E o tecelão disse: Fala-nos das Roupas.
E ele respondeu:
As vossas roupas ocultam muita da vossa beleza, no entanto não ocultam a fealdade.
E embora procureis no vestuário a liberdade da privacidade, podereis encontrar nele grilhetas.
Pudesseis vós enfrentar o sol e o vento com mais pele e menos vestuário.
Pois o sopro da vida está na luz do sol e a mão da vida, no vento.
Alguns de vós dizeis, “Foi o vento do norte que teceu as roupas que vestimos”.
E eu digo, ah, sim, foi o vento do norte, mas a vergonha era o seu ofício e o amolecimento dos tendões o seu tear.
E depois de acabar o seu trabalho foi-se rir para a floresta.
Não esqueçais que a modéstia é um escudo contra o olho do impuro.
E quando o impuro deixar de o ser, que será a modéstia senão um entrave do espírito?
E não vos esqueçais que a terra adora sentir os vossos pés nus, e os ventos anseiam por brincar com os vossos cabelos.
*
(Gibran Khalil Gibran – Trecho extraído de O Profeta)
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