O que significa sensibilidade? É possível ter uma sensibilidade muito acentuada e ao mesmo tempo não ter nenhuma? A arte desenvolve a sensibilidade de quem a produz e de quem a contempla? Perguntas nem sempre possuem respostas. E se respostas há, elas por vezes são meras especulações, cujo mérito é tão somente o de nos fazer refletir.
De acordo com o dicionário Houaiss, a sensibilidade, no que diz respeito às emoções e às sensações humanas, é a faculdade de sentir compaixão pela humanidade, isto é, piedade, empatia pelo semelhante. Pode significar também a capacidade de captar e expressar sentimentos e coisas; ou, ainda, disposição especial para sentir ofensas e injúrias. Usualmente, tal disposição é denominada de melindre.
No dia-a-dia costumamos interpretar a sensibilidade da maneira como o dicionário a descreve. Porém, quando deixamos de lado a vida cotidiana para entrarmos no campo da filosofia, percebemos como as palavras podem ganhar outros significados, relacionados ou não à nossa rotina diária.
Para a filosofia, o termo sensibilidade possui quatro diferentes significados que se complementam. Sensibilidade pode ser a esfera das operações sensíveis do ser humano, considerada em seu conjunto. Isto inclui tanto o conhecimento sensível, quanto aos apetites, os instintos e as emoções. Pode significar também a capacidade de o indivíduo, ou de qualquer outro ser vivo, de receber e de reagir aos variados estímulos. Do mesmo modo pode ser a capacidade de julgamento ou avaliação em determinado campo, seja o moral, o artístico, entre outros. Por fim, sensibilidade se refere à capacidade de compartilhar as emoções alheias ou de simpatizar. Sendo assim, a pessoa sensível é aquela capaz de se comover com os outros. Já a pessoa insensível, ao contrário, é aquela que se mantém indiferente às emoções alheias (ver ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2003).
Diante de tantos significados admissíveis, podemos dizer que é possível sim alguém possuir uma sensibilidade acentuada em relação a alguns fatos, estímulos ou pessoas, e, em relação a outros, comportar-se como uma muralha de gelo, que não derrete sequer frente ao calor intenso. Isso é natural, já que somos humanos e os seres humanos, como já escreveu o Walt Whitman (discorrerei sobre ele em uma outra ocasião), trazem dentro de si multidões infindas. Assim também é a alma de gênios fenomenais, a exemplo do Auguste Rodin.
Nascido em Paris aos 12 de novembro de 1840 e falecido em Meudon aos 17 de novembro de 1917, François-Auguste-René Rodin foi um dos escultores mais magnificamente geniais da história da arte. Não me refiro apenas à arte contemporânea, mas à arte de todos os tempos. Como aconteceu a outros grandes artistas, a primeira obra de Rodin, O Homem de Nariz Quebrado (1864), não foi aceita no Salon de Paris. O júri justificou a recusa, alegando se tratar de um esboço, isto é, uma obra inacabada. O curioso é que Rodin se consagraria justamente por criar obras a partir do conceito de “non finito”. Em 1875, Rodin realizou uma viagem à Itália. Lá se interessou principalmente pela obra de Michelangelo, mais precisamente pela escultura O Prisioneiro, que o mestre renascentista deixou inacabada. De acordo com biógrafos, esta influência o teria libertado do academicismo da época e aberto caminho para altos vôos criativos que marcariam definitivamente a história da arte.
Quando Rodin já era um renomado mestre das artes plásticas ele conheceu a jovem Camille Claudel (1864-1943), provavelmente, sua aprendiz mais ardente. Ela tinha 19 anos e talvez impulsionada pelo fascínio que geralmente os mestres exercem sobre seus discípulos, tornou-se amante do genial escultor, um homem no auge da maturidade, com 43 anos. Apesar de Camille ofertar a Rodin o que ela tinha de melhor em si, e de mais belo também, ele, ainda assim, recusou. Justo Rodin, que se consagraria através do belo. E quão belo é o belo que suas mãos produziram! Embora tocado pelo amor da jovem amante, como demonstram as correspondências que eles trocaram, Rodin não fora capaz de abandonar sua esposa. Por medo, insegurança ou insensibilidade, ele desprezou toda a beleza que a Camille lhe ofereceu. E ela, desesperada, amargou o abandono e a indiferença. Em uma de suas cartas escreveu: “Durmo nua todas as noites na ilusão de que está a meu lado, mas quando acordo já não é mais a mesma coisa”.
De acordo com o dicionário Houaiss, a sensibilidade, no que diz respeito às emoções e às sensações humanas, é a faculdade de sentir compaixão pela humanidade, isto é, piedade, empatia pelo semelhante. Pode significar também a capacidade de captar e expressar sentimentos e coisas; ou, ainda, disposição especial para sentir ofensas e injúrias. Usualmente, tal disposição é denominada de melindre.
No dia-a-dia costumamos interpretar a sensibilidade da maneira como o dicionário a descreve. Porém, quando deixamos de lado a vida cotidiana para entrarmos no campo da filosofia, percebemos como as palavras podem ganhar outros significados, relacionados ou não à nossa rotina diária.
