O Senhor disse-lhe: “Até quando chorarás tu Saul, tendo-o eu rejeitado da realeza de Israel? Enche o teu corno de óleo. Vai! Envio-te a Isaí de Belém, porque escolhi um rei entre seus filhos”. Samuel respondeu: “Como hei de ir? Se Saul souber, matar-me-á”. O Senhor disse: “Levarás contigo uma novilha e dirás que vais oferecer um sacrifício ao Senhor. Convidarás Isaí ao sacrifício e eu te mostrarei o que deverás fazer. Ungirás para mim aquele que eu mandar”.
Fez Samuel como o Senhor queria. Ao chegar a Belém, os anciãos da cidade vieram-lhe ao encontro, inquietos: “É de paz a tua vinda?”, perguntaram-lhe. “Sim, disse ele; venho oferecer um sacrifício ao Senhor; purificai-vos para a cerimônia”. Ele mesmo purificou Isaí e seus filhos e os convidou ao sacrifício. Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: “Certamente é esse o ungido do Senhor”. Mas o Senhor disse-lhe: "Não te deixeis impressionar pelo seu belo aspecto, nem pela sua alta estatura, porque eu o rejeitei. O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração". Isaí chamou Abinadab e fê-lo passar diante de Samuel. "Não é tampouco este, pensou Samuel, que o Senhor escolheu". Isaí fez passar Sama. "Não é ainda este que escolheu o Senhor", pensou Samuel. Isaí mandou vir assim os seus sete filhos diante do profeta, que lhe disse: "O Senhor não escolheu nenhum deles". E ajuntou: "Estão aqui todos os teus filhos?" – "Resta ainda o mais novo, confessou Isaí, que está pastoreando as ovelhas". Samuel ordenou a Isaí: "Manda buscá-lo, pois não nos poremos à mesa antes que ele esteja aqui". E Isaí mandou buscá-lo. Ele era louro, de belos olhos e mui formosa aparência. O Senhor disse: "Vamos, unge-o: é ele". Samuel tomou o corno de óleo e ungiu-o no meio de seus irmãos. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi. Samuel, porém, retomou o caminho de Ramá.
O Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e um espírito mau veio sobre ele, enviado pelo Senhor. Os homens de Saul disseram-lhe: "Eis que um mau espírito de Deus veio sobre ti. Que nosso senhor ordene, e teus servos aqui presentes procurarão um homem que saiba tocar harpa e, quando o mau espírito de Deus estiver sobre ti, ele tocará o instrumento para acalmar-te". – "Está bem, respondeu Saul, procurai-me um bom músico e trazei-mo". Um dos servos declarou: "Conheço um filho de Isaí de Belém que sabe tocar muito bem: é valente e forte, fala bem, tem um belo rosto, e o Senhor está com ele". Saul mandou mensageiros a Isaí, para dizer-lhe: "manda-me o teu filho Davi, o pastor". Isaí tomou um jumento carregado com pão, um odre de vinho e um cabrito, e mandou esses presentes a Saul, por seu filho. Davi chegou à casa do rei e apresentou-se a ele. Saul afeiçoou-se a Davi e o fez seu escudeiro. Mandou então dizer a Isaí: "Peço-te que deixes Davi a meu serviço, porque ele me é simpático". E sempre que o espírito mau de Deus acometia o rei, Davi tomava a harpa e tocava. Saul acalmava-se, sentia-se aliviado e o espírito mau o deixava (1Sm 16,1-13).
Tendo Davi passado a freqüentar a casa de Saul, a alma de Jônatas, apegou-se à alma de Davi, e Jônatas começou a amá-lo como a si mesmo. Saul o reteve em sua casa e não o deixou voltar para a casa do seu pai. Jônatas fez um pacto com Davi, que ele amava como a si mesmo. Tirou o seu manto, deu-o a Davi, bem como a sua armadura, sua espada, seu arco e seu cinto. Saul incumbiu Davi de diversas missões, e todos foram muito frutuosas. Colocou-o à frente dos seus guerreiros, e ele ganhou a simpatia de todo o povo, inclusive dos servos do rei (1Sm 18,1-5). Por causa disso, Saul olhou Davi com maus olhos (1Sm 19,9).
