domingo, 29 de novembro de 2009

Vida fácil: hipocrisia social?

Muitas vezes, a afirmação de que a prostituição é a “profissão mais antiga do mundo” tem uma conotação evasiva e vaga, já que não permite uma definição mais clara acerca do desenvolvimento histórico e social desta atividade. Assim, parece possível e corriqueiro usar o termo “profissão” para uma atividade tantas vezes considerada marginal ou de segunda classe, sem situar a sua “antiguidade” e outras nuances.

Os anos 80 assustaram-se com a constante divulgação de um novo fenômeno dentro da indústria sexual: a PROSTITUIÇÃO MASCULINA. Causando ao mesmo tempo perplexidade, curiosidade e asco, a poderosa televisão, as artes e a Ciência passaram a trazer à tona a existência desta prática, durante tanto tempo negligenciada.

A epidemia de AIDS em muito contribuiu para o desvelo desta vertente da atividade de prostituição. Partiu-se subitamente da chamada liberdade sexual para a vigilância sexual, pois enquanto doença sexualmente transmissível, precisava encontrar seus vilões, os verdadeiros culpados pela expansão da “peste”. Desta forma, os michês seriam bons culpados: teriam um comportamento eminentemente bissexual, servindo de vetores na transmissão entre a população homossexual e a chamada população em geral.

A constante veiculação da existência da prática da prostituição masculina provocou a imediata necessidade de definição das características deste grupo social específico: afinal de contas, como seria o michê? O termo, há muito usado nos meios homossexuais, passou a ganhar uma relativa transparência social e extrapolar os guetos. A imprensa, de uma maneira geral, ocupou-se de veicular um perfil do michê, contribuindo para satisfazer as fantasias e a curiosidade gerais: o michê seria um rapaz normalmente musculoso, esportista, bronzeado, com todas as características do típico playboy da zona sul carioca, Normalmente cobrariam bastante alto por suas transações, seriam extremamente viris e invejados pela maioria dos demais homens, o que se concretizaria na sua postura super macho man.

Logo em seguida, passa a ser veiculada uma nova visão do michê, a do assassino de homossexuais. Este ponto, primeiramente denuncia o comportamento homossexual dos michês, já que fica garantida a imagem de que grande parte dos clientes são homens; em seguida colabora para a construção do preconceito social, associando sua imagem a violência, quase sempre extrema, injustificada e com requintes de crueldade. Toda uma celeuma junto aos homossexuais, usuários ou não dos serviços do michê.

Nossa experiência de quase três anos com diferentes grupos de michês no Rio de Janeiro mostra uma realidade um pouco diferente. É necessária uma imediata desmistificação daquela imagem outrora divulgada, o michê não tem necessariamente a forma física descrita pela imprensa e desejada por muitos. Grande é a sua surpresa quando se constata que o michê pode ser qualquer rapaz, com ou sem o exagero do masculino e sem inatingibilidade dos deuses do Olimpo. Jovens com aparência típica de rapazes de subúrbio, sem roupas ou tênis de marcas famosas, algumas vezes com um certo estereótipo de meninos de rua também podem estar envolvidos na prostituição.

Importante esta constatação de que é difícil conceituar o grupo dos rapazes envolvidos na prostituição masculina. Certamente não há características que permitam uma definição do grupo ou mesmo de seus membros, tampouco de sua atividade. O contato direto os seus “favores sexuais” por muito menos do que se imagina ou por muito mais do que necessita. Passamos a ser contra uma delimitação específica ou uma definição à priori do grupo.

Não são poucas, contudo, as áreas em que se desenvolve a prostituição masculina no Rio. Algumas já famosas, como a Galeria Alaska, o Bar Maxim's, a Cinelândia, a Via Ápia. Outras que congregam as chamadas “marginalidades” e permitem, num contrato implícito, que a pegação se insinue e a michetagem permaneça. Por mais que sejam diferentes as características destas áreas e por mais personagens que participem deste cenário, certo é que ali sempre estão os atores principais: o michê e o cliente, que iniciam ali sua peça cujo epílogo quase sempre se dá na cama.

E é na cama que a delimitação exigida pode desfazer ou reforçar fantasias. Diz-se que “entre quatro paredes tudo é permitido”, embora isto seja muitas vezes negado. Pouco importa. Fato é que se consuma o prazer e que certamente este não é unilateral.