Para a filosofia, o termo sensibilidade possui quatro diferentes significados que se complementam. Sensibilidade pode ser a esfera das operações sensíveis do ser humano, considerada em seu conjunto. Isto inclui tanto o conhecimento sensível, quanto aos apetites, os instintos e as emoções. Pode significar também a capacidade de o indivíduo, ou de qualquer outro ser vivo, de receber e de reagir aos variados estímulos. Do mesmo modo pode ser a capacidade de julgamento ou avaliação em determinado campo, seja o moral, o artístico, entre outros. Por fim, sensibilidade se refere à capacidade de compartilhar as emoções alheias ou de simpatizar. Sendo assim, a pessoa sensível é aquela capaz de se comover com os outros. Já a pessoa insensível, ao contrário, é aquela que se mantém indiferente às emoções alheias (ver ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2003).
Diante de tantos significados admissíveis, podemos dizer que é possível sim alguém possuir uma sensibilidade acentuada em relação a alguns fatos, estímulos ou pessoas, e, em relação a outros, comportar-se como uma muralha de gelo, que não derrete sequer frente ao calor intenso. Isso é natural, já que somos humanos e os seres humanos, como já escreveu o Walt Whitman (discorrerei sobre ele em uma outra ocasião), trazem dentro de si multidões infindas. Assim também é a alma de gênios fenomenais, a exemplo do Auguste Rodin.
Nascido em Paris aos 12 de novembro de 1840 e falecido em Meudon aos 17 de novembro de 1917, François-Auguste-René Rodin foi um dos escultores mais magnificamente geniais da história da arte. Não me refiro apenas à arte contemporânea, mas à arte de todos os tempos. Como aconteceu a outros grandes artistas, a primeira obra de Rodin, O Homem de Nariz Quebrado (1864), não foi aceita no Salon de Paris. O júri justificou a recusa, alegando se tratar de um esboço, isto é, uma obra inacabada. O curioso é que Rodin se consagraria justamente por criar obras a partir do conceito de “non finito”. Em 1875, Rodin realizou uma viagem à Itália. Lá se interessou principalmente pela obra de Michelangelo, mais precisamente pela escultura O Prisioneiro, que o mestre renascentista deixou inacabada. De acordo com biógrafos, esta influência o teria libertado do academicismo da época e aberto caminho para altos vôos criativos que marcariam definitivamente a história da arte.
Quando Rodin já era um renomado mestre das artes plásticas ele conheceu a jovem Camille Claudel (1864-1943), provavelmente, sua aprendiz mais ardente. Ela tinha 19 anos e talvez impulsionada pelo fascínio que geralmente os mestres exercem sobre seus discípulos, tornou-se amante do genial escultor, um homem no auge da maturidade, com 43 anos. Apesar de Camille ofertar a Rodin o que ela tinha de melhor em si, e de mais belo também, ele, ainda assim, recusou. Justo Rodin, que se consagraria através do belo. E quão belo é o belo que suas mãos produziram! Embora tocado pelo amor da jovem amante, como demonstram as correspondências que eles trocaram, Rodin não fora capaz de abandonar sua esposa. Por medo, insegurança ou insensibilidade, ele desprezou toda a beleza que a Camille lhe ofereceu. E ela, desesperada, amargou o abandono e a indiferença. Em uma de suas cartas escreveu: “Durmo nua todas as noites na ilusão de que está a meu lado, mas quando acordo já não é mais a mesma coisa”.
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A indiferença por vezes pode ferir mais que o ódio. Ferida, Camille caiu. E assim caída, Camille se arrastou pela vida até enlouquecer. Em março de 1913, poucos dias após a morte do pai, seu porto seguro, Camille foi internada no manicômio de Ville-Evrard. Com a deflagração da Primeira Guerra Mundial, ela foi transferida para Villeneuve-lès-Avignon onde morreu aos 19 de outubro de 1943, após trinta anos de internação. Seu irmão, o diplomata, dramaturgo e poeta francês, Paul Louis Charles Claudel (1868-1955), sentiu um enorme remorso por ter permitido que ela fosse internada em um hospício durante três décadas. Seu arrependimento o levou, ao fim da vida, a se tornar um dos principais divulgadores da obra da genial irmã. Talvez um dia eu também enlouqueça como a Camille Claudel (por Coccinelle).
3 comentários:
Oi, Cocci!!
Sua sensibilidade me comove!!
Adoro Camille Claudel!!
Que história de vida, não é?
Bjs.
Rsrs... Oie!!! Hummm... Cocci. Tantas definições rsrs... Mas. Prá mim sensibilidade se resume em SENTIR...
Sou sensivel a um toque... pq?! o Sinto!...
Sou sensivel a um beijo... pq?! O Sinto!...
Sou sensivel a um olhar... pq?! o Sinto!...
Sou sensivel ao cheiro... pq?! O sinto!...
Sou sensivel as palavras...pq?! As sinto...
Sou sensivel a esse cantinho...pq?! Sinto-me bem aqui.
Sou sensivel aos seus posts...pq?! Os sintos e me fazem pensar...É isso Cocci... sensibilidade pra mim é simples e puramente o sentir rsrs... Vixe!!!.
Rsrs... É Camille Claudel... Uau!!!... Que mulher Cocci... me apaixonei ... rsrs...
Beijus... Um ótimo final de semana pra ti.
Ah, Vivi, você também é maravilhosa!!! Sua noção de sensibilidade é muito sensível e intensa! Pude sentí-la daqui. SENTIR....me deu vontade de escrever sobre isso. Um beijão.
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