Congresso Nacional, no entanto, andamos a passos lentos no que diz respeito à garantia da cidadania plena das pessoas LGBT. Por outro lado, a eleição da senadora Marta Suplicy (PT-SP), do deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) e outros/as aliados/as e a rearticulação da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT nos deu um alento para aprovação da criminalização da discriminação e da violência homofóbicas, como já é o caso em 58 países no mundo. Numa ação heroica, no primeiro dia desta legislatura, a senadora Marta conseguiu as 27 assinaturas necessárias para desarquivar o projeto de lei que criminaliza a homofobia.

Infelizmente, na primeira votação na Comissão de Direitos Humanos, o projeto teve que ser retirado, tendo em vista uma oposição de parlamentares religiosos, mais precisamente dos fundamentalistas.

Observando a conjuntura, nos demos conta de que não apenas os setores fundamentalistas iriam se posicionar contra o projeto de lei. Outros parlamentares também estavam receosos de votar um projeto que alcançou um recorde de assinaturas pró e contra, bem como um recorde de telefonemas para o Alô Senado, tanto favoráveis como contrários, ao ponto de congestionar todas as linhas.

Na política, e principalmente no parlamento, a conversa, o diálogo e a negociação são fundamentais. Mais uma vez, foi esse espírito que conseguiu reunir em torno da mesma mesa – num encontro agravável e respeitoso – a senadora Marta, os senadores Marcelo Crivela (PR/RJ) e Demóstenes Torres (DEM/ GO), além de Irina Bacci, secretária-geral da ABGLT e eu, com o intuito de conversarmos sobre um projeto de lei que apenas visa a dar proteção à comunidade LGBT no Brasil, contra a violência e a discriminação homofóbicas.

Chegamos à conclusão de que todos e todas presentes queríamos diminuir a discriminação e violência contra os homossexuais no Brasil, tendo em vista que as pesquisas mostram que em torno de 70% já foram discriminados em algum momento da sua vida e 20% já sofreram violência física em função de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.

A assessoria do senador Demóstenes Torres, um parlamentar reconhecido e respeitado pelos juristas da Casa, ficou responsável por fazer a minuta da lei baseada no que foi discutido na reunião. Inclusive, a exemplo da Lei Maria da Penha, a proposta caminha para que a lei tenha o nome de Alexandre Ivo, em homenagem ao adolescente de 14 anos sequestrado, torturado e assassinado no município de São Gonçalo (RJ) em junho de 2010 por motivo de intolerância homofóbica.

Com a minuta oficial em mãos, estamos dialogando com todas as pessoas e movimentos interessados em um Brasil que, além de eliminar a pobreza, também seja um país com menos violência e com menos discriminação. Como qualquer avanço real e significativo na política e na sociedade, nada é tão fácil ou vem de mão beijada. Contudo, nossa expectativa é de termos boas noticias no segundo semestre e, para tanto em nossa luta pelo respeito, pela igualdade e contra a violência e a discriminação, nos inspiramos nas palavras de Rosa Luxemburgo: “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” (por Toni Reis, Professor paranaense, 46 anos, formado em Letras pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), é especialista em sexualidade, mestre em Ética e Sexualidade e doutorando em Educação. Preside a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e é conselheiro do Conselho Nacional LGBT).

CARTA ABERTA À FRENTE PARLAMENTAR MISTA PELA CIDADANIA LGBT SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA

A FRENTE PAULISTA CONTRA A HOMOFOBIA, iniciativa de união de grupos do movimento social LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), de partidos políticos, órgãos públicos municipais e estaduais de São Paulo, entidades religiosas, centrais e sindicatos de diversas categorias de trabalhadores, entidades representativas de segmentos da iniciativa privada e cidadãs e cidadãos paulistas que atuam contra a homofobia, vem manifestar-se sobre a proposta de projeto substitutivo ao PLC 122/2006, encabeçada pela Senadora Marta Suplicy e pelos Senadores Marcelo Crivella e Demóstenes Torres.

