domingo, 28 de março de 2010

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário, os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa (por Arnaldo Jabor).

domingo, 21 de março de 2010

O mal da felicidade

Escritor francês diz que ser feliz virou uma obrigação, um símbolo de status e uma fonte permanente de angústia. Entrevista a PAULA MAGESTE para a revista Época n. 218 de Julho de 2002. Concordo com suas idéias e por isso resolvi reproduzir essa entrevista aqui. Voilá!

O romancista e ensaísta francês Pascal Bruckner publicou 15 livros, ganhou dois importantes prêmios literários europeus, teve uma obra, Lua de Fel, adaptada para o cinema por Roman Polanski e, doutor em letras, deu aulas em Nova York e em San Diego, na Califórnia. Aos 53 anos, mora em Paris com a segunda mulher e a filha, de 7 anos. Bruckner poderia considerar-se um homem feliz, mas isso não combina com seu livro mais recente. A Euforia Perpétua (Ed. Bertrand Brasil) denuncia a fragilidade e a crueldade de uma sociedade que transformou a felicidade em ideal coletivo e obrigatório. 'No mundo ocidental, quem não é feliz se sente excluído e fracassado', afirma o escritor. 'A felicidade é extremamente individual e efêmera por definição. Por isso, as pessoas obcecadas em conquistá-la, como a uma propriedade, sofrem em dobro e se distanciam das pequenas alegrias da vida.' Bruckner concedeu a ÉPOCA a seguinte entrevista:

ÉPOCA – Como a felicidade se tornou uma tirania?

Pascal Bruckner – No século XVIII, felicidade já deixara de ser um direito para se tornar um dever. Mas essa inversão de valores só se consolidou no século XX, depois de 1968, quando se fez uma revolução em nome do prazer, da alegria, da voluptuosidade. A partir do momento em que o prazer se torna o principal valor de uma sociedade, quem não o atinge vira um indivíduo fora-da-lei.

ÉPOCA – Se é natural ao ser humano buscar a felicidade, onde está o erro?

Bruckner – O erro é esquecer que ninguém pode dizer o que o outro deve procurar, muito menos coletivamente. É perigoso achar que a existência só tem validade se a pessoa encontrar a felicidade. Essa é apenas uma das possibilidades na vida. Há várias outras, como a paixão e a liberdade. Recuso a noção de felicidade como objetivo maior da humanidade.

ÉPOCA – O problema não é o que se considera felicidade hoje?

Bruckner – O problema é a procura. Todos os que buscam a felicidade ficam mais infelizes, porque não se trata de uma caça ao tesouro ou à pedra filosofal. A busca da felicidade está fadada ao fracasso. É como procurar o príncipe encantado. Acabamos por nos privar dos pequenos prazeres e das pequenas alegrias, e ficamos com uma insatisfação permanente.

ÉPOCA – A felicidade transformada em objetivo coletivo é uma questão política?

Bruckner – Muitos países querem se colocar como paraísos terrestres. Enquanto isso, um monte de gente morre de fome. Todos os Estados fascistas ou comunistas queriam padronizar a felicidade do povo. Isso é perigoso. Nenhum governo, patrão ou chefe de Estado tem o direito de nos dizer onde está nossa felicidade.
ÉPOCA – Confunde-se felicidade e bem-estar?

Bruckner – Dinheiro compra bem-estar, conforto, mas nada compra a felicidade. Nos países em que o Estado falha em suprir as necessidades básicas do cidadão, é compreensível que a felicidade seja vista como a ausência da tristeza. Mas ela não deve ser reduzida a uma definição pela negação. Nos países ricos, em que as pessoas dispõem de certa renda, têm casa e comem normalmente, a felicidade não é compulsória. Prova disso é que na França se consome uma enorme quantidade de antidepressivos.

ÉPOCA – Sofrimento virou doença?

Bruckner – Sempre detestamos o sofrimento, é normal. A novidade é que agora as pessoas não têm mais o direito de sofrer. Então, sofre-se em dobro. Querer que as pessoas se calem sobre a dor física ou psicológica é apenas agravar o mal.

