
Viver implica em assumir riscos. Riscos que põem em cheque nossas convicções. Convicções que cremos serem verdades absolutas. Se estas são minimamente ameaçadas, grita-se, esperneia-se, foge-se, enclausura-se, mata-se. Nada pode abalar nossas convicções. Se, por exemplo, a morte abala nossa convicção de que somos superiores às baratas e nos dá a certeza do fim, inclusive do fim de toda e qualquer convicção, então, o melhor é fingir que ela não existe, seja silenciando ou acreditando na vida eterna. Se a morte é a angústia de quem vive, como já disse Vinícius de Moraes, crer na vida eterna é o remédio para amenizar essa angústia, que nada mais é do que o medo de descobrirmos que para o universo somos tão importantes quanto as pequeninas baratas. Há quem diga que o medo faz parte da natureza e que sua função é nos salvaguardar. Mas, salvaguardar de quê? (por Coccinelle).
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