Grande parte das vezes é efêmera a permanência na prostituição, muitas destas o tempo suficiente para uma maior compreensão de sua própria sexualidade ou de outras fontes de renda. Soma-se a isto o desejo despertado no cliente, que tende a reduzir com o aumento da idade.

Muitas são também as diferenças entre os que optam pela prostituição nas ruas e pela chamada prostituição fechada, em saunas, casas de massagem, hot-lines e similares. A prostituição fechada pressupõe uma maior profissionalização da atividade, o que não é fácil para a maioria, que acaba optando pelas ruas.

Algumas curiosidades nos confirmam que a prostituição masculina não é um “fenômeno” assim tão problemático para muitas famílias. Durante nosso trabalho no Programa “Pegação” pudemos perceber que há uma forma de desenvolvimento da atividade que conta com a plena cumplicidade das famílias de muitos rapazes: as chamadas “casas de tias”. São casas, sempre nos subúrbios e periferia, administradas por homossexuais de uma certa idade (as “tias”) e nas quais os rapazes das redondezas se prostituem para clientes abonados da zona sul. Muitas vezes as famílias incentivam, levam os rapazes e consideram a atividade de “comer viado” uma boa forma de engordar a renda familiar sem comprometer a masculinidade de seus pupilos (por Paulo Henrique Longo).

domingo, 22 de novembro de 2009

Um personagem gay na turma do Mauricio de Sousa

Um novo personagem de Mauricio de Sousa está gerando polêmica e movimentando o Twitter do criador da Turma da Mônica. Caio, apresentado como o melhor amigo de Tina em “O triângulo da confusão”, história da 6ª edição da revista lançada pela Panini, é o primeiro personagem aparentemente gay criado pelo autor. Na trama, Caio assume ser comprometido, apontando para outro rapaz. Outros personagens ficam surpresos com a revelação (veja imagem ao fim da postagem).

“A revista ‘Tina’ é uma nova publicação dirigida a um público adulto jovem, não tem nada a ver com a Turma da Mônica ou o público infantil ou infanto-juvenil”, escreveu Mauricio de Sousa em sua página no Twitter. “A história que está provocando celeuma deve ser lida e interpretada pelo leitor”.

“Repito, a revista ‘Tina’ é uma nova publicação dirigida a um público adulto jovem. Lida a história, feita a interpretação, daí sim, comentários e críticas poderiam ajudar para falarmos a língua de uma sociedade esclarecida, lembrando que publicações dirigidas a faixas de idade diferenciadas podem e devem tratar qualquer assunto de maneira adequada ao seu leitor”, escreveu.

“Na TV, no cinema, nas revistas das bancas, há a separação por faixa de idade. Por que não haveria na nossa vasta galeria de publicações? Mas uma coisa vai se manter em todas as nossas produções: o respeito pelo ser humano. Pela pessoa. E a elegância no trato de qualquer tema”, comentou o autor (Fonte: G1).

A história cumpre as promessas de Maurício de Sousa em abordar de uma forma tranqüila temas importantes do universo adolescente sem, no entanto, levantar bandeiras. A assessoria do Maurício de Sousa também afirma ser possível que Caio seja bissexual e garante que ele voltará às histórias da Tina. Nesta edição há também um discurso de Tina, agora estudante de jornalismo, contra todas as formas de preconceito. São os ventos das mudanças. Que sejam bem-vindos!


















domingo, 15 de novembro de 2009

Declaração dos direitos sexuais

Sexualidade é uma parte integral da personalidade de todo ser humano. O desenvolvimento total depende da satisfação de necessidades humanas básicas tais quais desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor.

Sexualidade é construída através da interação entre o indivíduo e as estruturas sociais. O total desenvolvimento da Sexualidade é essencial para o bem estar individual, interpessoal e social.

Os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos. Saúde sexual é um direito fundamental, então saúde sexual deve ser um direito humano básico. Para assegurarmos que os seres humanos e a sociedade desenvolva uma sexualidade saudável, os seguintes direitos sexuais devem ser reconhecidos, promovidos, respeitados e defendidos por todas sociedades de todas as maneiras. Saúde sexual é o resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exercita estes direitos sexuais.

Durante o XV Congresso Mundial de Sexologia, ocorrido em Hong Kong (China), entre 23 e 27 de agosto p.p., a Assembléia Geral da WAS – World Association for Sexology, aprovou as emendas para a Declaração de Direitos Sexuais, decidida em Valência, no XIII Congresso Mundial de Sexologia, em 1997.

