domingo, 27 de novembro de 2011

Combater a intolerância é uma luta em defesa da vida, da paz e da democracia

Ao ouvir, ver e ler tantas notícias sobre intolerância em geral e sobre homofobia, em particular, eu, Coccinelle, fico a me perguntar o que o Estado brasileiro está esperando para deter e/ou controlar e/ou combater a intolerância de todo tipo. Em nome das liberdades democráticas e da liberdade de expressão fundamentalistas de plantão disseminam o ódio e a violência sem que nenhuma providência seja tomada para coibir esse tipo de ação. O que estamos esperando?! Que nos tornemos uma sociedade, um país, uma nação nazista?!!! Vejam abaixo o absurdo que recolhi do blog do LEONARDO SAKAMOTO e depois me digam se o Estado brasileiro precisa ou não precisa tomar providências urgentes antes que o câncer da intolerância se espalhe e leve à degeneração toda a sociedade brasileira.

Cuidado. Silas Malafaia pode “arrombar” você – Pensei muito antes de ofertar o Troféu Frango ao líder da Igreja Vitória em Cristo. Dois colegas jornalistas de grandes redações que acompanham a sua trajetória me perguntaram se isso não seria redundante, chover no molhado. Sim, o polêmico líder religioso é conhecido por declarações bizarras na defesa de uma visão conservadora, para dizer o mínimo. Seus discursos, não raras vezes, ultrapassam o limite da responsabilidade, confundindo liberdade religiosa e de expressão com uma guerra intolerante de ódio à diferença.

Desta vez, ele (novamente) passou dos limites. Em entrevista à revista Época, disse que iria “funicar” (sic), “arrombar” e “arrebentar” Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Malafaia ameaçou processar Toni por conta de um vídeo em que o pastor aparece dizendo: “É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, baixar o porrete em cima”. Malafaia estaria se referindo ao um grupo de homossexuais que, segundo ele, teriam ridicularizado símbolos católicos na Parada Gay de São Paulo. Na sequência, o vídeo traz uma reportagem a respeito das agressões contra um casal gay que sofreu na avenida Paulista, em São Paulo.

Sobre o caso, disse: “Eu vou arrebentar o Toni Reis. Eu não tenho advogado de porta de xadrez. A minha banca aqui de advogados é uma das maiores que tem. Eu vou funicar (sic) esse bandido, esse safado.” E completou: “baixaria do movimento gay” é “coisa de bandido” e de “mau caráter”. E depois de falar da queixa crime, completou: “Eu vou arrombar com esses…” No final da matéria no site da revista, é possível ouvir o áudio da entrevista.

Toni e a associacão encaminharam o material ao Ministério Público Federal para checar se o caso configura incentivo à violência e à discriminação. Em nota oficial, a ABGLT afirmou que: “É notória a incitação da violência contra homossexuais perpetrada por Silas Malafaia em seu programa televisivo. Boa parte de suas intervenções extrapolam o limite razoável, porque constituem-se em violações dos direitos humanos, notadamente os princípios da igualdade, da dignidade da pessoa humana e do pluralismo. A liberdade de expressão e a liberdade religiosa devem ser respeitadas. Porém, não devem estar acima dos demais direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal. Canais de televisão são concessões públicas. Não podem dar guarida a conteúdos discriminatórios”. Também disse que “o que o pastor Malafaia faz é agredir milhões de brasileiros, desqualificar seus estilos de vidas, seu modo de amar, sua afetividade e sexualidade. Trata-se de uma verdadeira cruzada que destila ódio. Discursos discriminatórios são dispositivos que alimentam cada agressão homofóbica, cada assassinato, cada violação de direitos que acontece no Brasil”.

De tempos em tempos, homossexuais são espancados e assassinados nas ruas só porque ousaram ser diferentes da maioria. Enquanto isso, seguidores de uma pretensa verdade divina taxam o comportamento alheio de pecado e condenam os diferentes a uma vida de inferno aqui na Terra.

Pessoas como Malafaia dizem que não incitam a violência (“E o senhor Tony Reis que me aguarde. Vai ter que provar na justiça que sou homofóbico”, afirmou em nota). Não é a sua mão que segura a faca, o revólver ou a lâmpada fluorescente, mas é a sobreposicão de seus argumentos ao longo do tempo que distorce o mundo e torna o ato de esfaquear, atirar e atacar banais. Ou, melhor dizendo, “necessários”, quase um pedido do céu. São pessoas como Silas que alimentam lentamente a intolerância, que depois será consumida pelos malucos que fazem o serviço sujo. Afinal, fundamentalismo não é monopólio de determinada religião.


