
domingo, 23 de novembro de 2008
Meu canto

Folha morta - Ary Barroso
ROSA PASSOS canta Ary Barroso em belo video clipe
*
Sei que falam de mim
Sei que zombam de mim
Oh, Deus!
Como eu sou infeliz!
Vivo à margem da vida
Sem amparo ou guarida
Oh, Deus!
Como eu sou infeliz!
Já tive amores
Tive carinhos
Já tive sonhos
Os dissabores
Levaram minh’alma
Por caminhos tristonhos
Hoje sou folha morta
Que a corrente transporta
Oh, Deus!
Como eu sou infeliz!
Infeliz!
Eu queria um minuto apenas
Pra mostrar minhas penas
Oh, Deus!
Como eu sou infeliz!
*
terça-feira, 18 de novembro de 2008
O corpo

*
Para Aristóteles o corpo é “certo instrumento natural” da alma, tal qual o machado é o instrumento de cortar. Mesmo não sendo semelhante ao machado, o corpo, segundo ele, “tem em si mesmo o princípio do movimento e do repouso”. Durante séculos corpo e alma foram concebidos como duas substâncias indissociáveis. É a partir do dualismo cartesiano que vão aparecer como substâncias distintas uma da outra.
*
A independência do corpo em relação à alma só se apresentou depois de Descarte, que afirma pertencer somente ao corpo todo calor e todos os movimentos existentes em nós, não dependendo em absoluto do pensamento. O corpo, portanto, é visto nessa perspectiva como uma máquina que se move por si, não estando relacionado a qualquer força externa ou de natureza distinta da sua, pois traz consigo “o princípio corpóreo dos movimentos para os quais foi projetado, juntamente com todos os requisitos para agir” (por Coccinelle a partir do Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano).
A independência do corpo em relação à alma só se apresentou depois de Descarte, que afirma pertencer somente ao corpo todo calor e todos os movimentos existentes em nós, não dependendo em absoluto do pensamento. O corpo, portanto, é visto nessa perspectiva como uma máquina que se move por si, não estando relacionado a qualquer força externa ou de natureza distinta da sua, pois traz consigo “o princípio corpóreo dos movimentos para os quais foi projetado, juntamente com todos os requisitos para agir” (por Coccinelle a partir do Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano).
O corpo - Arnaldo Antunes

e pode ser pego,
É suficientemente opaco
para que se possa vê-lo.
Se ficar olhando o ânus
você pode ver crescer o cabelo
O corpo existe
porque foi feito.
Por isso tem um buraco no meio.
O corpo existe
dado que exala cheiro
e em cada extremidade
existe um dedo.
O corpo se cortado
espirra um líquido vermelho.
O corpo tem alguém como recheio.
“Quando o Corpo dá Forma à Luz”
A exposição dos fotógrafos Ana Olívia Godoy, Desirée Machado e Plutarco H.
*
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domingo, 9 de novembro de 2008
O Desejo 1

O Desejo 2

Para ver e desejar: MONTRÉAL

Canção da torre mais alta (Arthur Rimbaud)
Que venha, que venha
A hora da paixão.
Tenho tido paciência,
Nunca esquecerei.
Temores e dores
Para os céus se foram.
E uma sede insana tolda as minhas veias.
Que venha, que venha
A hora da paixão.
Estou como o campo
Entregue ao olvido,
Crescido e florido
De joios, resinas,
Ao bordão selvagem
Das moscas imundas.
Que venha, que venha
A hora da paixão.
Tributo a Arthur Rimbaud (vídeo experimental)
A hora da paixão.
Tenho tido paciência,
Nunca esquecerei.
Temores e dores
Para os céus se foram.
E uma sede insana tolda as minhas veias.
Que venha, que venha
A hora da paixão.
Estou como o campo
Entregue ao olvido,
Crescido e florido
De joios, resinas,
Ao bordão selvagem
Das moscas imundas.
Que venha, que venha
A hora da paixão.
Tributo a Arthur Rimbaud (vídeo experimental)
sábado, 8 de novembro de 2008
O Belo

Torpeza, nada mais!

De acordo com o dicionário a palavra amor significa uma forma de interação psicológica ou psicobiológica entre pessoas, seja por afinidade imanente, seja por formalidade social. Também pode ser entendida como uma atração afetiva ou física que, por conta de certas afinidades, uma pessoa manifesta por outra. Outrossim, o amor é uma forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consangüinidade (parentes) ou de relações sociais (amigos). O amor pode significar ainda uma atração baseada no desejo sexual ou uma afeição e uma ternura sentidas pelos amantes, isto é, aqueles que se amam. Por fim, com a palavra amor designa-se a relação intersexual, quando essa relação é seletiva e eletiva, sendo, por isso, acompanhada por amizade e por afetos positivos, como a solicitude, a ternura, etc.
Já a paixão pode significar um sentimento, gosto ou amor intensos a ponto de ofuscar a razão. Assim, pode ser entendida como um grande entusiasmo por alguma coisa, atividade ou hábito. De qualquer maneira, trata-se de um vício dominador. Mas falar de paixão implica em gerar polêmicas, pois ela suscita diferentes interpretações e sentidos, sobretudo no campo filosófico. Contemporaneamente, a filosofia define paixão como a ação de controle e direção por parte de determinada emoção sobre toda a personalidade de um indivíduo humano. Para Kant, devemos controlar as paixões, pois suas inclinações impedem a razão de compará-las com outras inclinações, impossibilitando-a de fazer uma escolha entre elas. Por conta disso ele rejeita toda e qualquer exaltação das paixões. O Romantismo, embora aceite a acepção kantiana sobre a paixão, isto é, de que ela não é uma emoção ou estado afetivo particular, mas sim o domínio total e profundo que um estado afetivo exerce sobre toda a personalidade ou subjetividade, inverte sua valoração negativa. Do ponto de vista romântico a paixão não é em si nem boa nem má, uma vez que ela se restringe a uma particularidade da determinação do querer, seja qual for seu conteúdo. Para Hegel, a forma da paixão “só exprime que um sujeito pôs num único conteúdo todo o interesse vivo de seu espírito, de seu talento, de seu caráter, de seu prazer”. E acrescenta: “nada de grande foi realizado, nem pode ser realizado, sem a paixão. Não passa de moralidade morta, na maioria das vezes hipócrita, a que investe a forma da paixão como tal”. Já Nietzsche exalta a paixão, considerando-a como o estado em que determinado afeto organiza e orienta toda a difusa emotividade humana em uma disposição plena de saúde e vigor.
Seja como for, amor e paixão expressam afeto, isto é, emoções positivas, seja por pessoas, animais, objetos ou pela natureza em geral. Não há, portanto, nenhuma relação com comportamentos destrutivos, pois quando se ama ou se tem paixão por algo ou alguém, busca-se preservar, mesmo que a distância.
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Com a Eloá, e tantas outras que partiram em circunstâncias semelhantes, morre também um pouco do belo. Sim, porque o amor e a paixão são elementos do belo, que de maneira alguma rima com torpeza (por Coccinelle).
Gentileza (Marisa Monte)
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza
Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza
Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta
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