Saul falou ao seu filho Jônatas e a todos os servos, ordenando-lhes que matassem Davi. Mas Jônatas que tinha grande afeição por Davi, preveniu-o disso: "Saul, meu pai, procura matar-te. Está de sobreaviso amanhã cedo; esconde-te. Sairei em companhia de meu pai ao campo onde estiveres. Falar-lhe-ei de ti, para ver o que ele diz, e te avisarei depois". Jônatas falou bem de Davi ao seu pai, e ajuntou: "Que o rei não faça mal algum ao seu servo Davi, pois que ele nunca te fez mal algum. Ao contrário, prestou-te grandes serviços. Arriscou a sua vida para matar o filisteu, e o Senhor deu uma grande vitória a Israel. Foste testemunha disso e te alegraste. Por que queres pecar contra um sangue inocente, matando Davi sem motivo?" Saul ouviu a voz de Jônatas, e fez este juramento: "Pela vida do Senhor, Davi não morrerá!" Então Jônatas chamou Davi e contou-lhe tudo isso. Levou-o em seguida a Saul, para que ele retomasse o seu lugar como dantes. Tendo recomeçado a guerra, marchou Davi contra os filisteus, combatendo-os e infligindo-lhes uma grande derrota, e eles fugiram diante dele. O mau espírito do Senhor, porém, veio novamente sobre Saul. Estava ele sentado em sua casa com a lança na mão; Davi tocava cítara. Saul, então, arremessou-lhe a lança, procurando cravá-lo na parede; Davi desviou-se e a lança foi cravar-se na parede. Davi esquivou-se e fugiu naquela mesma noite (1Sm 19,1-10).
Partiu Davi de Naiot, perto de Ramá, e veio ter com Jônatas. Disse-lhe: "Que fiz eu? Qual é o meu crime, e que mal fiz ao teu pai, para que ele queira matar-me?" – "Não, respondeu Jônatas, tu não morrerás! Meu pai não faz coisa alguma, grande ou pequena, sem me dizer. Por que ocultaria isso? Não é possível!" Mas Davi insistiu com juramento: "Teu pai bem sabe que eu te sou simpático, e por isso deve ter pensado: que Jônatas não o saiba, para que não se entristeça demasiado. Por Deus e pela tua vida, há apenas um passo entre mim e a morte!"
Jônatas respondeu-lhe: "Que queres que eu faça? Eu o farei". – "Amanhã, disse Davi, é lua nova, e eu devia jantar à mesa do rei. Deixa-me partir; ocultar-me-ei no campo até a tarde do terceiro dia. Se teu pai notar minha ausência, dir-lhe-ás que te pedi licença para ir até Belém, minha cidade natal, onde toda minha família oferece sacrifício anual. Se ele disser que está bem, o teu servo nada terá a temer; mas se ele, ao contrário, se irritar, fica sabendo que ele decretou a minha perda. Mostra-te amigo para com teu servo, pois que fizeste um pacto comigo em nome do Senhor. Se eu tenho alguma culpa, mata-me tu mesmo; por que fazer-me comparecer diante do teu pai?" Jônatas disse-lhe: "Longe de ti tal coisa! Se eu souber que de fato meu pai resolveu perder-te, juro que te avisarei". – "Mas quem me informará, perguntou Davi, se teu pai te responder duramente?"
