
Durante a noite, no meu leito, busquei aquele que a minha alma ama. Procurei-o, mas não o encontrei. Levantei-me e percorri a cidade, as ruas e as praças, em busca daquele a quem a minha alma ama. Procurei-o e não o achei.
Encontraram-me os guardas que faziam a ronda na cidade. Perguntei-lhes: “Acaso viste aquele a quem a minha alma ama”?
Mal passara por eles, encontrei aquele a quem a minha alma ama. Apanhei-o e disse-lhe: “Ah! Beija-me com ósculos da tua boca! Porque os teus amores são mais deliciosos que o vinho, e suave é a fragrância dos teus perfumes”!
Eis que ele me respondeu: “Quão formosa e encantadora és, meu amor, minhas delícias. O teu porte assemelha-se ao da palmeira e os teus dois seios são os cachos. Subirei a palmeira e colherei teus frutos, que para mim são como cachos de uvas”.
Respondi: “Eu sou para o meu amado, e os seus desejos voltam-se para mim”.
Com lijonjas arrastei aquele a quem a minha alma ama para meus lábios e sabendo bem que um homem não pode esconder fogo em seu seio sem que suas vestes se inflamem, sussurei-lhe: “Vem, meu amado, saiamos para o campo, passemos a noite nos pomares; madrugaremos para ir às vinhas, e ver se a vinha lançou rebentos, se as flores se abrem, se as romãzeiras estão em flor. Ali te darei meus amores”!
“Os seus ardores são chamas de fogo”! Falou-me aquele a quem minha alma ama. Meu coração estremeceu.
“Vem"! Disse-lhe. "Embriaguemo-nos de amor até o amanhecer, gozemos as delícias da voluptuosidade”!
“Oh, como és bela, minha amada, como és formosa! Tenho a minha vinha diante de mim”!
Dizendo isto ele me seguiu imediatamente, como um veado colhido no laço. E juntos nos perdemos na imensidão do nosso amor.
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