Eu vi ao meu lado esquerdo um anjo em sua forma física – um tipo de visão a qual eu não estou habituada a ter, exceto em raras ocasiões. Embora eu veja frequentemente representações de anjos, minhas visões costumam ser metafísicas. Quis o Senhor que eu visse aquele anjo desta maneira. Ele não era alto, e sim baixo, além de muito bonito, sua face iluminada me fazia crer se tratar de um tipo superior de anjo que parece ser todo fogo [...] Consigo trazia uma longa haste dourada em cujo extremo havia uma lâmina pontiaguda, que parecia estar em chamas. Com seu ponteiro incandescente ele trespassou meu coração por várias vezes e, assim, penetrou-me fundo. [O anjo do Senhor me possuiu e me arrebatou para sobre uma nuvem, então, me penetrou com sua seta incandescente e eu fui levada ao paraíso]. Suas contínuas estocadas me fizeram crer que minhas entranhas estavam se expandindo e, deste modo, ele me deixou queimando por completo no grande amor divino. A dor era tão aguda que me fazia expressar vários lamentos; e tão excessiva era a doçura causada em mim por essa intensa dor que ninguém poderia desejar perdê-la, nem alma alguma se contentaria com nada além de Deus. Não se tratava de uma dor física, mas espiritual, embora o corpo, em grande parte, também a compartilhasse. Tão suaves são os colóquios de amor que ocorrem entre a alma e Deus que se alguém, porventura, achar que eu estou enganada, eu suplico ao Senhor, em sua infinita bondade, para dar-lhe a mesma experiência (Tradução: Coccinelle).
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