"Vamos ao campo", disse-lhe Jônatas. E foram ambos ao campo. Então Jônatas falou: "Por JAVÉ, Deus de Israel! Amanhã ou depois de amanhã sondarei meu pai. Se tudo for favorável a ti e eu não te avisar, então o Senhor me trate com todo o seu rigor! E se meu pai te quiser fazer mal, avisar-te-ei da mesma forma; deixar-te-ei então partir e poderás estar tranqüilo. Que o Senhor esteja contigo, como esteve com meu pai! Mais tarde, se eu for ainda vivo, conservar-me-ás tua amizade do Senhor. Mas, se eu morrer, não retireis jamais a tua benevolência de minha casa, nem mesmo quando o Senhor exterminar da face da terra todos os inimigos de Davi!" Foi assim que Jônatas fez aliança com a casa de Davi e o Senhor vingou-se dos inimigos de Davi. Jônatas conjurou ainda uma vez a Davi, em nome da amizade que lhe consagrava, pois o amava de toda a sua alma. "Amanhã, continuou Jônatas, é lua nova, e notarão a tua ausência. Descerás, pois, sem falta, depois de amanhã ao lugar onde te escondeste no dia do ajuste, e ficarás junto à pedra de Ezel. Atirarei três flechas para o lado da pedra como se visasse a um alvo. Depois mandarei meu servo buscar as flechas. Se eu gritar-lhe: Olha! Estão atrás de ti, apanha-as! Então poderás vir, porque tudo é favorável, e não há mal algum a temer, por Deus! Se, porém, eu disser ao rapaz: Olha! As flechas estão diante de ti, um pouco mais longe. Então foge, porque essa é a vontade de Deus. Quanto à palavra que nos demos um ao outro, o Senhor seja testemunha entre nós para sempre".
Davi escondeu-se no campo. No dia da lua nova, o rei pôs-se à mesa para comer, sentando-se, como de costume, numa cadeira junto à parede. Jônatas levantou-se para que Abner pudesse sentar-se ao lado de Saul, e o lugar de Davi ficou desocupado. Naquele dia Saul não disse nada. "Algo aconteceu-lhe, pensou ele; provavelmente não está puro; deve ter contraído alguma impureza". No dia seguinte, segundo dia da lua, o lugar de Davi continuava vazio. Saul disse ao seu filho Jônatas: "Por que o filho de Isaí não veio comer, nem ontem nem hoje?" – "Davi pediu-me com instâncias, respondeu Jônatas, par ir a Belém. Disse-me: deixa-me ir, rogo-te, porque temos na cidade um sacrifício de família, ao qual meu irmão me convidou. Se me queres dar um prazer, permite-me que vá rever meus irmãos. Por isso não veio ele à mesa do rei".
Então Saul encolerizou-se contra Jônatas: "Filho de uma prostituta, disse-lhe, não sei eu porventura que és amigo do filho de Isaí, o que é uma vergonha para ti e para tua mãe? Enquanto viver esse homem na terra, não estarás seguro, nem tu nem o teu trono. Vamos! Vai buscá-lo e traze-mo; ele merece a morte!" Jônatas respondeu ao seu pai: "Por que deverá ele morrer? Que fez ele?" Saul brandiu sua lança para feri-lo, e Jônatas viu que a morte de Davi era coisa decidida pelo seu pai. Furioso, deixou a mesa sem comer naquele segundo dia da lua. As injúrias que seu pai tinha proferido contra Davi tinham-no afligido profundamente.
Na manhã seguinte, Jônatas saiu ao campo e foi ao lugar combinado com Davi, acompanhado de um jovem servo. "Vai, disse ele, e traze-me as setas que vou atirar". Mas, enquanto o rapaz corria, Jônatas atirava outra flecha mais para além dele. Quando chegou ao lugar da flecha, Jônatas gritou-lhe: "Não está a flecha mais para lá de ti?" E ajuntou: "Vamos, apressa-te, não te demores". O servo apanhou a flecha e voltou ao seu senhor; e de nada suspeitou, porque só Jônatas e Davi conheciam o ajuste. Depois disso, entregou Jônatas suas armas ao rapaz, dizendo-lhe: "Vai, leva-as para a cidade". Logo que ele partiu, deixou Davi o seu esconderijo e curvou-se até a terra, prostrando-se três vezes; beijaram-se mutuamente, chorando, e Davi estava ainda mais comovido que o seu amigo. Jônatas disse-lhe: "Vai em paz, agora que demos um ao outro nossa palavra com esse juramento: o Senhor seja para sempre testemunha entre ti e mim, entre a tua posteridade e a minha".