Coloquemos a culpa na herança do patriarcalismo português, no Jardim do Éden e por aí vai. É mais fácil justificar que somos determinados pelo passado do que tentar romper com uma inércia que mantém homens, ricos, brancos, heterossexuais em cima e mulheres, pobres, negras e índias, homossexuais em baixo. A reflexão, aceitar conhecer o outro e entendê-lo, que é o caminho para a tolerância, é difícil para alguns. É mais fácil seguir a manada e dar porrada. Arrebentar, funicar (sic), arrombar… Enfim, expressões de um homem de Deus (por Leonardo Sakamoto).

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Tortura contra mulheres lésbicas no Equador

O mundo está finalmente abrindo os olhos para uma situação horripilante no Equador, onde a população LGBT e grupos de direitos das mulheres estão denunciando há muitos meses a existência de clínicas ilegais no Equador, que estão mantendo em cativeiros mulheres para serem estupradas, torturadas, violentadas e privadas de água e comida, pelas mãos dos chamados “profissionais de saúde ou cuidadores”. O por quê disso? Para curá-las da “doença” que é ser lésbica.

Enquanto o Governo do Equador mostrou ter fechado mais de 30 clínicas nos últimos meses, ativistas afirmam que ainda há mais de 200 clínicas como estas em todo o país, mantendo em cárcere privado centenas de mulheres contra a sua vontade. Muitas pessoas, a maioria mulheres, ainda estão correndo risco.

Estas clínicas que “curam os gays” ainda existem em várias partes do mundo, apesar de não terem nenhum reconhecimento por parte da comunidade psiquiátrica e associações médicas internacionais, tendo estas inclusive afirmado que as clínicas podem prejudicar a saúde das pessoas. Há algumas semanas atrás, uma jovem no Equador disse à imprensa que ficou presa em uma das clínicas por muitos meses, sendo abusada sexualmente e com seguranças jogando água e urinando sobre o seu corpo. Finalmente, com a ajuda da sua mãe, ela foi libertada.

Muitos pais e mães forçam jovens a um regime de “quarentena” nestas perigosas clinicas, mas o fato é que elas são ilegais. O Equador recentemente aprovou uma constituição progressista que apóia os direitos dos gays, incluindo, uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. O país também possui leis robustas para punir a violência contra as mulheres. Mas mesmo com as penalidades previstas em seus códigos essas perigosas clínicas ainda se mantêm.

Ativistas no Equador e os seus parceiros na Change.org tem enviado petições ao Ministro da Saúde para fechar estas clínicas. Mas a responsabilidade para tomar alguma providência também é daquele que foi eleito por meio do voto para que se mantivesse o estado de direito no país – o Presidente Rafael Correa. Divulgue esta carta para que o Presidente Correa saiba que a pressão internacional sobre este assunto é notória e crescente, e ignorar o que está acontecendo em seu país não irá resolver o atual problema.


Caso prefira, assine aqui a carta e nós vamos entregá-la diretamente ao Presidente do Equador, assim como o Presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, exigindo que estas clínicas ilegais sejam fechadas de uma vez por todas. Se o Presidente Correa, um líder que construiu a rua reputação com base em ideais progressistas, souber que existe uma comunidade internacional que está de olho no Equador, ele tomará uma providência CLIQUE AQUI: www.allout.org/pt/ecuadorclinics (Fonte: All Out).

domingo, 6 de novembro de 2011

Poema Falado: O NAVIO NEGREIRO

O mês de novembro é considerado o Mês da Consciência Negra, pois foi no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, que morreu o líder negro Zumbi dos Palmares, ícone da luta negra no Brasil contra a escravidão e a opressão dela decorrente. O Mês da Consciência Negra é também um período para reflexão. A escravidão pode fazer parte do nosso passado, mas o racismo, não. Mesmo que alguns insistam em dizer o contrário, a sociedade brasileira ainda está impregnada de idéias e valores racistas. E esse racismo que insiste em persistir tem suas origens, obviamente, no nosso passado escravocrata, passado este retratado nos versos de um dos maiores poetas românticos da língua portuguesa – e, também, abolicionista – o nosso Antônio Frederico de Castro Alves. Refiro-me ao magistral poema O NAVIO NEGREIRO, que pode ser contemplado no Poema Falado abaixo, mais uma vez na voz do magnífico Paulo Autran. O texto de Castro Alves pode ser acessado na íntegra no sítio DOMÍNIO PÚBLICO. Boa áudio-leitura! (por Silvio Benevides)

“Não podemos fechar os olhos para a veracidade de nossa história. Esta é uma delas” (KellenFMS).