O DIREITO À LIBERDADE SEXUAL – A liberdade sexual diz respeito à possibilidade dos indivíduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se excluem todas as formas de coerção, exploração e abuso em qualquer época ou situações de vida.

O DIREITO À AUTONOMIA SEXUAL, INTEGRIDADE SEXUAL E À SEGURANÇA DO CORPO SEXUAL – Este direito envolve a habilidade de uma pessoa em tomar decisões autônomas sobre a própria vida sexual num contexto de ética pessoa e social. Também inclui o controle e p prazer de nossos corpos livres de tortura, multilação e violência de qualquer tipo.

O DIREITO À PRIVACIDADE SEXUAL – O direito às decisões individuais e aos comportamentos sobre intimidade desde que não interfiram nos direitos sexuais dos outros.

O DIREITO A LIBERDADE SEXUAL – Liberdade de todas as formas de discriminação, independentemente do sexo, gênero, orientação sexual, idade, raça, classe social, religião, deficiências mentais ou físicas.

O DIREITO AO PRAZER SEXUAL – prazer sexual, incluindo autoerotismo, é uma fonte de bem estar físico, psicológico, intelectual e espiritual.

O DIREITO À EXPRESSÃO SEXUAL – A expressão é mais que um prazer erótico ou atos sexuais. Cada indivíduo tem o direito de expressar a sexualidade através da comunicação, toques, expressão emocional e amor.

O DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÀO SEXUAL – significa a possibilidade de casamento ou não, ao divórcio, e ao estabelecimento de outros tipos de associações sexuais responsáveis.

O DIREITO ÀS ESCOLHAS REPRODUTIVAS LIVRES E RESPONSÁVEIS – É o direito em decidir ter ou não ter filhos, o número e tempo entre cada um, e o direito total aos métodos de regulação da fertilidade.

O DIREITO À INFORMAÇÃO BASEADA NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO – A informação sexual deve ser gerada através de um processo científico e ético e disseminado em formas apropriadas e a todos os níveis sociais.

O DIREITO À EDUCAÇÃO SEXUAL COMPREENSIVA – Este é um processo que dura a vida toda, desde o nascimento, pela vida afora e deveria envolver todas as instituições sociais.

O DIREITO A SAÚDE SEXUAL – O cuidado com a saúde sexual deveria estar disponível para a prevenção e tratamento de todos os problemas sexuais, precauções e desordens.

Acción afirmativa contra la homofobia

Soy lesbiana declarada y vivo fuera del armario desde noviembre de 1996, cuando salí con Isabel, mi pareja, en un Programa de TV de esos que se llaman de testimonio. He sido Presidenta de COGAM, en 1998. Fui a COGAM para salir del armario en Política y me fui de COGAM para encabezar la lista de Los Verdes a la Comunidad de Madrid y participar en un proyecto de reconstrucción de una alternativa de izquierdas y verde, no dogmática, para el Parlamento Europeo en colaboración con otros partidos. No he abandonado la Política, ni la militancia civil no violenta. Lo que he dejado atrás son las siglas y las disciplinas de partido.

Isabel y yo estuvimos apoyando la reivindicación de La Ley de Parejas, desde el principio, y apoyamos el matrimonio civil, que parece estar a la vuelta de la esquina, aún a riesgo de ser tachadas de "carcas", porque consideramos que la equiparación en los derechos civiles es de justicia, sobre todo teniendo en cuenta que vivimos en un contexto social determinado que no puede obviarnos, ni desentenderse de nuestra existencia, puesto que contribuimos "a escondidas", pero realmente, a su desarrollo y riqueza, con nuestros impuestos, con nuestro trabajo, etc.. Nos tiene que reconocer, respetar y favorecer en igualdad de condiciones sin penalizarnos por nuestra orientación lésbica ó gay.