Davi partiu, e Jônatas voltou para a cidade (1Sm 20, 1-43).
Por aquele tempo , os filisteus mobilizaram suas tropas em um só exército para combater contra Israel (1Sm 28, 1). Os filisteus investiram contra Saul e seus filhos, matando Jônatas, Abinadab e Melquisua, filhos de Saul. A violência do combate concentrou-se contra Saul. Os arqueiros descobriram-no e ele foi ferido no ventre. Disse ao seu escudeiro: "Tira a tua espada e traspassa-me, para que não o venham fazer esses incircuncisos, ultrajando-me!" Mas o escudeiro não o quis fazer, porque se apoderou dele um grande terror. Então tomou Saul a sua espada e jogou-se sobre ela. O escudeiro, vendo que Saul estava morto, arremessou-se também ele sobre a sua espada e morreu com ele. Assim morreram naquele mesmo dia, Saul e seus três filhos, seu escudeiro e todos os seus homens. Os israelitas que moravam além do vale e além do Jordão, vendo a derrota do exército de Israel e a morte de Saul com seus filhos, abandonaram as suas cidade e fugiram; e os filisteus vieram e estabeleceram-se nelas (1Sm 31, 2-6).
Depois da morte de Saul, Davi esteve dois dias em Siceleg. Ao terceiro dia, um homem informou-lhe da morte de Saul e seus três filhos. Compôs então Davi o seguinte cântico fúnebre sobre Saul e seu filho Jônatas, ordenando que fosse ensinado aos filhos de Judá. É o Canto do Arco, que está escrito no Livro do Justo.
Fez Samuel como o Senhor queria. Ao chegar a Belém, os anciãos da cidade vieram-lhe ao encontro, inquietos: “É de paz a tua vinda?”, perguntaram-lhe. “Sim, disse ele; venho oferecer um sacrifício ao Senhor; purificai-vos para a cerimônia”. Ele mesmo purificou Isaí e seus filhos e os convidou ao sacrifício. Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: “Certamente é esse o ungido do Senhor”. Mas o Senhor disse-lhe: "Não te deixeis impressionar pelo seu belo aspecto, nem pela sua alta estatura, porque eu o rejeitei. O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração". Isaí chamou Abinadab e fê-lo passar diante de Samuel. "Não é tampouco este, pensou Samuel, que o Senhor escolheu". Isaí fez passar Sama. "Não é ainda este que escolheu o Senhor", pensou Samuel. Isaí mandou vir assim os seus sete filhos diante do profeta, que lhe disse: "O Senhor não escolheu nenhum deles". E ajuntou: "Estão aqui todos os teus filhos?" – "Resta ainda o mais novo, confessou Isaí, que está pastoreando as ovelhas". Samuel ordenou a Isaí: "Manda buscá-lo, pois não nos poremos à mesa antes que ele esteja aqui". E Isaí mandou buscá-lo. Ele era louro, de belos olhos e mui formosa aparência. O Senhor disse: "Vamos, unge-o: é ele". Samuel tomou o corno de óleo e ungiu-o no meio de seus irmãos. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi. Samuel, porém, retomou o caminho de Ramá.
O Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e um espírito mau veio sobre ele, enviado pelo Senhor. Os homens de Saul disseram-lhe: "Eis que um mau espírito de Deus veio sobre ti. Que nosso senhor ordene, e teus servos aqui presentes procurarão um homem que saiba tocar harpa e, quando o mau espírito de Deus estiver sobre ti, ele tocará o instrumento para acalmar-te". – "Está bem, respondeu Saul, procurai-me um bom músico e trazei-mo". Um dos servos declarou: "Conheço um filho de Isaí de Belém que sabe tocar muito bem: é valente e forte, fala bem, tem um belo rosto, e o Senhor está com ele". Saul mandou mensageiros a Isaí, para dizer-lhe: "manda-me o teu filho Davi, o pastor". Isaí tomou um jumento carregado com pão, um odre de vinho e um cabrito, e mandou esses presentes a Saul, por seu filho. Davi chegou à casa do rei e apresentou-se a ele. Saul afeiçoou-se a Davi e o fez seu escudeiro. Mandou então dizer a Isaí: "Peço-te que deixes Davi a meu serviço, porque ele me é simpático". E sempre que o espírito mau de Deus acometia o rei, Davi tomava a harpa e tocava. Saul acalmava-se, sentia-se aliviado e o espírito mau o deixava (1Sm 16,1-13).
Tendo Davi passado a freqüentar a casa de Saul, a alma de Jônatas, apegou-se à alma de Davi, e Jônatas começou a amá-lo como a si mesmo. Saul o reteve em sua casa e não o deixou voltar para a casa do seu pai. Jônatas fez um pacto com Davi, que ele amava como a si mesmo. Tirou o seu manto, deu-o a Davi, bem como a sua armadura, sua espada, seu arco e seu cinto. Saul incumbiu Davi de diversas missões, e todos foram muito frutuosas. Colocou-o à frente dos seus guerreiros, e ele ganhou a simpatia de todo o povo, inclusive dos servos do rei (1Sm 18,1-5). Por causa disso, Saul olhou Davi com maus olhos (1Sm 19,9).
Saul falou ao seu filho Jônatas e a todos os servos, ordenando-lhes que matassem Davi. Mas Jônatas que tinha grande afeição por Davi, preveniu-o disso: "Saul, meu pai, procura matar-te. Está de sobreaviso amanhã cedo; esconde-te. Sairei em companhia de meu pai ao campo onde estiveres. Falar-lhe-ei de ti, para ver o que ele diz, e te avisarei depois". Jônatas falou bem de Davi ao seu pai, e ajuntou: "Que o rei não faça mal algum ao seu servo Davi, pois que ele nunca te fez mal algum. Ao contrário, prestou-te grandes serviços. Arriscou a sua vida para matar o filisteu, e o Senhor deu uma grande vitória a Israel. Foste testemunha disso e te alegraste. Por que queres pecar contra um sangue inocente, matando Davi sem motivo?" Saul ouviu a voz de Jônatas, e fez este juramento: "Pela vida do Senhor, Davi não morrerá!" Então Jônatas chamou Davi e contou-lhe tudo isso. Levou-o em seguida a Saul, para que ele retomasse o seu lugar como dantes. Tendo recomeçado a guerra, marchou Davi contra os filisteus, combatendo-os e infligindo-lhes uma grande derrota, e eles fugiram diante dele. O mau espírito do Senhor, porém, veio novamente sobre Saul. Estava ele sentado em sua casa com a lança na mão; Davi tocava cítara. Saul, então, arremessou-lhe a lança, procurando cravá-lo na parede; Davi desviou-se e a lança foi cravar-se na parede. Davi esquivou-se e fugiu naquela mesma noite (1Sm 19,1-10).
Partiu Davi de Naiot, perto de Ramá, e veio ter com Jônatas. Disse-lhe: "Que fiz eu? Qual é o meu crime, e que mal fiz ao teu pai, para que ele queira matar-me?" – "Não, respondeu Jônatas, tu não morrerás! Meu pai não faz coisa alguma, grande ou pequena, sem me dizer. Por que ocultaria isso? Não é possível!" Mas Davi insistiu com juramento: "Teu pai bem sabe que eu te sou simpático, e por isso deve ter pensado: que Jônatas não o saiba, para que não se entristeça demasiado. Por Deus e pela tua vida, há apenas um passo entre mim e a morte!"