Embora reconhecendo o esforço da Senadora Marta Suplicy no desarquivamento do projeto de lei da câmara no início deste ano, o que foi fundamental para a continuidade das discussões sobre a criminalização da homofobia, a referida proposta de projeto substitutivo nos parece extremamente insuficiente. A Frente entende que a negociação faz parte do processo parlamentar e reconhece o esforço que vem sendo empregado para obter uma proposta de consenso, porém, qualquer negociação deve ter parâmetros mínimos, sendo que só é possível apoiar um projeto de lei que criminalize a conduta de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito por orientação sexual e identidade de gênero, sem o que não seria possível garantir a todas as LGBTs direitos elementares garantidos aos demais cidadãos, como: demonstração pública de afeto, pleno acesso à educação e ao trabalho e tratamento igualitário nas relações comerciais e de consumo. Queremos salientar que embora alguns desses direitos pareçam banais até para muitas lésbicas e gays, eles são negados diariamente a travestis e transexuais, o que torna imperativa a sua garantia legal. Além disso, é muito grave que a discriminação às LGBTs seja classificada como inferior a outras, como aquelas contra negros, grupos étnicos, grupos religiosos e estrangeiros, pois não se hierarquizam opressões, portanto, todas elas devem ser criminalizadas de forma idêntica. Por fim, não queremos assistir a uma discussão apressada sobre essa matéria e entendemos que ela deva envolver o movimento social LGBT em toda a sua pluralidade e complexidade, sem se restringir a uma única organização, por mais representativa que seja.

A presente carta poderá ser subscrita por todas as pessoas, organizações e mandatos que assim o desejarem.

Os signatários

Se você deseja se juntar às mais de 200 pessoas que estão subscrevendo a CARTA ABERTA À FRENTE PARLAMENTAR MISTA PELA CIDADANIA LGBT SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA basta clicar no link abaixo e registrar sua adesão.

ASSINE AQUI A PETIÇÃO PÚBLICA



Desta forma estará exercendo a justa participação e pressão social para que a criminalização da homofobia não seja mitigada nem domesticada, nem tenha sido urdida por um acordo de cartolas.

Sua adesão significará que você não aceita que o crime da homofobia seja penalizado de maneira menos rigorosa que o crime de racismo e de intolerância religiosa. Que você não aceita que a pena do crime de homofobia possa ser paga com uma cesta básica.

Sua adesão significa que você quer ser ouvida/ouvido para redigir uma lei em defesa de sua orientação sexual e de sua identidade de gênero.

Eduardo Piza
IEN Instituto Edson Neris
Gadvs - Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual.

domingo, 17 de julho de 2011

Poema Falado: ISMÁLIA

A lua, satélite natural da terra, que, segundo uns hippies que conheci em Trancoso, sul da Bahia, é natural porque, certamente, só deve comer comida natural, exerce um enorme fascínio sobre homens e mulheres, sejam estes enamorados poetas, poetas enamorados ou loucos inebriados de beleza e dor. Apesar de a ciência negar, a lua é sim uma estrela, a principal estrela que habita os sonhos humanos e protagoniza inúmeros poemas, histórias de amor, crenças e lendas das mais belas, como A tapera da Lua, publicada no Salvador na sola do pé na semana passada. Para dar continuidade ao tema LUA, este espaço publica nesta semana o Poema Falado ISMÁLIA, do Alphonsus de Guimaraens, um das mais belas e conhecidas poesias brasileiras, que aqui é magnificamente interpretada pelo inesquecível e eterno Paulo Autran. Diz o poeta: “Quando Ismália enlouqueceu,/ Pôs-se na torre a sonhar.../ Viu uma lua no céu,/ Viu outra lua no mar. // No sonho em que se perdeu,/ Banhou-se toda em luar.../ Queria subir ao céu,/ Queria descer ao mar... // E, no desvario seu,/ Na torre pôs-se a cantar.../ Estava perto do céu,/ Estava longe do mar... // E como um anjo pendeu/ As asas para voar.../ Queria a lua do céu,/ Queria a lua do mar... // As asas que Deus lhe deu/ Ruflaram de par em par.../ Sua alma subiu ao céu,/ Seu corpo desceu ao mar...” Como já disse alguém de quem não recordo, de poeta e de Ismália todos nós temos um pouco. Boa áudio-leitura (por Sílvio Benevides).