Pero no dejo de ser consciente de que tanto la Ley de Parejas como el Matrimonio Civil como reivindicaciones, en el caso de existir y de poder acogernos a ellas, sólo van a beneficiar y a resolver la vida a aquellas parejas de lesbianas o de gays que así lo decidan de acuerdo con sus intereses personales específicos. Seamos el porcentaje que seamos, no se dará en el 100% de los casos, pues no todas las lesbianas, ni todos los gays tienen pareja con la que pensar y plantearse estas cosas. Quienes decidamos contraer matrimonio civil habremos conseguido la plena igualdad jurídica, el fin de la discriminación legal, pero ¿habremos conseguido la igualdad real? y ¿qué pasará con la gente que no tiene pareja?, ¿qué pasará con l@s adolescentes que están descubriendo su homosexualidad sin ningún referente o con referentes negativos en los colegios? ¿cómo se consigue que en aquellos ámbitos en donde la homosexualidad no está fuera del armario y es evidente, pasé a manifestarse?

El día que se autorice el matrimonio entre personas del mismo sexo, los gays y las lesbianas no saldrán en masa del armario, los homófobos no les abrazarán diciéndoles de corazón "¡ya ha terminado vuestra pesadilla! ¡os queremos como sois!." Ni los gays y lesbianas se olvidarán ese día repentinamente de su pasado, se liberarán alegremente del trauma acumulado, ni se comportarán de pronto como si su homosexualidad nunca hubiera sido motivo de marginación y humillación, como si nunca hubieran tenido nada que esconder. No. Nada de eso ocurrirá.

Por eso, hace tiempo que, desde mi nueva situación de independencia, vengo planteando la necesidad de crear otros foros de debate y otros temas de reivindicación, desde el convencimiento de que hará falta más, mucho más, que la autorización del matrimonio para conseguir la igualdad real. Será necesario un programa especial de acción social y política de apoyo a lesbianas y gays, un programa que sea tan contundente en lo positivo como lo ha sido la sociedad hasta ahora en lo negativo.

Como ecofeminista tengo claro que, legislar con el objetivo de acabar con la discriminación, es imprescindible, pero nunca un fin en sí mismo. Sólo las "acciones positivas" que han establecido cupos o preferencias de la mujer frente al hombre han sido instrumentos eficaces, aplicados durante un tiempo, para conseguir en la práctica "condiciones de paridad" desde las que empezar a construir otro mundo no patriarcal ni machista. Sólo las campañas de sensibilización pública a todos los niveles han conseguido situar en el nivel justo el debate. Por ello, pienso que sólo "acciones positivas" aplicadas en beneficio de lesbianas o gays van a poder incidir en un cambio de mentalidad real y, lo que es más importante, en una diferente valoración de la orientación lesbiana y gay. Dicho de otro modo, la igualdad, la igualdad real, no va a venir con una palmadita en la espalda y una declaración oficial de que ya somos iguales.

Los gays y lesbianas, como grupo social, estamos debilitados por la sistemática política de terror y chantaje a que se nos somete desde la infancia. Esa debilidad se traduce en miedo, miedo a hablar, miedo a darse a conocer, miedo a dar la cara. Y ese miedo hace que no contemos con suficiente fuerza para defender nuestros derechos. Para invertir esta situación, es necesario aplicar un intenso programa que premie de diferentes maneras la manifestación pública de nuestra orientación lésbica o gay, que refuerce con apoyo económico a los medios de comunicación lésbicos y gays, que son los que nos sirven para articular un discurso público de defensa de nuestros derechos, y a nuestras organizaciones sociales.

Hacen falta campañas públicas de sensibilización respecto de la realidad lésbica y gay, a los problemas y marginaciones que sufrimos. Hace falta que la gente se entere de las nefastas consecuencias que ello tiene para las vidas de millones de personas. Es imprescindible acabar con los estereotipos que se manejan cotidianamente, que no se juzgue de manera negativa a quiénes se disfrazan o "travisten" en las marchas en favor del Orgullo Gay-Lesbiano, como no se juzga, ni se consideran "pervertid@s" a quiénes en los carnavales hacen lo propio y cambian sus indumentarias habituales. Mientras no se consiga desconectar socialmente que no tiene por qué influir en la profesionalidad de un/una médic@ o de un/una abogad@, la pluma que ést@ tenga, ni en su capacidad para ser una buena madre o un buen padre, habrá que seguir reivindicando espacios de libertad. El hecho de que a estas alturas de la historia estemos empezando a atisbar el fin de las discriminaciones legales contra nosotr@s, si algo demuestra es precisamente la penosa situación de opresión en que aún se desarrollan nuestras vidas en lo cotidiano, por ello lo más importante que hay que cambiar es el día a día, cualquier acto sencillo de nuestra existencia.