Jônatas respondeu-lhe: "Que queres que eu faça? Eu o farei". – "Amanhã, disse Davi, é lua nova, e eu devia jantar à mesa do rei. Deixa-me partir; ocultar-me-ei no campo até a tarde do terceiro dia. Se teu pai notar minha ausência, dir-lhe-ás que te pedi licença para ir até Belém, minha cidade natal, onde toda minha família oferece sacrifício anual. Se ele disser que está bem, o teu servo nada terá a temer; mas se ele, ao contrário, se irritar, fica sabendo que ele decretou a minha perda. Mostra-te amigo para com teu servo, pois que fizeste um pacto comigo em nome do Senhor. Se eu tenho alguma culpa, mata-me tu mesmo; por que fazer-me comparecer diante do teu pai?" Jônatas disse-lhe: "Longe de ti tal coisa! Se eu souber que de fato meu pai resolveu perder-te, juro que te avisarei". – "Mas quem me informará, perguntou Davi, se teu pai te responder duramente?"
"Vamos ao campo", disse-lhe Jônatas. E foram ambos ao campo. Então Jônatas falou: "Por JAVÉ, Deus de Israel! Amanhã ou depois de amanhã sondarei meu pai. Se tudo for favorável a ti e eu não te avisar, então o Senhor me trate com todo o seu rigor! E se meu pai te quiser fazer mal, avisar-te-ei da mesma forma; deixar-te-ei então partir e poderás estar tranqüilo. Que o Senhor esteja contigo, como esteve com meu pai! Mais tarde, se eu for ainda vivo, conservar-me-ás tua amizade do Senhor. Mas, se eu morrer, não retireis jamais a tua benevolência de minha casa, nem mesmo quando o Senhor exterminar da face da terra todos os inimigos de Davi!" Foi assim que Jônatas fez aliança com a casa de Davi e o Senhor vingou-se dos inimigos de Davi. Jônatas conjurou ainda uma vez a Davi, em nome da amizade que lhe consagrava, pois o amava de toda a sua alma. "Amanhã, continuou Jônatas, é lua nova, e notarão a tua ausência. Descerás, pois, sem falta, depois de amanhã ao lugar onde te escondeste no dia do ajuste, e ficarás junto à pedra de Ezel. Atirarei três flechas para o lado da pedra como se visasse a um alvo. Depois mandarei meu servo buscar as flechas. Se eu gritar-lhe: Olha! Estão atrás de ti, apanha-as! Então poderás vir, porque tudo é favorável, e não há mal algum a temer, por Deus! Se, porém, eu disser ao rapaz: Olha! As flechas estão diante de ti, um pouco mais longe. Então foge, porque essa é a vontade de Deus. Quanto à palavra que nos demos um ao outro, o Senhor seja testemunha entre nós para sempre".
Davi escondeu-se no campo. No dia da lua nova, o rei pôs-se à mesa para comer, sentando-se, como de costume, numa cadeira junto à parede. Jônatas levantou-se para que Abner pudesse sentar-se ao lado de Saul, e o lugar de Davi ficou desocupado. Naquele dia Saul não disse nada. "Algo aconteceu-lhe, pensou ele; provavelmente não está puro; deve ter contraído alguma impureza". No dia seguinte, segundo dia da lua, o lugar de Davi continuava vazio. Saul disse ao seu filho Jônatas: "Por que o filho de Isaí não veio comer, nem ontem nem hoje?" – "Davi pediu-me com instâncias, respondeu Jônatas, par ir a Belém. Disse-me: deixa-me ir, rogo-te, porque temos na cidade um sacrifício de família, ao qual meu irmão me convidou. Se me queres dar um prazer, permite-me que vá rever meus irmãos. Por isso não veio ele à mesa do rei".
