Homofobia, como se sabe, é o ódio e/ou aversão ao modo de ser e estar homossexual. Por mais que tente, não consigo entender a razão da homossexualidade provocar esse sentimento naqueles que se dizem não-homossexuais. Para mim, a homofobia, além de torpe, é muito suspeita. Digo suspeita porque toda fobia resulta de um incômodo que, de acordo com o dicionário, significa tudo aquilo que não é confortável, que provoca embaraço, mal-estar ou aborrecimento. Se algo provoca em mim todas essas sensações, então, esse algo me toca de alguma maneira. Não nos incomodamos com nada que não nos diz respeito. No caso da homofobia, suspeito que esse incômodo nasça de uma atração que precisa ser negada para que o indivíduo atenda às expectativas instituídas pelas convenções sociais tradicionalmente sedimentadas. Tal negação por vezes se manifesta de forma violenta, por outras, de maneira sutil, como se pode perceber na matéria abaixo, de autoria do Fábio Altman, publicada na revista ISTOÉ DINHEIRO do dia 23/06/2004. Vejam só:
Há algo de podre no reino de William Shakespeare – podre talvez seja uma expressão um pouco exagerada. O fato é que na próxima semana, durante um encontro de shakespearianos em Londres, a escritora Robin Williams apresentará uma tese insólita – o bardo de Stratford era uma mulher. Quem? Mary Herbert, née Mary Sidney, a Condessa de Pembroke. Amante das artes, exímia tradutora, freqüentadora da corte de Elizabeth I, ela morreu em 1621 com fama de sumidade. Houve, claro, um William – mas ele teria sido testa-de-ferro de Mary. Se William foi Mary, como indica o polêmico estudo, isso explicaria o fato dos sonetos de amor de Shakespeare serem dedicados a um efebo. Explica, também, a dedicatória da primeira coleção de peças de teatro, para os condes de Pembroke e Montgomery, seus filhos. Tome-se a suposição como certeza para alimentar uma questão: saber que Shakeaspeare era ela, e não ele, muda alguma coisa no interesse por uma das marcas mais valiosas da história? As edições de Romeu e Julieta venderão menos por sabermos que a tragédia foi criada por mãos femininas? “Não altera nada do que ele escreveu, o que importa é a obra, que atravessou tempos e lugares”, diz Aimara da Cunha Rezende, uma das grandes especialistas brasileiras na obra do gênio inglês, presidente do Centro de Estudos Shakespeareanos do Brasil. Mas não há dúvida: a revelação acrescenta fermento numa figura lendária, tratado em tom quase religioso por seus adeptos.
Perceberam como ocorre a negação? Diz o Fábio Altman: “Se William foi Mary, como indica o polêmico estudo, isso explicaria o fato dos sonetos de amor de Shakespeare serem dedicados a um efebo”. Ora, ora, por que o William Shakespeare, sendo um homem, não poderia ter dedicado sonetos de amor a um efebo? Por qual razão é difícil aceitar que um dos maiores escritores da humanidade e da cultura ocidental era homossexual? Simples: HOMOFOBIA!
No tempo do Shakespeare as mulheres eram consideradas seres menores, inferiores aos homens. Consequentemente, tudo que viessem a produzir, sobretudo no campo das artes e das idéias, era considerado (quando considerado) algo menor, sem importância alguma. Sendo assim, produtores e editores se recusavam a publicar obras assinadas por mulheres. Daí muitas terem utilizado pseudônimos masculinos ou supostos testas-de-ferro, conforme foi dito na matéria do Fábio Altman. O que acabo de dizer não é novidade alguma. Evidentemente que o famoso William Shakespeare poderia ter sido um desses testas-de-ferro. A hipótese da pesquisadora/escritora Robin Williams é perfeitamente plausível. O que não é plausível é afirmar que o Sir William Shakespeare só poderia ter escrito sonetos de amor para rapazes se ele fosse, não um homem, mas, sim, uma mulher. Se isso não for homofobia, sem dúvida, é uma grande estupidez, afinal, somente uma mente tola ou doentia pode duvidar que homens sejam capazes de escrever cartas e/ou poemas de amor, ou até mesmo livros e peças teatrais inteiras, para outros homens (por Coccinelle).
Há algo de podre no reino de William Shakespeare – podre talvez seja uma expressão um pouco exagerada. O fato é que na próxima semana, durante um encontro de shakespearianos em Londres, a escritora Robin Williams apresentará uma tese insólita – o bardo de Stratford era uma mulher. Quem? Mary Herbert, née Mary Sidney, a Condessa de Pembroke. Amante das artes, exímia tradutora, freqüentadora da corte de Elizabeth I, ela morreu em 1621 com fama de sumidade. Houve, claro, um William – mas ele teria sido testa-de-ferro de Mary. Se William foi Mary, como indica o polêmico estudo, isso explicaria o fato dos sonetos de amor de Shakespeare serem dedicados a um efebo. Explica, também, a dedicatória da primeira coleção de peças de teatro, para os condes de Pembroke e Montgomery, seus filhos. Tome-se a suposição como certeza para alimentar uma questão: saber que Shakeaspeare era ela, e não ele, muda alguma coisa no interesse por uma das marcas mais valiosas da história? As edições de Romeu e Julieta venderão menos por sabermos que a tragédia foi criada por mãos femininas? “Não altera nada do que ele escreveu, o que importa é a obra, que atravessou tempos e lugares”, diz Aimara da Cunha Rezende, uma das grandes especialistas brasileiras na obra do gênio inglês, presidente do Centro de Estudos Shakespeareanos do Brasil. Mas não há dúvida: a revelação acrescenta fermento numa figura lendária, tratado em tom quase religioso por seus adeptos.
Perceberam como ocorre a negação? Diz o Fábio Altman: “Se William foi Mary, como indica o polêmico estudo, isso explicaria o fato dos sonetos de amor de Shakespeare serem dedicados a um efebo”. Ora, ora, por que o William Shakespeare, sendo um homem, não poderia ter dedicado sonetos de amor a um efebo? Por qual razão é difícil aceitar que um dos maiores escritores da humanidade e da cultura ocidental era homossexual? Simples: HOMOFOBIA!
No tempo do Shakespeare as mulheres eram consideradas seres menores, inferiores aos homens. Consequentemente, tudo que viessem a produzir, sobretudo no campo das artes e das idéias, era considerado (quando considerado) algo menor, sem importância alguma. Sendo assim, produtores e editores se recusavam a publicar obras assinadas por mulheres. Daí muitas terem utilizado pseudônimos masculinos ou supostos testas-de-ferro, conforme foi dito na matéria do Fábio Altman. O que acabo de dizer não é novidade alguma. Evidentemente que o famoso William Shakespeare poderia ter sido um desses testas-de-ferro. A hipótese da pesquisadora/escritora Robin Williams é perfeitamente plausível. O que não é plausível é afirmar que o Sir William Shakespeare só poderia ter escrito sonetos de amor para rapazes se ele fosse, não um homem, mas, sim, uma mulher. Se isso não for homofobia, sem dúvida, é uma grande estupidez, afinal, somente uma mente tola ou doentia pode duvidar que homens sejam capazes de escrever cartas e/ou poemas de amor, ou até mesmo livros e peças teatrais inteiras, para outros homens (por Coccinelle).
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