Me preocupa pensar que el tiempo que reste hasta que el Partido Popular deje el Gobierno o decida legislar esta discriminación evidente e insostenible, las lesbianas y los gays, individualmente, y los Colectivos que supuestamente representan nuestros intereses, centren su actividad pública en la equiparación legal y olviden que el trabajo real está en los colegios, las universidades, las empresas, los medios de comunicación, etc.

Creo que los Partidos Políticos, además de llevar en sus propuestas electorales medidas de equiparación legal, tendrán que plantear políticas reales para la compensación de las injusticias que se han infligido a las lesbianas y a los gays en el transcurso de la historia. Tendrán que incluir en sus listas a lesbianas y gays declarad@s para que en los Parlamentos y en los Ayuntamientos empiece a haber una representación proporcional de gays y de lesbianas y hasta contratar en sus estructurales profesionales a asesor@s especializad@s que sean homosexuales. Me refiero también a los medios de comunicación y a su obligación de producir todo tipo de programas: películas, series, debates, informativos con referentes positivos homosexuales. A los planes de estudio que tendrán que dar cabida como materia básica de conocimiento temas relacionados con la realidad lesbiana ó gay, con la formación de la personalidad, etc. Y proporcionar referencias históricas positivas no estereotipadas. Pienso, también, en los ámbitos universitarios en los que se tendrá que potenciar la investigación sobre cuestiones de carácter lésbico y gay, hasta la fecha desatendidos. De modo y manera que, en todos los estratos sociales, en un pueblo como en una ciudad, en cualquier comunidad autónoma, en las empresas públicas como en las privadas, en los colegios, incluso religiosos, en las universidades y en las familias, obviamente, hasta en el último rincón se persigan los prejuicios y se extermine la homofobia latente que está tan asumida.

Todo esto es lo que se ha dado en llamar "acción afirmativa" y sólo conseguiremos este cambio, que tiene que ver con una idéntica valoración de la orientación homosexual, si se comienza ya a llevar a cabo y a hacer extensivo éste o cualquier otro plan de "acciones afirmativas".

Si esto suena utópico e inalcanzable es que nuestra igualdad real también es utópica e inalcanzable, pero yo no creo que lo sea. Basta con ponerse en marcha cuanto antes, pues se trata de nuestra propia dignidad que nos exige seguir luchando por la igualdad. La igualdad real (por Ana Segura).

domingo, 8 de novembro de 2009

Amor não tem sexo

Esta, ainda que pareça ser uma afirmativa chocante, é absolutamente verdadeira. O amor não tem sexo, não tem idade, não tem cor, não tem fronteiras, não tem limites. O amor não tem nada disso, mas tem tudo. Corresponde ao sonho de felicidade de todos, tanto que existe uma parcela de felicidade que só se realiza no outro. Ninguém é feliz sozinho. Como diz a música, é impossível ser feliz sozinho, sem ter alguém para amar.

Essa realidade começou a adquirir tamanha visibilidade, que o amor passou a ter relevância jurídica e acabou ingressando no ordenamento jurídico. Em um primeiro momento, só o casamento chancelava o envolvimento afetivo, verdadeiro sacramento para a Igreja, sendo considerado pelo Estado a instituição-base da sociedade.

Com a evolução dos costumes e a quebra de inúmeros preconceitos e tabus, não mais foi possível deixar de ver o surgimento de novos relacionamentos, muitas vezes formados pelos partícipes dos vínculos oficializados desfeitos. Esses novos núcleos, sem nome e sem lei, foram no Judiciário objeto de conhecimento. Ainda que de forma tímida e conservadora – mais por não conseguir a Justiça conviver com a mais chocante injustiça, que é o enriquecimento injustificado –, o afeto começou a receber respaldo jurisdicional. No princípio, confundindo-se amor com lavor, viram-se nas relações chamadas concubinárias verdadeiros vínculos empregatícios. Depois, identificadas como sociedades de fato, o que nada mais era do que uma sociedade de afeto, as relações extramatrimoniais foram inseridas no campo do Direito Obrigacional, um negócio jurídico, com base no art. 1.363 do CC, verdadeira combinação de esforços ou recursos para lograr fins comuns.

Mas dito respaldo judicial acabou por fazer a Constituição Federal alargar o conceito de família, abrangendo não mais exclusivamente o casamento, mas também o que chamou de união estável, além de emprestar o nome de entidade familiar às relações de um dos pais com seus filhos.