Então Saul encolerizou-se contra Jônatas: "Filho de uma prostituta, disse-lhe, não sei eu porventura que és amigo do filho de Isaí, o que é uma vergonha para ti e para tua mãe? Enquanto viver esse homem na terra, não estarás seguro, nem tu nem o teu trono. Vamos! Vai buscá-lo e traze-mo; ele merece a morte!" Jônatas respondeu ao seu pai: "Por que deverá ele morrer? Que fez ele?" Saul brandiu sua lança para feri-lo, e Jônatas viu que a morte de Davi era coisa decidida pelo seu pai. Furioso, deixou a mesa sem comer naquele segundo dia da lua. As injúrias que seu pai tinha proferido contra Davi tinham-no afligido profundamente.
Na manhã seguinte, Jônatas saiu ao campo e foi ao lugar combinado com Davi, acompanhado de um jovem servo. "Vai, disse ele, e traze-me as setas que vou atirar". Mas, enquanto o rapaz corria, Jônatas atirava outra flecha mais para além dele. Quando chegou ao lugar da flecha, Jônatas gritou-lhe: "Não está a flecha mais para lá de ti?" E ajuntou: "Vamos, apressa-te, não te demores". O servo apanhou a flecha e voltou ao seu senhor; e de nada suspeitou, porque só Jônatas e Davi conheciam o ajuste. Depois disso, entregou Jônatas suas armas ao rapaz, dizendo-lhe: "Vai, leva-as para a cidade". Logo que ele partiu, deixou Davi o seu esconderijo e curvou-se até a terra, prostrando-se três vezes; beijaram-se mutuamente, chorando, e Davi estava ainda mais comovido que o seu amigo. Jônatas disse-lhe: "Vai em paz, agora que demos um ao outro nossa palavra com esse juramento: o Senhor seja para sempre testemunha entre ti e mim, entre a tua posteridade e a minha".
Davi partiu, e Jônatas voltou para a cidade (1Sm 20, 1-43).
Por aquele tempo , os filisteus mobilizaram suas tropas em um só exército para combater contra Israel (1Sm 28, 1). Os filisteus investiram contra Saul e seus filhos, matando Jônatas, Abinadab e Melquisua, filhos de Saul. A violência do combate concentrou-se contra Saul. Os arqueiros descobriram-no e ele foi ferido no ventre. Disse ao seu escudeiro: "Tira a tua espada e traspassa-me, para que não o venham fazer esses incircuncisos, ultrajando-me!" Mas o escudeiro não o quis fazer, porque se apoderou dele um grande terror. Então tomou Saul a sua espada e jogou-se sobre ela. O escudeiro, vendo que Saul estava morto, arremessou-se também ele sobre a sua espada e morreu com ele. Assim morreram naquele mesmo dia, Saul e seus três filhos, seu escudeiro e todos os seus homens. Os israelitas que moravam além do vale e além do Jordão, vendo a derrota do exército de Israel e a morte de Saul com seus filhos, abandonaram as suas cidade e fugiram; e os filisteus vieram e estabeleceram-se nelas (1Sm 31, 2-6).
Depois da morte de Saul, Davi esteve dois dias em Siceleg. Ao terceiro dia, um homem informou-lhe da morte de Saul e seus três filhos. Compôs então Davi o seguinte cântico fúnebre sobre Saul e seu filho Jônatas, ordenando que fosse ensinado aos filhos de Judá. É o Canto do Arco, que está escrito no Livro do Justo.
"Tua flor, Israel, pereceu nas alturas! Como tombaram os heróis? Não anuncieis em Get nem o publiqueis nas ruas de Ascalon, para que não exultem as filhas dos filisteus, para que não se regozijem as filhas dos incircuncisos. Montanhas de Gelboé, não haja sobre vós nem orvalho nem chuva! Campos assassinos, onde foi maculado o escudo dos heróis! O escudo de Saul estava ungido não com óleo, mas, com o sangue de feridos, com a gordura de guerreiros, o arco de Jônatas jamais recuou, a espada de Saul jamais brandiu em vão! Saul e Jônatas, amáveis e encantadores, nunca se separaram, nem na vida nem na morte, mais velozes do que as águias, mais fortes do que os leões! Filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia de púrpura suntuosa, e ornava de ouro vossos vestidos. Como caíram os heróis? Em pleno combate Jônatas tombou sobre as tuas colinas. Jônatas, meu irmão, por tua causa meu coração me comprime! Tu me eras tão querido! Tua amizade me era mais preciosa que o amor das mulheres” (Fonte: 2Sm 1, 17-27).