ÉPOCA – Felicidade virou símbolo de status?

Bruckner – Mais que o dinheiro, ela é a nova ostentação dos ricos. Eles estão na mídia e exibem seus carros de luxo, sua vida amorosa extraordinária, seu sucesso social, financeiro ou mesmo moral, quando colaboram com instituições beneficentes. A felicidade virou parte da comédia social.

ÉPOCA – Isso aumenta a crença de que ela pode ser conquistada?

Bruckner – Há pessoas que correm a vida inteira atrás dela, e então a felicidade vira uma inquietação permanente. Ou seja, o sujeito já entrou no território da angústia. A felicidade vira uma prisão.

ÉPOCA – E o papel da religião em tudo isso?

Bruckner – O cristianismo coloca a felicidade como o paraíso perdido ou por vir. É a noção da felicidade perfeita, ao pé de Deus. Praticamente todas as religiões falam do sofrimento e nos prometem a felicidade depois desta vida. No catolicismo, o sofrimento é tamanho que o Deus sangra e agoniza. Por outro lado, há cada vez mais religiões que se ocupam da felicidade na Terra, como evangélicos, budistas e hinduístas, por exemplo. Na verdade, nos tornamos todos crentes laicos: tentamos cumprir na Terra o ideal que o cristianismo nos propõe para o céu. Queremos fazer nossa felicidade como os penitentes de outros tempos se flagelavam. Nós nos penitenciamos nas academias de ginástica, no esforço permanente para emagrecer, nos regimes, na obrigação de ter orgasmo.
ÉPOCA – Então nossa busca de felicidade não nos aproxima do hedonismo nem traz uma ruptura com certos valores religiosos?

Bruckner – Curiosamente, todas as revoluções feitas nesse sentido, inclusive a Francesa, desembocam em um ideal ainda muito impregnado de religião. Nosso hedonismo acaba nos mortificando. Agredimos nosso corpo para torná-lo perfeito, musculoso, imortal. As salas de ginástica cada vez mais se parecem com salas de tortura. Carregamos a Inquisição conosco, e ela é o espelho. Continuamos no universo da mutilação, que é medieval.
ÉPOCA – Isso ocorre também no Oriente?

Bruckner – Para os povos orientais, existe a noção de reencarnação. Por um lado, pode-se esperar que a próxima vida seja melhor. Por outro, é preciso viver de forma a evitar as reencarnações e, assim, poder ir ao encontro da alma imortal de Brahma ou Buda. No Ocidente moderno a vida se tornou uma seqüência de gozos. E nossa busca frenética por essa verdade parece a saga de Dom Quixote. É patética.

ÉPOCA – No século XIX, havia o 'mal do século'. Era lindo sofrer. Estamos vivendo isso às avessas?

Bruckner – O 'mal do século' era uma estratégia do individualismo. O burguês era contente e satisfeito, ao passo que o artista exibia sua tristeza para se distinguir da massa. Até a doença se tornou uma forma de singularização. Hoje, a estratégia é a mesma: se distinguir, escapar da miséria comum.

ÉPOCA – Por isso muita gente adota a atitude de ver alegria e perfeição em cada refeição, cada objeto, cada momento?

Bruckner – É a estratégia dos estóicos, de fazer tudo como se fosse a última vez. É uma revalorização da vida cotidiana. É interessante, mas pode ser um mecanismo de autopersuasão, de se convencer da felicidade da própria existência, de evitar ser pego no 'erro'. Essas são pessoas que decidiram imperativamente ser felizes. Isso é muito suspeito, porque todo ser humano tem momentos de tristeza. Tentar esconder isso é se enganar.

ÉPOCA – Os livros de auto-ajuda reforçam que só não é feliz quem não quer?

