Pour mes amies que j'aime
Joaninhas possuem asas pequeninas e, por conta disso, alçam vôos modestos. Mas, como as borboletas, também apreciam a beleza dos jardins em flor. Estava eu a voltear (sim, joaninhas podem voltear! Nunca duvidem disso!) nos roseirais do norte, quando avistei no alto do monte real a bela e formosa Flor-de-Lis. No jardim, não havia quem não a admirasse. Naquela tarde de verão, porém, algo mudara. Quase todos perceberam a súbita mudança, embora muitos tenham optado por omitir qualquer tipo de comentário. Sua imensa formosura era incapaz de disfarçar a indisfarçável tristeza que se abatera sobre suas róseas pétalas. Voei ao seu encontro e perguntei-lhe o que estava a ofuscar seu brilho intenso. Ela nada respondeu. Calei-me, então. De certo a bela Flor-de-Lis estava a esperar que o vento trouxesse de volta a amiga borboleta que as lufadas juninas levaram para o sul. Fiquei a pensar com minhas negras pintas que jamais havia testemunhado comunhão igual àquela. Tão pura, tão intensa, tão feliz. Hei de vê-las juntas outra vez, a bela Flor-de-Lis e sua amiga borboleta, brilhando livres, soltas, leves a sorrir para os jardins do mundo, como deve acontecer. Entre dois seres que se amam o amor tem de florescer, haja o que houver. E haverá o tempo do desabrochar. Nesses dias, todos hão de ver os ventos a soprar incessantemente (por Coccinelle).