6 comentários:
BANDO DE VÍBORAS, DETURPAM A PALAVRA DE DEUS PARA PRATICAR O ABOMINAVEL AOOS OLHOS DO SENHOR ! DAVI JAMAIS AMOU JONATAS COMO HOMOSSEXUAL , MAS COMO IRMAO, AMOR FRATERNO E NAO AMOR ENTRE IGUAIS OU AMOR DE HOMEM E MULHER. DEUS TENHA MISERICORDIA DE VOCES, PORQUE DETURPAM SUA PALAVRA E BLASFEMAM CONTRA SUA SANTIDADE.
Não concordo com o comentário do tal ANÔNIMO, aliás pessoa essa que se vale do anonimato para JULGAR as pessoas que tem opinião contraria a dele. A Biblia é um livro de livre interpretação, não se trata de deturpação disso ou daquilo, mas sim de um ponto de vista. DETURPAR é COBRAR dinheiro dos "FIÈIS" em nome de Deus, se querem ganhar dinheiro tem que trabalhar, pois todo o trabalhador é digno do seu salário, mas segundo a Biblia ser pastor, diacono e outras coisas mais, são dons de deus,agora "ELES" cobram pelos dons que receberam de graça.
Ora, tem graça isso!?
Quero acreditar fielmente na reencarnação e que um dia muitas pessoas nascerão com o desejo e amor pelo mesmo sexo, para que sintam em sua carne e em sua alma e então possam falar sobre o que elas passam e não pelo que acham que é real ou não. Quero acreditar que independente de um corpo material existe uma alma que não tem sexo assim como os anjos e que Deus deixou que as diferenças entre nós, que é o nosso corpo, apodreça depois de nossa partida, por não ter importância diante do que somos e por ter sido apenas um veículo, o qual se compara à uma roupa.Quero acreditar também na história e nas evidências de que muita verdade se perdeu em razão do tempo e de interesses, e que não sabemos ao certo o que é ou não aos olhos de Deus; Acreditar em sua grande misericórdia de perdoar nossa tamanha ignorância e covardia. Carlos A. C. Souza
O Amor é lindo!
O mais estranho de tudo, é que as pessoas se prendem tanto em julgar a sexualidade de cada um, que se esquecem de praticar o amor ao próximo, e de que a salvação é algo individual, cada qual cuide da sua, sem interferir no livre arbítrio que o próprio Deus deu a cada um.
quem são os homens para quererem ter o poder de Deus, de nos tirar a liberdade.
e errado, é desfilar na igreja com roupas luxuosas e saltos carissimos, e chamar outros de irmãos, e não olhar pelo bem estar de toda a familia.
Deus tenha piedade dessas mentes pérfidas!
Também não acredito que haja amor homossexual entre Jônatas e Davi. Quanto à declaração de Davi sobre o amor a Jônatas ser preferível aos das mulheres, não há nada de estranho nisso. Levemos em conta que a mulher naquela época não valia, talvez, mais que um cabrito nos dias de hoje. A mulher era objeto de venda, troca e escravidão, podendo ser estuprada e morta, que não seria grande perda. O homem era, absurdamente, o contrário de tudo isso. Portanto, que há de extravagante em Jônatas ser mais importante para Davi que o amor das mulheres?! Um ser mulher completamente desvalorizado na sociedade! Vejamos, em nenhum momento da Bíblia vimos uma declaração de amor como esta entre Davi e Jônatas em relação à mulher. Talvez amar uma mulher desta forma fosse, aí sim, um escândalo para a época.
Estudem História das Sociedades... Vai ajudar!
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