domingo, 10 de julho de 2011

Melodia Sentimental

Como diz uma antiga e tradicional canção negra “sometimes I feel like a motherless child”, a vagar pelo espaço profundo sem amor, esperando a bela e branca lua sorrir para mim. Vem, clara chama silente, arder no meu sonhar e transforma as horas frias das minhas noites tão vazias em uma hora serena e calma como uma noite de lua cheia a iluminar as paragens dos vastos sertões. Sertões que por vezes invadem minh’alma para lembra-me que tenho passado a vida a toa, a toa feito uma certa alma de andorinha de um certo poeta que tanto me anima. Foi pensando em ti, a quem o vento está por trazer, que eu, Coccinelle, traduzi a melodia sentimental que ressoa bem lá no fundo de mim.


Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo o meu sonhar

As asas da noite que surgem
E correm no espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar

Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor

Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir seu amor é sonhar






Música: Heitor Villa-Lobos
Poema: Dora Vasconcelos
Voz: Djavan

domingo, 26 de junho de 2011

Como já disse o Cazuza: O TEMPO NÃO PÁRA – Nueva York aprueba el matrimonio entre homosexuales en una histórica votación

El Senado de Nueva York aprobó en la tarde del viernes (madrugada del sábado en España), tras una semana de tensas negociaciones, la legalización de los matrimonios entre personas del mismo sexo, convirtiéndose así en el sexto Estado de Estados Unidos que permite tales uniones. La legislación fue aprobada por un mínimo margen de cuatro votos -33 a favor y 29 en contra- en una tensa e histórica votación en la que cuatro senadores republicanos secundaron la tesis demócrata a favor de la medida. La decisión ha sido celebrada en la calle hasta altas horas de la madrugada por colectivos gais.

Con este voto, considerado como “histórico” por las organizaciones defensoras de los derechos de los homosexuales, Nueva York se convierte en el Estado más importante y con más población del país en legislar a favor de la igualdad plena en el matrimonio. Solo otros cinco Estados permiten este tipo de matrimonios: Connecticut, Iowa, Massachusetts, New Hampshire y Vermont, así como el distrito de Columbia.

El voto definitivo a favor correspondió al republicano Stephen Saland, quien realizó una emotiva explicación de su voto y señaló a los legisladores que llegar hasta esa posición le había obligado a hacer “un viaje interior”, en el que había concluido a favor de la igualdad. “Lo correcto es tratar a todas las personas con igualdad y esa igualdad incluye al matrimonio”, ha señalado Saland, que ha indicado a los legisladores que su voto era “de conciencia. Estoy en paz con mi voto, ha sido una lucha y un extraordinario proceso de decisión”.

Otro de los senadores republicanos disidentes, Mark Grisanti, también pidió perdón por haberse opuesto en el pasado reciente de manera frontal a los matrimonios gais. “Pido perdón a aquellos que se han sentido ofendidos”, ha proclamado Grisanti, antes de añadir: “No puedo negar a una persona, a un ser humano, a un trabajador, a toda la gente que hace de Nueva York un gran Estado los mismo derechos que yo disfruto con mi mujer”.

La aprobación por parte del Senado estatal, controlado por los republicanos, supone el último escollo para que esta legislación se convierta en realidad después de ser aprobada la semana pasada por la Asamblea estatal. A medianoche de ayer (hora local) el Gobernador de Nueva York y principal impulsor de la ley, el demócrata Andre Cuomo, estampó su firma sobre el texto recién aprobado por el Senado, por lo que la ley pasará a desplegar todos sus efectos en 30 días, momento en el cual las parejas lesbianas y gais podrán contraer matrimonio en territorio neoyorquino. “Nueva York ha derribado por fin la barrera que impedía a las parejas del mismo sexo ejercitar la libertad de casarse y recibir las protecciones fundamentales que tantas parejas y familias disfrutan por defecto”, ha proclamado Cuomo en un comunicado.