Bruckner – Esse tipo de literatura sempre existiu. São livros contra as pequenas misérias do cotidiano: como se livrar de uma febre, remover uma mancha. Hoje, no entanto, os temas são mais amplos: promete-se a felicidade. Deepak Chopra, guru das estrelas de Hollywood, faz vários livros sobre o mesmo tema: como ganhar dinheiro, como fazer sucesso. Há sempre um ou dois conselhos que funcionam, mas esse tipo de receita vive muito próximo do charlatanismo.

ÉPOCA – As pessoas felizes são menos interessantes?

Bruckner – Ninguém é feliz ou infeliz o tempo todo. A vida não se divide entre essas duas polaridades. Muito mais importante que a felicidade é a liberdade, a capacidade de enfrentar problemas. A felicidade é um valor secundário, e é bom enfatizar isso para que não se sintam culpadas as pessoas que não chegam a ser felizes.

EPOCA – O que seria a felicidade real, não-idealizada?

Bruckner – Um sentimento sem objeto preestabelecido, algo que muda de acordo com a pessoa, com a época e com a idade. Nós a encontramos em alguns momentos, mas ela é fugidia por natureza, não vem quando a chamamos e às vezes chega quando menos esperamos. Há dois erros básicos na forma como a encaramos atualmente. Um é não reconhecê-la quando acontece ou considerá-la muito banal ou medíocre para acolhê-la. O segundo erro é o desejo de retê-la, como a uma propriedade. Jacques Prévert tem uma frase linda sobre isso: 'Reconheço a felicidade pelo barulho que ela faz ao partir'. A ilusão contemporânea é a da dominação da felicidade. Um triste erro.
É por isso que eu, Coccinelle, falo sempre: Quero exercer o meu direito de ser triste. E tenho dito!

domingo, 14 de março de 2010

LGBT nas Forças Armadas – Nota oficial da ABGLT

A ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, é uma entidade nacional que congrega 237 organizações de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) de todo o Brasil, tendo como objetivo promover e defender os direitos humanos destes segmentos da sociedade. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.

Esta semana (08 a 12 de março), a questão de LGBT nas forças armadas brasileiras foi noticiada duas vezes pelos meios de comunicação, ambas as vezes revelando o preconceito, a discriminação e o conservadorismo que existem a respeito.

O Senado aprovou nesta quarta-feira (10) a indicação do general Raymundo Nonato Cerqueira Filho o Superior Tribunal Militar (STM). Quando de sua sabatina pelo Senado em fevereiro, o general afirmou que “Tem sido provado mais de uma vez, o indivíduo [homossexual] não consegue comandar. O comando, principalmente em combate, tem uma série de atributos, e um deles é esse aí. O soldado, a tropa, fatalmente não vai obedecer. Está sendo provado, na Guerra do Vietnã, tem vários casos exemplificados, que a tropa não obedece normalmente indivíduos desse tipo [homossexuais]”.

Vale ressaltar que o Senado aprovou a indicação do general por 46 votos a favor e 5 contrários, após o general ter afirmado em carta que cumprirá a garantia da Constituição Federal de que todos são iguais perante a Lei. Que fique a lição. Esperamos que o Senado também aprove o Projeto de Lei da Câmara nº 122/2006 que proíbe várias formas de discriminação, inclusive por orientação sexual e identidade de gênero.

O segundo caso noticiado esta semana também envolveu o Superior Tribunal Militar, que decidiu nesta quinta-feira (11), por sete votos a três, reformar o tenente-coronel Osvaldo Brandão Sayd, que servia em Curitiba, por ele ter tido um relacionamento homossexual com um militar subordinado, mesmo que "fora da administração militar”.

O Código Penal Militar prevê pena de detenção para “Pederastia ou outro ato de libidinagem...homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar” (art. 235). Logo, o tenente-coronel não infringiu o Código neste aspecto, uma vez que ocorreu fora da administração militar.

Segundo o relator do caso no STM, ministro José Américo, “A opção sexual (sic) não há de ser recriminada, mas excessos têm de ser tolhidos para o bem da unidade militar. Não se pode permitir liberalidade a ponto de denegrir (sic) o instamento militar”. Américo e mais seis ministros, decidiram que o tenente-coronel “não reúne condições de permanecer como militar em exercício” e, portanto, deve ser reformado.

