segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Poema Falado: Canto de Iemanjá

Na tradição do candomblé, Iemanjá é a mãe suprema, pois de seu ventre nasceram todos os orixás. De acordo com Pierre Verger (Orixás. São Paulo: Corrupio, 1981), “Iemanjá, é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemanjá. As guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do axé da divindade, e o rio Ogun, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemanjá. Este rio Ogun não deve, entretanto, ser confundido com Ogun, o orixá do ferro e dos ferreiros”. No Brasil, o culto a Iemanjá voltou-se para as águas salgadas. Aqui, seus fiéis voltam-se, preferencialmente, para os mares quando desejam dirigir pedidos à grande mãe. E Iemanjá jamais nega um pedido de quem o faz com o coração limpo, como já demonstrou o Dorival Caymmi quando escreveu: “Eu mandei um bilhete pra ela pedindo para ela me ajudar. Ela, então, me respondeu que eu tivesse paciência de esperar. O presente que eu mandei pra ela de cravos e rosas vingou”. Como se pode perceber o segredo é ter paciência de esperar para que o presente vingue. E ele sempre vinga.

Excepcionalmente, o Poema Falado de fevereiro está a ser publicado não no primeiro domingo do mês, mas, sim, na primeira segunda-feira, pois amanhã será o grande dia, o dia de Iemanjá. Para homenageá-la, o poema “Canto de Iemanjá”, do Vinícius de Moraes: “Iemanjá, lemanjá. lemanjá é dona Janaína que vem. Iemanjá, Iemanjá. lemanjá é muita tristeza que vem. Vem do luar no céu. Vem do luar no mar coberto de flor, meu bem, de Iemanjá. De lemanjá a cantar o amor e a se mirar na lua triste no céu, meu bem, triste no mar. Se você quiser amar, se você quiser amor, vem comigo a Salvador para ouvir lemanjá, a cantar, na maré que vai e na maré que vem. Do fim, mais do fim, do mar. Bem mais além. Bem mais além do que o fim do mar. Bem mais além”. Vale a pena conferir o vídeo abaixo, nosso presente para Iemanjá, senhora e rainha do mar. Louvemos, então, Iemanjá! Odóiyá! (por Sílvio Benevides, Coccinelle e Papillon).

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