“Orgulloso de ser neoyorquino”

Entre las filas demócratas la legislación ha contado con la única negativa en todas las ocasiones que ha sido propuesta del senador demócrata por El Bronx, el reverendo Rubén Díaz, que durante la explicación de voto señaló su posición en contra. Pero su compañero de partido, el senador Gustavo Rivera, dijo tras la votación sentirse “orgulloso de que Nueva York haya enviado el mensaje alto y claro de que no tolera la desigualdad”.

La ley, propuesta la semana pasada por Cuomo y aprobada ya por la Asamblea Legislativa, controlada por los demócratas, necesitaba un mínimo de 32 de los 62 votos del Senado, de mayoría republicana, para ser aprobada.

“Me siento increíblemente orgulloso de ser neoyorquino. El estado que inició los movimientos nacionales en Seneca Falls y Stonewall ha dado un paso histórico para garantizar la igualdad para cada individuo, homosexuales y heterosexuales”, señaló el Defensor del Pueblo de Nueva York, Bill de Blasio.

La aprobación de esta medida, que ya fue aprobada en 2009 por la Asamblea Legislativa del estado, pero no había obtenido la luz verde del Senado, ha tenido que superar el escollo de los temores de algunos republicanos indecisos sobre la protección a las instituciones religiosas para evitar que reciban demandas en el futuro por oponerse a celebrar este tipo de uniones. Los obispos católicos de Nueva York han expresado su negativa al avance legislativo al asegurar que están “profundamente contrariados y preocupados”, informa Reuters.

Republicanos indecisos

Algunos republicanos, como el senador Greg Ball, estaban indecisos sobre ese aspecto y al considerar que no quedaban despejadas, votó en contra. “El texto enmendado protege las libertades religiosas sin crear ninguna excepción especial que penalice a las parejas del mismo sexo o que no reciban un trato igualitario”, afirmó en un comunicado la organización Neoyorquinos Unidos por el Matrimonio.

La posición hecha pública el jueves en Nueva York por el presidente de Estados Unidos, Barack Obama, a favor de la igualdad entre las parejas ha supuesto un respaldo definitivo para la medida. Obama, durante un acto para recaudación de fondos para su campaña electoral a la presidencia del próximo año y el primero entre la comunidad gay, dijo que las parejas homosexuales merecen tener “los mismos derechos” que cualquier otra pareja en el país.

“Nuestros legisladores nos han escuchado, han oído la voluntad de una mayoría de casi el 60 % (de los neoyorquinos favorables a la ley)”, dijo en un comunicado el director ejecutivo de la organización defensora de los derechos de los homosexuales Empire State Pride Agenda, Ross Levi. La presidenta del Concejo de la ciudad de Nueva York, Christine Quinn, indicó que “es una enorme victoria no solo para la comunidad neoyorquina de lesbianas, gays, bisexuales y transgénero (LGTB), sino también para todos los neoyorquinos y para todo el país”. “Miles de personas han contribuido a este momento, pero estoy especialente orgullosa de los legisladores que son abiertamente LGTB y han trabajado sin descanso a favor de la igualdad de matrimônios”, dijo la concejala.

El matrimonio entre personas del mismo sexo tiene una consideración dispar en Estados Unidos pues aunque seis estados las toleran, California, abanderada del movimiento gay, las prohibió después de someter el asunto a referéndum. Las uniones de hecho eran ya legales en la ciudad de Nueva York y San Francisco, al igual que en otras de los estados de California, Colorado, Hawai, Maine, Maryland, Nueva Jersey, Ohio, Oregón, Wisconsin y Washington (Fonte: El País).