A ABGLT lamenta as atitudes discriminatórias dos ministros do STM que se posicionaram contra a atuação de LGBT nas forças armadas, e congratula a ministra Maria Elizabeth Teixeira Rocha, revisora do caso, por sua lucidez em afirmar que “O fato de o tenente-coronel ter tido relações sexuais com um subordinado fora da administração militar é comportamento que diz respeito apenas a uma questão pessoal, de foro íntimo, não afetando as Forças Armadas”, e que “Afastar alguém das fileiras das Forças Armadas em virtude de sua orientação sexual é promover o discurso do ódio, quando é dever do Estado coibi-lo”.

Ao contrário do Brasil, pelo menos 20 países permitem a gays e lésbicas servirem assumidamente como tal, entre eles: África do Sul, Alemanha (é permitido aos heterossexuais e homossexuais, sem distinção, praticar atos sexuais no serviço militar, desde que não interfira com a realização de suas atribuições. Militares lésbicas e gays também podem registrar uniões estáveis conforme a lei de parceria civil daquele país), Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha (inclusive travestis e transexuais), Estônia, Finlândia, França, Holanda (primeiro país a proibir a discriminação contra homossexuais nas forças armadas, em 1974), Irlanda, Israel, Lituânia, Malta (a patente e os deveres da pessoa dependem de suas qualificações, e não de sua orientação sexual), Noruega, Reino Unido (a política do Reino Unido é permitir que gays e lésbicas sirvam assumidamente nas forças armadas, e a discriminação por orientação sexual é proibida. Também é proibido coagir pessoas LGBT a se assumirem. Desde 2008, é permitido aos militares participar de Paradas do Orgulho LGBT vestindo a farda), República Tcheca, România (segundo a política de recrutamento do Ministério da Defesa, “todo cidadão romeno tem o direito de participar das estruturas militares do nosso país, independente de sua orientação sexual”), Suécia e Suíça.

O Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, na sua Estratégia 3 - Defesa e proteção dos direitos da população LGBT, item 1.3.9, prevê a revogação do artigo do Código Penal Militar que “persegue os militares homossexuais”. Ademais, o Brasil é um país democrático e tem uma Constituição que garante que todos são iguais perante a lei e que não haverá discriminação de qualquer natureza. As Forças Armadas devem respeitar estas garantias também, ou não? (por Toni Reis, presidente da ABGLT)

domingo, 7 de março de 2010

Poema Falado: Retrato

“Ontem de manhã quando acordei, olhei a vida e me espantei: eu tenho mais de vinte anos”. Pois é, o tempo passa. E como bem disseram a Suely Costa e o Vitor Martins na música imortalizada pela Elis Regina, o tempo passa e repassa, ad infinitum, na velocidade de um átimo de respiro, restando-nos, apenas, o espanto. Pois é, o tempo passa. E o que fazer com o que foi feito da vida? Celebrar? Recordar? Lamentar? E o que fazer com o tempo vindouro? Percorrer os caminhos já trilhados ou buscar novas trilhas para prosseguir? Sim, eu tenho mais de vinte anos e trago em mim, ainda, “mais de mil perguntas sem respostas”. Se as veredas que virão serão blue isso não sei. Só sei que os espelhos já não refletem a minha face de outrora. Por essa razão o Poema Falado desse mês apresenta o texto Retrato, da Cecília Meireles que diz: “Eu não tinha este rosto de hoje, / assim calmo, assim triste, assim magro, / nem estes olhos tão vazios, / nem o lábio amargo. // Eu não tinha estas mãos sem força, / tão paradas e frias e mortas; / eu não tinha este coração / que nem se mostra. // Eu não dei por esta mudança, / tão simples, tão certa, tão fácil: / Em que espelho ficou perdida a minha face?” Essas palavras são lindamente ditas no vídeo abaixo pelo inesquecível Paulo Autran e ilustradas por retratos de personalidades admiravelmente notáveis. Boa Leitura!