Embora vanguardista, o conceito de família cunhado pela Lei Maior ainda é acanhado, pois não logrou envolver vínculos afetivos outros, que não correspondem ao paradigma convencional identificado pelo casamento com sexo e reprodução. Ora, se os métodos contraceptivos e os movimentos feministas concederam à mulher o livre exercício da sexualidade; se passaram a ser considerados família os relacionamentos não identificados pelo casamento; se, no atual estágio da evolução da engenharia genética, a reprodução não mais depende da ocorrência de contato sexual, imperioso que se busque um novo conceito de família.

A identificação da presença de um vínculo amoroso, que leva o envolvimento de sentimentos ao enlaçamento das vidas, é o que basta para que se reconheça a existência de uma família. Como já afirmava Saint Exupéry, você é responsável pelas coisas que cativa. E é esse envolvimento a causa da incidência do Direito de Família, levando ao surgimento de encargos e obrigações, mas também concedendo direitos e prerrogativas a quem passa a comungar da mesma vida.

Se basta o afeto para se ver uma família, nenhum limite há para seu reconhecimento. A presença de qualquer outro requisito ou pressuposto é desnecessária para sua identificação.
Essa nova concepção tem levado cada vez mais a sociedade a conviver com todos os tipos e espécies de relacionamento, mesmo que não mais correspondam ao modelo tido como "oficial". Mas ainda é alvo de acirrada polêmica e causa verdadeira rejeição social a possibilidade, ora legalmente chancelada pela Holanda, de os casais homossexuais adotarem crianças. Essa resistência mostra a inaceitação de tais vínculos, que, no entanto, como qualquer outro, têm o afeto como razão de existir. Em nome da preservação do menor, por medo de que seja alvo da repulsa no ambiente escolar ou por temer comprometimento de ordem psicológica, por falta de referências definidas que lhe sirvam de modelo, acaba-se perpetrando verdadeiros infanticídios.

Há uma realidade da qual não se pode fugir. Crianças vivem com parceiros do mesmo sexo, quer por serem concebidas de forma assistida, quer por serem filhos de somente um deles. Presente a convivência, a negativa de adoção veda a possibilidade do surgimento de um vínculo jurídico com ambos, o que, ao invés de benefícios, só acarreta prejuízos ao filho. Mesmo tendo dois pais ou duas mães, a vedação de chancelar dita situação serve tão-só para impedir, em caso de morte, a percepção de direitos sucessórios ou benefícios previdenciários. Se ocorrer a separação, não haverá direito a alimentos, não se podendo garantir o direito de visitas.

Por isso é que merece ser louvada a iniciativa da Holanda, que, de forma corajosa, pensou muito mais no interesse dos menores do que nos preconceitos da sociedade. Garantiu o nascimento de filhos frutos do afeto, gerados de forma responsável, cercando-os da proteção legal.

Essa é, com certeza, a consagração do amor sem estigmas e sem medos, concedendo a muitos menores abandonados a chance de se criarem de forma saudável e feliz, pois cercados de um amor que já não tem mais medo de dizer seu nome e no seio de uma família que merece ser chamada de homoafetiva (por Maria Berenice Dias. In: Âmbito Jurídico, mar/2001).

Heterossexuality is not normal; it’s just common.”
Dorothy Parker

domingo, 1 de novembro de 2009

Liberdade

Uma antiga propaganda de jeans dizia que liberdade é uma calça velha azul e desbotada que se deve usar do jeito que o indivíduo quiser. Essa idéia além de indicar que a liberdade não requer elucubrações sofisticadas para ser compreendida, indica também que ela significa uma possibilidade de se fazer aquilo que se quer conforme se escolha. Ser livre, portanto, consiste na possibilidade de escolha, que, uma vez feita, pode ser repetida sempre que se queira de acordo com a situação. O poeta Fernando Pessoa traduziu esse pensamento da seguinte maneira: “Ai que prazer não cumprir um dever. Ter um livro para ler e não o fazer! Ler é maçada. Estudar é nada. O sol doira sem literatura. O rio corre, bem ou mal, sem edição original. E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal, como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta a distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, esperar por D. Sebastião, quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, flores, música, o luar, e o sol, que peca só quando, em vez de criar, seca. O mais do que isto é Jesus Cristo, que não sabia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca...LIBERDADE é o tema do poema falado deste mês. Boa Leitura!